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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Rogério Casanova, jornal Expresso, com a sua análise humorística à performance dos jogadores do Sporting, neste caso concreto de Sebastián Coates, Fábio Coentrão, Josip Misic, Marcus Acuña e Gelson Martins, no jogo de sábado frente ao Portimonense.
Sebastián Coates
Numa noite em que foi o melhor elemento do quarteto defensivo, percebeu a dada altura que se calhar também ainda tinha de ser mais qualquer coisa. Nos últimos minutos, com a equipa à procura da muito desejada vitória e sem grandes ideias para o fazer, começou a ensaiar arrancadas lá para a frente com a bola no pé. Como acabaria a noite caso tivesse sido Coates, em risco de suspensão, a encarnar mais uma vez o papel de herói dos golos tardios, celebrando o seu remate deveras certeiro nos descontos despindo a camisola e brandindo-a triunfantemente num punho erguido? Graças à fenomenal lucidez de Bruno Fernandes (que visualizou todo este cenário catastrófico na sua cabeça ao minuto 89) nunca saberemos.
Fábio Coentrão
Foi mais ou menos entre Fevereiro e Março que o subterfúgio (heroicamente mantido durante a primeira metade da época) entrou em colapso e quase toda a gente começou a perceber a realidade: Fábio Coentrão já não é um mero organismo humano composto por células, mas sim um amontoado de peças sobressalentes atadas com fio de nylon e operadas pela motherboard de um ZX Spectrum de 1988. No jogo de ontem saiu a meio da segunda parte, e só não se auto-destruiu ao festejar no banco o golo da vitória graças à intervenção pronta do Presidente, que lhe segurou carinhosamente o rosto entre as mãos ambas, impedindo que o mesmo se desintegrasse.
Josip Misic
Pareceu tão perplexo como a maioria dos adeptos ao ser colocado no corredor direito. Tão perplexo, aliás, que ao minuto 76 arrancou por ali fora, passou por Rafa Soares, ganhou um ressalto e fez o remate mais perigoso da segunda parte até aí. Reagiu de sobrolho franzido e quase foi possível escutar o seu monólogo interior: "não sei... não sei bem... creio que esta é uma das coisas... que se pode fazer aqui... neste sítio..."
Gelson Martins
Desviado mais cedo do que é costume (e com mais frequência do que é costume) para zonas centrais, presumo que na na tentativa de o poupar às piscinas intermináveis que função de lateral-direito honorário normalmente o obriga. Criou inúmeras situações de caos, anarquia e devastação nas costas da linha defensiva do Portimonense, que quase nunca foram bem aproveitadas, por ele ou por outros. O desgaste acumulado (bem visível a meio da segunda parte) é uma excelente indicação de que pode chegar ao Mundial totalmente rebentado e sem oportunidade para impressionar o livro de cheques de qualquer oligarca: óptimas notícias, portanto.
Marcus Acuña
Não é o exercício mais dignificante, mas tentemos adivinhar o modo como o plantel do Sporting assaltaria um banco. É fácil imaginar Gelson todo encapuçado e vestido de negro a saltitar acrobaticamente pelos telhados e a entrar por uma clarabóia minúscula. Fábio Coentrão com uma pistola enorme na mão, a berrar muito alto com os caixas. Bryan Ruiz de fato e gravata, a tentar persuadir calmamente o gerente do balcão que entregar-lhe todo o dinheiro seria a posição mais vantajosa para todos. E Acuña a correr desenfreadamente pelas escadas abaixo até à cave, onde tentaria durante meia-hora destruir o cofre-forte à cabeçada, com a roupa já ensopada no próprio sangue, antes de se lembrar que tinha a combinação no bolso.
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