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Futebol: uma bolha de impunidade

Rui Gomes, em 03.05.21

mw-500.pngNão vou escalpelizar a alegada agressão do jornalista da TVI por um empresário desportivo, em Moreira de Cónegos. O crime é público e não carece de queixa. É um atentado à liberdade de imprensa e, por isso, à democracia. Não vou desenvolver as evidentes ligações de Pedro Pinho ao FCP. A passividade inicial da GNR e as declarações de Pinto da Costa apenas ilustram a impunidade reinante no mundo do futebol.

Com mais ou menos historial, a violência ligada ao futebol é transversal aos principais clubes. E os exemplos partem dos agentes desportivos para as bancadas. Mesmo sem público, temos violência nos estádios. O FCP não tem o exclusivo. Nem dos actos, nem das palavras que os legitimam.

Vemos uma barreira de ódio que pretende a todo o custo enfiar adeptos fanatizados na bolha de influência das direcções dos clubes, dos seus canais de televisão, dos relatos e análises que eles próprios autorizam dos jogos. Isto vem acompanhado por um discurso tóxico, de uma agressividade inaudita, que transforma o que devia ser um prazer em mais uma fractura na sociedade portuguesa.

Não há, na estratégia de comunicação dos principais clubes lusos, nenhuma diferença em relação a tudo o que podemos ver em trumps e bolsonaros: o discurso de ódio como forma de mobilização de apoiantes, a tentativa de os isolar em bolhas de informação controladas exclusivamente pelos clube, um apelo difuso à violência e uma cultura de desprezo por todas as instituições que não dominem.

Mas a comunicação social também tem muita responsabilidade. Em nome das audiências, albergou por demasiado tempo painéis de debate que ajudaram a este caldo de cultura. Em vez de discutirem futebol, arregimentaram tribos de fanáticos que queriam ver sangue. Criando um padrão que tende a ser repetido noutros domínios da nossa vida colectiva. Não é por mero acaso que o pior da política veio desse mundo. Muitos desses programas já saíram do ar, mas os seus efeitos perduram.

Não é possível ser difusor do ódio (para não confundir com crítica) e ficar a salvo dele. O jornalista que foi agredido, com quem estou solidário, não é responsável por nada disto. Pelo contrário, é vítima. Mas as televisões foram cúmplices deste clima irrespirável.

Artigo da autoria de Daniel Oliveira

publicado às 03:04

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15 comentários

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De Greenlight a 03.05.2021 às 07:36

Concordo com Daniel Oliveira, quando ele diz que as TVs também têm responsabilidade no clima de ódio, no futebol. Também é verdade que o FCP não tem o exclusivo mas, neste momento, os seus Dirigentes e Treinador são os principais actores do incitamento à violência. Como não se pode dizer que os políticos são todos igualmente maus também não se pode dizer que, no futebol, os clubes e os seus Dirigentes são todos iguais. Os comentadores afectos ao FCP vêm sempre falar no ataque à Academia de Alcochete para ilustrar que, no Sporting, também há violência. No entanto existe aqui uma grande diferença, os sócios do Sporting já resolveram parte do problema, destituíram e expulsaram BdC enquanto no FCP, a mola real do actual clima de violência, o inqualificável PdC continua, impunemente, a espalhar o seu veneno.
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De Julius Coelho a 03.05.2021 às 08:24

Desta vez nao posso estar de acordo com este texto do Daniel.

O estado de guerra no futebol que tem provocado todo esse clima de ódio que é transversal na sociedade, nos adeptos, nos dirigentes, nos paineis de debate é ainda uma realidade atual que vivemos, fruto da horrível cultura desportiva que Pinto da Costa e depois Luis Felipe Vieira trouxeram ao futebol português, ela existe, continua presente perante uma autoridade que não actua e que quando o faz, fá-lo de forma errada, provocando sentimentos de injustiça e de enorme desconfiança.

A sociedade dos adeptos do futebol em Portugal não podem viver tranquilos, não os deixam viver tranquilos de forma alguma, sentem sim e cada vez mais um sentimento de revolta pela impunidade que se pratica perante tantos erros escandalosos sistemáticamente cometidos pelos árbitros nos campos de futebol, erros que favorecem sempre os mesmos.
O apito dourado, os emails, os vauchers, as toupeiras, não foram histórias de ficção, foram realidade, aconteceram mesmo e passado todo este tempo o que se vê? O que evoluiu? Nada, tudo segue igual, enquanto as pessoas que lideraram o FCPorto e do Benfica continuarem as mesmas.
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De Fúlvio Amaral a 03.05.2021 às 10:26

Não discordo do seu comentário no todo Julius, mas acho que o Daniel só quer dizer que as televisões são cúmplices quando deram voz a este discurso, se tiver dúvidas basta ver o Rodolfo na cmtv !
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De Julius Coelho a 03.05.2021 às 10:35

Mas caro amigo, cumplices a soldo de quem?
Até onde chegam os tentáculos dos mafiosos?
Quem tem poder para dizer basta?
E haverà interesse em dizer basta?
Toda esta industria alimentada pela corrupçäo dá lucros evidentes?
Valerá de facto a pena ?
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De FF a 03.05.2021 às 10:49

Bom-dia, caro Julius Coelho,
A terceira e a quarta perguntas têm resposta.
No meu humilde entender, para a quarta não há interesse.
Sobre a terceira, evidentemente que há; como por diversas vezes tenho afirmado, compete ao poder político resolver. Todavia com o governo socialista que temos, nada será feito o que não quer dizer que o mesmo não aconteça com qualquer outro partido, constituídos com gente que apenas pretende garantir os tachos.
Que o presidente da república nada faça também não admira; relembro o cartaz
afixado na praça do Saldanha em Lisboa E quanto aos deputados que não são eleitos pelo povo, cito Camilo Castelo Branco: Deputados - gente tão irrelevante como poderosa, que decide os destinos do país.
Saudações Leoninas
FF
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De Paulo Salcedas a 03.05.2021 às 15:40

Já o Eça de Queiróz dizia: "Politicos e fraldas devem ser trocados frequentemente, e pelas mesmas razões...."
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De Fúlvio Amaral a 03.05.2021 às 11:06

Bem julius os exemplos são muitos Valentim Loureiro, Pedro Santana Lopes, André Ventura, António Oliveira, e muitos outros que cruzaram da política para o futebol e vice versa, então no futebol regional casos de pessoas que se tornam primeiro presidentes do clube da terra para depois se candidatarem ao município é aos montes, conheço um caso em que o presidente da junta de freguesia também é o presidente do clube! Como já lhe disse julius não discordo do seu comentário, as televisões são cúmplices porque de certeza o produto tem audiência, e porque como o julius diz devem haver outros interesses, um abraço e no meu caso que desconfinem a ilha a tempo de comemorarmos o título já no próximo fim de semana, senão vai ter que ser recolhido em casa
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De Julius Coelho a 03.05.2021 às 21:40

Vamos com calma amigo, nada de euforias exageradas, ainda falta ali algo duro para dobrar e a equipa terá que estar consciente e preparada para não facilitar.

Vila do Conde pode ser a chave, veremos.
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De Francisco Rosa a 03.05.2021 às 16:52

E ... o Sporting e os seus ... são ... santos!

Francisco Rosa
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De Julius Coelho a 03.05.2021 às 21:41

claro, santos e de novo campeões europeus.
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De Anónimo a 03.05.2021 às 10:31

Comentário apagado.
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De Rumo Certo - Ventos Favoráveis a 03.05.2021 às 10:50

Não seja tétrico, para alem da sua evidenciada ignorância.
O processo que nomeou, segue para Julgamento e tanto o Sporting CP como algum dos seus ex-profissionais não foram pronunciados.
Assim, aguarde pelo que ainda se saberá, contenha-se, pois possívelmente terá desagrado pelo que se seguirá.
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De Anónimo a 04.05.2021 às 09:14

Durante 2020, e também 2021, com particular evidência neste primeiro ano, quase não se deu pelo "pontapé no esférico", como dizia um muito antigo jornalista já desaparecido. Desde que me conheço, sempre gostei de futebol, sempre tive clube da minha simpatia, aliás como todos, ou quase todos os simpatizantes, porque ainda não andava, e já escutava pai e avôs falar deste. Nunca fui frequentador de estádios e futebol ao vivo. Tudo o que via e escutava nas poucas vezes que vi jogos nestes, fui ficando desencorajado "vacinado" contra o clima intimidatório, de agressões, vernáculo, insultos etc. E não é de agora que este se vive. Sempre houve tal clima, muito suportado e explorado , pela chico-espertice lusitana, de direções rodeadas dos seus "capos", a maioria dos quais perfeitos inúteis, semi analfabetos, boçais, sempre a pensar com os pés. Nas últimas décadas todos ou quase todos, com maior evidência no maior clube acima de Coimbra, os métodos têm sido replicados e "refinados", em agressividade, hostilização e até agressão verbal e física, de adversários e, muito principalmente árbitros e jornalistas. O futebol é hpje uma "industria" que alimenta hordas de malfeitores, qe vivem na impunidade dos seus criminosos atos. Alguns pasquins,a soldo das suas tribos e canais de Tv, têm dado um fortíssimo contributo, acolhem alguns malfeitores de todos, repito, todos os maiores clubes. Verdadeiros especialistas do insulto, da baixaria, da mentira, da canalhice, porque tem auditório, e as hordas de imbecis, boçais, revêem-se naquele tipo de canalhices. Por tudo isto e o muito que fica por dizer, todos conhecem, adeptos e não adeptos, desde há muitos anos que deixei de ver futebol, de dar atenção ao meu clube, dedicar (este testemunho é uma exceção) um minuto da minha vida ao fenómeno, que tantos males provoca na sociedade.
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De Rui Gomes a 04.05.2021 às 12:49

Se não se identificar não voltará a ser publicado.

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