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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
A política que vai receber o presidente da FPF é bem capaz de ter inventado o "clima de ódio".
A presença de Fernando Gomes na Assembleia da República, em data ainda por designar, mas já garantida, é um desafio para a imaginação. Começa por sê-lo logo no tema da conversa. O "clima de ódio" e os "sinais de alarme" mencionados pelo presidente da Federação Portuguesa de Futebol, no artigo de opinião que levou ao convite dos partidos, têm significados e origens diversos consoante a facção (ou falta de facção) de quem os interpreta. Uma alta percentagem desses significados é irresolúvel pela política, porque esbarra em três palavrinhas - liberdade de expressão - e num palavrão: propaganda.
Por outro lado, está envolvida no "clima" uma quantidade absurda de deputados, ex-deputados, ex-ministros, ex-secretários de Estado, ex-assessores de ministros (o famoso Pedro Guerra) e até é possível defender com bons argumentos que o pai e pioneiro desta modalidade (sem climas nem alarmes!) foi João Gabriel, porta-voz de Jorge Sampaio na Presidência da República.
Há poucos meses, pela calada, um grupo de deputados do PSD, com uma colaboração obscura do CDS, tentou legislar a paralisia da Liga. Entre esses deputados estava um vice-presidente do Conselho de Disciplina, que já fora figura importante no caso Apito Final, enquanto membro do Conselho de Justiça. Essa reunião será, até certo grau, como a visita do carneiro ao covil do lobo para se queixar do mesmo lobo. E o que se discutirá lá? "Clima de ódio" e "sinais de alarme" é um nome comprido para uma lista de problemas muito diferentes.
O que acontece nas televisões generalistas no primeiro dia da semana (e contra o qual o parlamento pode fazer zero) não é o mesmo que haver indícios fortes de manipulação de classificações de árbitros; o FC Porto que revela emails e faz acusações há seis meses não é o mesmo que o comportamento reiterado, e já com quatro anos, do presidente do Sporting; e quanto às claques, vou encurtar a polémica, mas não, também não são iguais. Quantos dias disseram que vai ter a reunião?
José Manuel Ribeiro, jornal O Jogo
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