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"Joguem à bola"

Naçao Valente, em 07.01.17

 

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No tempo, quase mítico, em que vivia em Lisboa e ia ver jogos de futebol, os estádios estavam cheios de adeptos que vibravam com as peripécias do jogo. Não havia claques organizadas, nem pessoas que iam para os jogos em caixas rigorosamente vigiadas. O mundo é feito de mudança e hoje existe essa realidade. As claques que hoje animam o espectáculo com as suas coreografias, têm porém uma face preocupante: podem ser instrumentalizadas e transformar-se numa espécie de tropas de choque ao serviço de interesses que não são seguramente os do desporto. Mais, podem pôr em risco pessoas e bens como já tem acontecido. Ameaças veladas ou explícitas seja a quem for é um desvio perigoso às regras de convivência social.


Os adeptos e as claques em especial costumam usar a frase “joguem à bola” quando querem demonstrar desagrado com as exibições da equipa que apoiam. Estratégia discutível, pois normalmente têm efeitos perniciosos na recuperação do mau momento que a equipa está a atravessar. Por outro lado, a frase faz algum sentido pois a função de uma equipa dentro das quatro linhas é jogar futebol, e com mais ou menos espectáculo enfiar a bola na baliza do adversário.


Nos anos quarenta, quando o Sporting venceu vários campeonatos, era isso que fazia e bem: jogar à bola. A equipa conhecida como os cinco violinos ganhava os jogos pela sua competência, pelo seu empenho, pelo amor à camisola e porque jogavam com prazer. Em suma, ganhavam porque era melhores em vários parâmetros. Nos anos sessenta o Benfica ganhou campeonatos nacionais e taças europeias porque tinha uma equipa de grande nível. Essa equipa, onde se destacava Eusébio, foi a base da selecção nacional que brilhou no Mundial de 1966. Nos anos oitenta, o FCP projectou-se a nível interno e externo, graças aos grandes craques que a compunha. É certo que o FCP estabeleceu e controlou uma rede de estruturas com influências no futebol. Mas isso não invalida a competência das suas equipas.


Com a profissionalização do futebol como indústria, que move muito dinheiro, e em que este é sinal de conquista de títulos, pela capacidade de reunir os melhores artistas, a concorrência desportiva saudável extremou-se até se transformar numa “guerra”. Os dirigentes desportivos, cada vez mais de pior qualidade, procuram proteger-se dos maus resultados, desviando a atenção do jogo jogado para os jogos de bastidores. Por norma, os responsáveis pelas derrotas são sempre os árbitros e os seus erros. A culpa nunca é dos plantéis mal construídos, dos erros dos treinadores, da táctica, da falta de dinâmica, da falta de eficácia.


Os árbitros sempre erraram e sempre vão continuar a errar. Erravam nos anos quarenta, nos anos sessenta ou nos anos oitenta. Quando o Sporting ganhava campeonatos, ano após ano, não o fazia pela acção dos árbitros. Fazia-o porque jogava melhor futebol e/ou marcava mais golos. Sempre assim foi e sempre assim será. Focar a explicação dos resultados negativos na arbitragem e fazer disso a principal discussão do futebol é ir por um mau caminho, perigoso para o próprio futebol. Uma classe dirigente que dignifique o desporto, que não o transforme numa guerra, que não crie as condições para a violência, precisa-se. Se querem ganhar com autoridade e competência “joguem à bola” !

 

publicado às 14:00

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56 comentários

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De Bruxo_empatafada a 07.01.2017 às 16:02

Francamente não entendi este paragrafo :

"Erravam nos anos quarenta, nos anos sessenta ou nos anos oitenta. Quando o Sporting ganhava campeonatos, ano após ano, não o fazia pela acção dos árbitros. Fazia-o porque jogava melhor futebol e/ou marcava mais golos..."

Ora vamos lá desmontar isto, o Sporting nas temporadas balizadas entre 1956/57 e 2015/16, isto é, ultimas 60 temporadas desportivas venceu os seguintes campeonatos:
1958, 1962, 1966, 1970, 1974, 1980, 1982, 2000 e 2002, foram 9 campeonatos, nas ultimas 60 temporadas desportivas, e o autor deste post refere : "quando o Sporting ganhava campeonatos, ano após ano...", bom, não será abusivo referenciar as décadas de sessenta ou oitenta? Se fizesse referencia às décadas de 40/50 período em que o Sporting conquistou um Tri e um Tetra, concordaria, mas parece-me abusivo fazer referencia a décadas mais recentes!

Todavia, é curioso, um Sportinguista alinhar na entretanto recente expressao benfiquista do "joguem à bola" tão em voga hoje, provavelmente para amordaçar por exemplo, a vergonha do ultimo VSC Guimaraes 0 Benfica 1, que foi disputado a 2 de Janeiro de 2016, uma partida sem "Xistrema" da Jornada 15, vitória essa "inquinada" e decisiva para vencerem mais um campeonato "martelado", todavia, a benfiquização dos media relevam a "verdade desportiva" desse, e de outros campeonatos, "limpinhos, limpinhos", mas qual Estoril Gate, ou campeonato do colinho?
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De Ricardo Miguel Magalhães Silva a 07.01.2017 às 16:20

E aqui vem mais um do mesmo calibre para quem o futebol é uma guerra... Agora, uma vitória a 19 jornadas do fim do campeonato é absolutamente decisiva para ganhar o campeonato... Já a vitória do Porto, na Madeira, com o Nacional (único jogo da história em que uma equipa se vê prejudicada com dois penaltis escabrosos não assinalados em dias consecutivos) não teve qualquer influência... porque, pegando na expressão utilizada pelo Nação Valente, o ano passado o que o FCP não fez foi jogar à bola... E sem isso...
Ricardo Silva
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De Bruxo_empatafada a 07.01.2017 às 16:44

Exactamente Ricardo, vejamos:

Na Jornada 15 o Sporting era líder com 38 pontos, o Benfica se a verdade desportiva, e as leis de jogos fossem correctamente interpretadas na mesma Jornada em Guimaraes, ficaria então com 31 ou 32 pontos (empate ou derrota em Guimaraes), isto é, ficaria a 6/7 pontos do Sporting, com o Benfica alimentado animicamente com tamanho atraso pontual. Mais, num período em que o Benfica estava mal, e jogava pior!

Aliás, o Benfica ganhou esse campeonato com 2 pontos de avanço sobre o Sporting, e pergunto, será que a vitória mentirosa do Benfica em Guimaraes, não influenciou esse Campeonato?

Uma, duas, três GP, isso não será abusar da sorte, foram erros "desumanos", e "coincidentemente" todos a penalizar o VSC?
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De Bruxo_empatafada a 07.01.2017 às 17:04

Ricardo Silva,

Se o Jorge Sousa tem assinalado as duas GP justas a penalizar o FC Porto na Choupana, o FC Porto perdia o jogo, e ficaria a 16 pontos do Benfica, e a 14 do Sporting!

Mas pergunto, o Jorge Sousa na Choupana, quando não assinalou uma, das duas GP contra o FC Porto, os Dragões marcaram algum golo na sequencia dessas duas GP não assinaladas? Estou a recordar-me do ultimo derby na Luz, o Benfica 2 Sporting 1, foi "limpinho, limpinho", pasme-se, até para o Toni do Benfica!
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De Implacável a 07.01.2017 às 18:00

Bruxo_empatafada, pior mesmo do que essa arbitragem vergonhosa que refere, foi o golo! Se "aquela coisa" não foi facilitada então Portugal pertence á Oceania...
Claro que o jornalismo o classificou de golão. Se tivesse sido um qualquer outro clube já o GR teria sido mal batido ou o Tonel teria colocado deliberadamente a mão na bola...
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De Naçao Valente a 07.01.2017 às 22:06

Se a expressão "joguem à bola" é benfiquista, porque razão é usada pelas claques do Sporting em Alvalade?

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