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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Caso existissem dúvidas sobre as suas ideias e o seu estado de espírito, enquanto treinador do Sporting, Jorge Jesus esclareceu muito - quase tudo - na conferência de imprensa deste sábado. Parece-me expectável, no entanto, que a sua visão do futebol leonino não venha a ser consensual entre sportinguistas.
Cada um preocupa-se consigo próprio, evidentemente, mas considerando, a exemplo, os cerca de 17 milhões de euros que o rival da Luz já garantiu na Liga dos Campeões e as verbas consideráveis, tanto pelo apuramento como em prémios de jogo, que o Sporting não aproveitou esta época, torna-se num caso a exigir reflexão. Contudo, Jorge Jesus não aparenta estar muito preocupado com essa importante vertente da participação desportiva do Clube, dando foco, exclusivamente, ao título nacional. Esta por enquanto hipotética conquista poderá vir a dar acessibilidade, na próxima época, aos milhões que foram desperdiçados nesta, mas, entretanto, também existem outras considerações desportivas em curso que, directa e indirectamente, impactam a saúde financeira do Sporting, independente do aparente menosprezo de Jorge Jesus, inclusive e não limitado ao pagamento do seu avultado salário. Neste momento, nem sequer nos vamos dar a adiantar cenários, caso o objectivo fulcral não seja realizado.
«Não sou treinador de orçamentos. As provas são disputadas e eu sou treinador para ganhar títulos e foi isso que fiz no passado. Foi isso que falei quando cheguei ao Sporting, disse que iria jogar pelos primeiros lugares. Ia ser uma equipa para disputar os títulos em Portugal, repito, em Portugal, para que não fiquem dúvidas! Essa foi a mensagem e é essa que passo aos jogadores.
Os jogadores que vamos lançar, acho que não é importante mencioná-los neste momento. Vão ser chamados jogadores que não estiveram na última convocatória. O jogo da Albânia faz parte de um calendário com muita responsabilidade, que é a Liga Europa, prova na qual já estive em duas finais. Mas aquilo que neste momento me comanda e conduz, que é o meu grande foco, é o campeonato nacional. Não deixando nenhuma prova para trás, optei por isto, não tendo a certeza que se tivessem outros em campo pudesse ser diferente. Nesse noite estivemos mal e perdemos.
O jogo da Albânia não transmitiu nada que não soubéssemos em relação ao grupo. Na experiência que tenho, não é nada de novo da forma como lidero equipas que estão nas competições europeias. Assumi riscos depois e antes do jogo. Nada disso vai mudar a minha ideia, que desde o primeiro dia tinha projectado. O que temos até agora está acima da minha expectativa: nunca pensei que estivesse na liderança, que já tivesse um título conquistado. Isso são factos que não podemos ignorar. Naturalmente, todos os treinadores estão prontos a ver o que se pode fazer quando abre o mercado e nós não fugimos à regra. Mesmo assim, não temos capacidade para fazer muito. Apesar de estarmos satisfeitos, há pontos para dar retoques.»
Para terminar, duas frases que não posso deixar passar; uma por extremar pelo ridículo, a outra pela sua clara e fastidiosa egolatria e tentativa de auto-glorificação:
«O jogo da Albânia não transmitiu nada que não soubéssemos em relação ao grupo»
«O que temos até agora está acima da minha expectativa»
Da primeira, é possível depreender que o que sucedeu na Albânia era esperado pelo treinador, por conseguinte, a humilhação sofrida às mãos do Skenderbeu - para ele e especialmente para o Sporting - não foi surpresa alguma.
O que está acima da sua expectativa, aparentemente, é a conquista da Supertaça e liderar a classificação da I Liga, neste momento. A liderança é muito relativa e sustentada por diversos factores, entre os quais o muito pobre início de época do Benfica - nesse sentido contribuímos com a vitória por 3-0 - e a perda de seis pontos pelo FC Porto, que ainda não defrontámos. No entanto, se o nosso exclusivo objectivo é o campeonato, não podíamos nesta altura estar senão colados aos possíveis lideres, no mínimo, com as 7 vitórias e 2 empates de registo. Que é o melhor começo de época em não sei quantos anos, acaba por ser algo irrelevante. Recordo um treinador do Sporting que não há muito tempo registou dez vitórias consecutivas nos primeiros meses do campeonato e acabou por ser demitido. Ele não esperar vencer o jogo da Supertaça, nem merece comentário.
Reitero, sem hesitação e ambiguidade, que ter Jorge Jesus à frente do meu Sporting é uma situação muito difícil para mim. E é escusado as usuais acusações disparatadas. É isto que eu sinto e com que tenho de lidar todos os dias. Contrário a muitos, não vou dizer que o que ontem era verdade, hoje é mentira !
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