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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Adenda: Preparei o post já muito tardio e com o cansaço da hora sem a reflexão merecida. Agora, com mais calma, reconheço que esta presença de Jorge Jesus perante as câmaras da Sporting TV não vai além de mais uma jornada da campanha eleitoral em prol de quem lhe ofereceu muitos milhões de mão beijada.
Sinto-me como todos os sportinguistas se devem sentir. Em função da época e em concreto a partir do jogo da Luz, o Sporting começou a ter algumas complicações em relação à qualidade de jogo com os nossos adversários. Houve, pelo meio, problemas com a arbitragem... Habituámos os nossos adeptos, no primeiro ano, a ter uma qualidade de jogo muito alta, com um campeonato surpreendente e 86 pontos batendo o recorde de pontuação - já fui campeão algumas vezes e não cheguei a tantos pontos.
Ganhámos a Supertaça, duas derrotas na Liga e melhor defesa, criámos expectativa muito alta - e bem - com que partimos para este segundo ano com fasquia mais elevada. Foi o preço do sucesso da primeira época. A partir da 13.ª e 14.ª jornada começámos a perder alguns pontos para os nossos rivais, fruto de alguma culpa. Tivemos alguns jogos não tão bem conseguidos como com o Braga e na Liga dos Campeões, mas também houve algumas decisões que nos empurraram nitidamente para uma pontuação em que estamos mas onde não estaríamos, claramente.
Questionado sobre os motivos para os maus resultados nos últimos jogos, Jorge Jesus insurge-se contra a arbitragem
O motivo principal é a arbitragem, não tenho dúvida nenhuma. Ainda no último jogo, na Madeira, ganhámos. Mas não nos deixaram ganhar. A terceira equipa não nos deixou ganhar. Fizemos o 3-2 dentro das leis do jogo, teria de ser validado o golo do Alan Ruiz. Foi mais um resultado negativo por uma decisão que não conseguimos controlar. Há também factores técnicos, a saída de alguns jogadores que eram fundamentais na estrutura... e começámos o campeonato bem. Depois tivemos de ir ao mercado, tomar decisões com jogadores que ainda demoram na adaptação, com resultados menos bons em que se foram envolvendo nesta falta de confiança. E a questão é que tínhamos o coração da equipa muito forte, com William, Adrien e João Mário a fazer um corredor central muito forte. Este ano, e um já não está cá, não estão a render... não renderam tanto como no ano passado. É o coração da equipa e tivemos aí desvalorização da nossa qualidade de jogo.
A destacar o seu papel na valorização de activos da formação
Pusemos a grande maioria dos jogadores a jogar o dobro (Adrien, João Mário, Slimani...). Jogadores que nunca tinham sido chamados à Selecção ou que não eram titularem, e a partir daí foram titulares e campeões europeus e valorizaram-se muito com isso. O treino é fundamental para a valorização de um jovem e não sendo jovem também. Há o modelo de equipa e o modelo de jogador. Até podem ser tecnicamente muito evoluídos, mas há outras componentes importantes. O Sporting é um clube com história na formação. Deste plantel com que vamos acabar a época, dez são feitos na Academia. No primeiro ano Rúben Semedo regressou e foi titular, no segundo o Gelson. O Semedo estava no Reus e ninguém sabia que existia. Disse-lhe que ia seis meses para outro clube e que em Janeiro ia buscá-lo. E fui buscá-lo porque via valor nele e agora ninguém tem dúvidas. Não há como inventar. Tomara eu, para o próximo ano, pôr mais dois efectivos da formação. Por norma isso demora de três a cinco anos.
A comentar a contratação de André Pinto
É jogador do Braga. Não é novidade que, quando jogámos com o Braga, eu disse que eles tinham jogadores que jogavam em qualquer um dos grandes. O André Pinto está incluído nesse lote. É jogador com muito valor, mas isso não passa por mim. A contratação é com o presidente. Tecnicamente sou eu. E juntamos as duas opiniões. O André Pinto é português, adaptado, e pode acrescentar valor a pensar no futuro.
O fracasso com Markovic
Trabalhei um ano com ele. Teve dificuldade em apanhar a intensidade, velocidade e ideia da equipa, pois num ano na Turquia fez meia dúzia de jogos e lesionou-se nos últimos três meses. Depois teve outro problema: num lado joga Gelson, que fez uma abertura de campeonato espectacular, e do outro lado o Bryan, que também esteve espectacular. Isso fez com que não se afirmasse. Veio de um grande, o Liverpool, e pensava que chegava aqui e jogava.
A época ainda pela frente
Enquanto matematicamente for possível... Consideramos que temos possibilidades como os rivais, não deixando de reconhecer que a diferença pontual, e redução de jornadas, é favorável a quem vai à frente. Encaramos jogo a jogo. Estou convencido que este momento tem de ser ultrapassado com responsabilidade e sentido muito colectivo. Mandar a toalha ao chão não é bom. Nós não mandamos a toalha ao chão. Não deixámos é de saber o comportamento de estar em primeiro ou não. Acredito que temos todas as capacidades para chegar à frente. Foi neste sentido que me quis exprimir depois do jogo com o Marítimo. Vim com o objectivo concreto de ser campeão, reduzir o espaço para os rivais. Não fomos campeões por milagre. Agora, há que caminhar e reorganizar e criar estruturas para que a equipa de futebol possa ter uma retaguarda forte, de comunicação e não só, que não abane ao primeiro percalço. Para depois não dar azo a estes episódios quando não ganhamos.
Sobre o regresso de jogadores
Penso que vão regressar mais dois, que começaram a pré-época comigo. Revelar os nomes? Não é difícil perceber quem são. Mas há ainda um 'contencioso' com as equipas onde estão e espero que tudo se resolva bem. Este projecto de emprestar e rodar tem sido muito bem concebido e temos crescido neste factor de potenciar jogadores nossos em outras equipas. Pretendo um plantel com 23 jogadores de campo mais três guarda-redes.
Tento criar um modelo de jogador, para além do modelo de equipa. Quando eu sinto que o modelo de jogador não é este - e ele até pode ser muito bom tecnicamente -, há outras componentes importantes. Quando vejo que não estão aqui todas as valências para que esse modelo de jogador possa ser introduzido num compromisso colectivo, que é o que está a acontecer agora, libertamos o jogador para outros caminhos. Nos jovens, o Sporting é um clube com história na formação e deste plantel que vamos ter a partir do fecho, 10 serão da formação.
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