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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
No tempo em que os futebolistas calçavam botas com travessas, o futebol, na sua simplicidade, era entendido por todos que acorriam ao Stadium. Então utilizavam-se palavras antigas com significados há muito conhecidos. Ninguém dizia que os defesas centrais “saíam a jogar” ou que se fazia o controlo da “transição adversária”. Não se jogava “entre linhas”, nem se perguntava se a equipa defendia à “zona mista”. Ainda não havia quem se queixasse que um certo extremo era à “moda antiga” e que tinha de “vir para dentro”.
Mourinho, o senhor da “periodização táctica” ainda não era nascido, nem tão pouco o Paulo Bento mais o seu “losango”.
Era a “equipa”, nunca o “grupo de trabalho”, e o futebol era para “homens de barba rija” porque não se jogava à “flor da relva”. A equipa atacava quando tinha a bola e defendia quando a perdia. Ninguém ia para o Stadium com um dicionário debaixo do braço a não ser o de Inglês-Português. Mas isso porque o foot-ball surgiu nas terras de Sua Majestade: match, coach, team, derby, keeper, corner, off-side, goal…
De facto, parece haver grande diferença entre o futebol dos dias de hoje e o tempo em que os jogadores calçavam botas com travessas. “Todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades”, cantou o nosso poeta dos poetas. Um profeta o Luís de Camões.
Mas, quando me vem à memória um atleta como Jorge Vieira, ocorre-me que talvez a maior diferença relativamente aos nossos dias resida no facto de, naquele tempo, os jogadores de futebol, não sendo ainda vedetas mediáticas, sonharem quase todos serem estrelas no clube do seu coração. O mesmo Jorge Vieira, parte integrante da memória colectiva sportinguista, que nos Jogos Olímpicos de Amesterdão, em 1928, foi apelidado de “capitão perfeito” pela sua capacidade de liderança e espírito desportivo e que o rei Afonso XIII de Espanha admirava profundamente pela destreza futebolística e qualidades atléticas. Um Leão!
P.S.: Jorge Vieira foi atleta do Sporting entre 1911 e 1932, capitão da equipa, capitão geral para o futebol, Medalha de Mérito e Dedicação, patrono de “Os Cinquentenários”, Prémio Stromp, primeiro sócio a receber o emblema de 75 anos de filiação e dirigente do Sporting
O valor de Jorge Vieira foi reconhecido por diversas entidades, tendo sido agraciado pelo Rei de Espanha com a Cruz de Prata da Ordem de Mérito, recebeu a Medalha de Mérito Desportivo, da Direcção-Geral dos Desportos, foi condecorado pelo Presidente da República com a Medalha da Ordem do Infante D. Henrique e recebeu o Diploma de Fair-Play, da UEFA.
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