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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Estas duas contratações demonstram duas lógicas diferentes no reforço do plantel.
Luiz Phellype tem 25 anos, está desde 2012 no futebol europeu, tendo começado no Standard de Liége, e perfeitamente adaptado ao futebol Português (136 jogos, 47 golos, além de 32 jogos e ainda 13 golos no campeonato angolano). Com experiência, com boa ética de trabalho, mas ainda jovem o suficiente para poder evoluir e ser rentabilizado tanto ao nível desportivo e financeiro. Algum risco desportivo, mas ainda assim com um baixo risco financeiro: custou cerca de 500 mil euros, e presumo que o salário deva estar abaixo da média. Faz-me lembrar em algumas coisas o Slimani – se corresse bem, era um grande negócio e se corresse mal, não seria por aí que o Sporting teria um problema – seria fácil emprestá-lo ou vendê-lo sem grandes perdas (antes pelo contrário, passar pelo Sporting ainda é algo que valoriza o curriculum de um jogador). Está a correr muito bem: tem evoluído, ganho confiança, jogos e golos. Foi considerado o melhor avançado do mês de Abril. Do que se diz, o seu valor de mercado é, neste momento, 7 milhões de euros. É aqui que o Sporting deve apostar.
E agora Vietto. As semelhanças são muitas: 25 anos, 136 jogos em Espanha e 22 em Inglaterra, 39 golos). Mas ficam-se por aqui. Metade dos golos marcados por Vietto foram-no em 2014/2015, pelo Villareal, o que lhe valeu dar o salto para o Atlético, a partir de então, e estamos a falar de 4 épocas, o que parecia vir a ser uma carreira interessante transformou-se numa série de empréstimos. Na última época esteve no Fulham, tendo feito 1165 minutos em 22 jogos (cerca de meia partida por jogo) e marcou 1 golo.
Desportivamente aparenta ser um jogador em clara perda, que há quatro épocas que não impressiona o suficiente para se afirmar nas várias equipas por onde passou. Quanto ao que diz respeito à personalidade, há relatos de não ser um profissional sério. Em termos financeiros, parece que Vietto vem embrulhado num negócio cozinhado por Mendes para resolver a venda de Gélson do Atlético para o Mónaco. E, como tal, implicará uma avaliação de cerca de 6 milhões de euros, para além de um salário a rondar os dois milhões de euros líquidos por ano – durante cinco anos.
O retorno financeiro de um jogador destes é mais complicado por estes dois factores – ou seja, por cada ano desportivo, ao valor do passe, é preciso acrescentar 4 milhões – o que significa que, em condições ideais, Luciano Vietto, com 30 anos, deverá valer, pelo menos, 26 milhões de euros. O que, atendendo ao momento da carreira do jogador, parece muito improvável. Portanto, a única possibilidade deste negócio correr bem, é Vietto fazer uma grande época o mais depressa possível e ser vendido o mais depressa possível.
É provável? Pelo que já se disse atrás, a carreira tem sido de claríssima perda. Portanto, este é um negócio de elevadíssimo risco, com pouco para correr bem e muito para correr mal – e é sempre nesta perspectiva que temos de ver os negócios – e se correr mal, quanto se perde? O Sporting arrisca-se a empatar 26 milhões num jogador em perda. E o Sporting pode perder 26 milhões? Não. Destes negócios o Sporting deve fugir.
Até porque, em termos de balneário, não deve gerar bom ambiente, e sendo o futebol um desporto de equipa, tem efeitos. Vietto vale 6 milhões de euros e ganha 2 milhões de euros. Então quanto deveria ganhar Luiz Phellype a valer 7 milhões? E Bas Dost a valer perto de 30? E Raphinha a 6,5 milhões?
Gostava muito que se tivesse aprendido com o que aconteceu num passado assim não tão distante quanto isso. Os investimentos feitos em Pongolle, Bojinov, Elias, Bouhlarouz, das consequências a longo prazo desses negócios, vendas abaixo do preço de custo, os elevados salários assumidos apesar de não contarem nem para o totobola - e, muito provavelmente, o desconforto que é para trabalhadores verem outros colegas de profissão a ganharem muito mais sem correspondente retorno desportivo.
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