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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Hoje não me levem a sério. Nem pode ser de outra maneira depois de assistir a um longo monólogo, um improviso tipo show biz, sem uma linha de estrutura coerente. Enquanto estava a assistir ao show "espelho meu, espelho meu há alguém melhor que eu" veio-me à memória o monólogo do Vaqueiro de Gil Vicente, este sim um texto de ficção de grande qualidade e ainda "Os monólogos da vagina" de Eve Ensler, representada, em Portugal, por uma grande actriz, recentemente desaparecida, a Guida Maria. A comparação dos textos atrás referidos com o monólogo de um homem másculo, só acontece do ponto de vista formal. Não acontece na qualidade, na oportunidade, no sentido critico,nem na arte de representar.
Um homem másculo, com uma hora de palco nas grandes estações de televisão foi um mau espectáculo, que não dignifica o autor/actor, nem honra o palco sobre o qual montou a sua actuação. O improviso cheio de contradições, numa linha de pensamento errante onde consegue dizer, sem se rir, tudo e o seu contrário, estou farto de ser perseguido, de não ter liberdade, de andar na rua, de ser insultado, não estou agarrado ao poder, quero paz, para logo a seguir dizer com veemência, mas vejam lá,eu fiz renascer a "fénix" das cinzas, mas vejam lá se não me aprovarem, me adorarem instalo o caos. Não digam que não avisei. Por outras palavras, não quero sair daqui, nem empurrado.
Os seus acérrimos apoiantes aceitam toda esta verborreia, impávidos, mas ao mesmo tempo exultantes.Tudo o que o autor/actor diz é uma sentença, as piadas o máximo. Todo aquele longo palavreado, com chistes, piadas ordinárias e sem graça, insultos velados, ameaças, serviu para chegar a uma conclusão de um minuto. Tanto tempo perdido. Vão ter nova oportunidade de corrigir a burrada que fizeram. Têm duas alternativas: ou me aprovam ou me aprovam. Vá lá, não custa nada. Quem como eu trabalha 24 horas, sobre 24 horas? Quem consegue dormir com todos os olhos fechados, sejam quantos forem? Nem o grande Chefe, o homem sem sono. Parem de me julgar um santo ou um anjo. Não vêem que tenho família, como todos vós, e que faço o que todos vocês fazem, embora não o digam. São cegos?
À margem, os soldadinhos aplaudem e mobilizam-se. Os generais que também os há, afiam as espadas e a língua contra os malvados opositores e perante tanta sapiência cantam louvores. Perfilam-se em adoração, como crédulos de uma espécie de religião. Os fiéis e os infiéis. Nada disto é muito racional, embora pareça. Nada disto é real, embora pareça. Estamos envolvidos num mau sonho. Semelhanças com a realidade são mera coincidência. Todos temos um dia mau. Esqueçam este devaneio, hoje não me levem a sério.
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