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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Frederico Varandas fez o que tinha de fazer: deu um safanão na estrutura de futebol do Sporting, despediu o treinador, manteve Bruno Fernandes, resolveu vários dossiês pendentes, aliviou e muito a tesouraria do Clube e contratou três jogadores (embora por empréstimo) que visa reforçar o sector atacante da equipa. Quanto aos reforços, logo se verá. Mas no essencial o presidente retomou as rédeas do futebol do Clube, retirou argumentos aos críticos e deu passos no sentido certo para ter de novo os sócios com a equipa. Falta no entanto um ponto decisivo: a escolha do novo treinador. E aí Varandas não pode dar um novo passo em falso.
E dar um novo passo em falso é ir buscar treinadores que ninguém conhece à II Divisão espanhola ou outro estrangeiro qualquer sem curriculum que só treinou equipas do meio da tabela nos seus países e que a única coisa que lhes era pedido era que a equipa não descesse de divisão. Não é de um treinador com este perfil que o Sporting necessita.
Para já, a escolha de Leonel Pontes como técnico interino justifica-se plenamente. Pontes conhece muito bem o clube, é sportinguista, foi adjunto de Paulo Bento durante doze temporadas, já teve várias experiências no estrangeiro e está a ter um desempenho notável à frente da equipa dos sub-23 (cinco jogos, cinco vitórias, 23 golos marcados), podendo levar um ou mais destes jovens com talento para a equipa principal.
Não vejo pois, no plano interno, quem melhor possa agora assumir o cargo de treinador da equipa principal do clube. E convém lembrar (embora a história não se repita mas…) que quando o Sporting foi campeão pela mão de Inácio, este também substituiu um treinador estrangeiro no início da época.
Dito isto, será Leonel Pontes o técnico ideal para o Sporting? Não, desde que haja melhor alternativa. E neste momento a única alternativa verdadeiramente válida que teria enorme impacto nacional e internacional seria a contratação de José Mourinho para liderar a equipa principal de futebol do Sporting. Dirão: não há dinheiro para contratar Mourinho. Tem de haver. E além de dinheiro terá de haver argumentos.
Mourinho está há quase um ano sem treinar. A sua última experiência no Manchester United deixou-o numa situação difícil. O conflito com os jogadores leva a que presidentes de clubes pensem duas vezes em contratá-lo. E por isso é que Mourinho não está a treinar em Inglaterra, Espanha e Itália, os campeonatos mais interessantes. Mas também não está a treinar em França ou Alemanha.
Por outras palavras, Mourinho está a desvalorizar-se como treinador e precisa de relançar a carreira. Que melhor desafio pode ter do que pegar no Sporting e levá-lo à conquista do título que lhe escapa há dezoito anos? Que melhor desafio pode ter do que conseguir para o clube um crescimento no seu prestígio nacional e internacional, que se tem vindo paulatinamente a perder nas últimas duas décadas? Afinal não foi isso que Mourinho fez quando chegou a Inglaterra para treinar o Chelsea, que não ganhava um título há 50 anos?
Mourinho voltaria a ser falado nacional e internacionalmente, o seu nome estaria de novo em cima da mesa dos grandes clubes europeus, o Sporting atrairia o olhar do mundo do futebol, os futebolistas teriam orgulho em ser treinados por ele e a nação leonina voltaria a acreditar que tudo é possível. É um jogo em que as duas partes ganhariam profundamente. Só é preciso que o dr. Varandas o convença com argumentos sólidos, estes ou outros. O dinheiro que o clube investir nessa contratação terá um elevadíssimo retorno. Tão certo como a Primavera suceder ao Inverno ou dois e dois serem quatro.
Nicolau Santos, Tribuna Expresso aqui.
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