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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Pobre Miguel Cardoso... O jogador do Belenenses SAD fez uma boa exibição, marcou um golo, mas falhou um penálti. Poucos minutos depois, o Sporting beneficiou de uma grande penalidade e João Mário não a desperdiçou. Maior terá sido o sofrimento do jogador azul. Uma noite em branco, quase de certeza. Refazer o remate na cabeça até acertar. Bola nas redes. E, a cada tentativa, o pesadelo redivivo. Os braços tentaculares de Antonio Adán a segurarem a bola. Que noite de insónia.
Venha de lá o consolo... Não foi o avançado que falhou, o guarda-redes é que defendeu. Pois, pois. Vão lá dizer isso ao avançado para ver se ele adormece mais depressa. E eu, por afinidade e temperamento, até sou pelos guarda-redes, tão poucas vezes heróis e tantas vezes os vilões mais predilectos da frustração colectiva, os bodes expiatórios das falhas da equipa. Então é deixar que os levem em ombros quando à força de ombros, braços e mãos aguentam o edifício precário da vitória.
Não há coisa mais linda, garanto-vos, quando o quase sempre esquecido, o sacrificado, o periférico guarda-redes é trazido das distantes margens do jogo para o centro solar da festa e reconhecido pelos companheiros e recebe os louvores habitualmente destinados aos craques, aos artífices do golo, aos geniozinhos em ponta de chuteira. A glória não tem de vir em jogos a sério, com equipamentos a rigor e transmissão televisiva.
Perguntem a qualquer miúdo, mesmo qualquer um, se não teve uma manhã ou uma tarde de glória no recreio da escola primária ou no campo de futebol de cinco à porta de casa, num baldio por detrás dos prédios ou num quadrado de relva com árvores a fazerem de postes, e ele responder-vos-á e decerto não terá de fazer grande esforço de memória para recuperar do passado esses momentos intactos em que foi rei.
Pode ler o artigo completo de Bruno Vieira Amaral, em Tribuna Expresso, aqui.
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Nota: Antonio Adán, guarda-redes contratado pelo Sporting ao Atlético de Madrid, teve no domingo, frente ao Belenenses SAD, um momento raro na sua carreira, ao defender um penálti e negando assim o golo a Miguel Cardoso.
O guarda-redes espanhol defendeu apenas o sexto penálti da carreira, no entanto, a lista de nomes travados em grandes penalidades tem dois ilustres pelo meio: Messi (Barcelona, 2014) e Neymar (Barcelona, 2015).
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