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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
O título do texto de hoje tem direitos de autor. Pertence a nosso leitor/comentador, Julius Coelho. Mas vou utilizá-lo, porque me parece que se adequa muito bem ao assunto que vou abordar. Está na ordem do dia a situação financeira do Sporting. E já deu para perceber que é preocupante.
No entanto, esta situação não nasceu de geração espontânea. Não é de hoje nem de ontem. Tem muitos anos na sua real essência. Durante o mandato da última Direcção foi sendo mascarada, com engenharias financeiras, e falsas propagandas, como o pagamento total do Pavilhão. E se na fase inicial do mandato houve alguma contenção, depois foi um "regabofe", que ainda não está totalmente clarificado.
No último ano da Direcção destituída, a situação agravou-se e de que maneira, com os acontecimentos anteriores e posteriores a "Alcochete". Houve nove rescisões, entre elas dos activos mais valiosos. E exceptuando Patrício e William Carvalho perderam-se, de momento, muitos milhões, que podiam ser suficientes para colmatar os actuais problemas de tesouraria.
Esta situação foi herdada pela actual Direcção. Nem esta, nem o seu Presidente, tem sobre ela qualquer responsabilidade. Há seis meses que longe dos holofotes, que só prejudicam, têm estado a tentar arrumar a cada. O pagamento de trinta milhões foi conseguida com muita dificuldade, em parte devida a boicotes, que até vieram do mundo sportinguista, segundo determinadas análises, e que põem as suas vaidades pessoais à frente das do Clube.
Apesar desta pesada herança, para a qual temos chamado a atenção, o que têm feito os sportinguistas, pelo menos os que se vão manifestando? Têm andado entretidos com jogos florais, atacando a Direcção por tudo e por nada, focando o discurso, na bola que foi à barra, na táctica do treinador, nos resultados menos positivos, na retórica presidencial, na oportunidade da comunicação, no fundo em ninharias, face à gravidade da situação.
No Sporting CP o futebol profissional é fundamental, sempre o disse, mas para além disso o Sporting distingue-se desde sempre pelo seu ecletismo, que esta Direcção mantém em alta. Mas também é fundamental que uma instituição desta grandeza, precise de meios financeiros para manter em bom nível as suas prestações desportivas. Se estes meios falharem, permitam-me a expressão "não há pão para tolos". E a reunião desses meios é, neste momento, a tarefa mais premente para esta Direcção.
Perante esta grave situação o que discutem os adeptos? O sexo dos anjos. E lendo opiniões todas apresentam soluções mais ou menos milagrosas, como se o mundo da finança que, na maioria desconhecem, funcionasse ao arrepio de sentenças de leigos, e como se os dirigentes que estão a lidar com o problema e que conhecem os seus contornos, fossem uns anjinhos sem sexo, a viver fora da realidade.
Fora da actual realidade, já o escrevi, vivem os adeptos com as suas críticas centradas em questões de lana caprina, e que continuam no mesmo tom, mesmo depois da situação que já se previa, ter sido posta preto no branco.
O que eu gostaria que os adeptos percebessem, volto a referir como catequese, é que a situação é deveras grave e que deviam deixar a Direcção fazer o seu trabalho dentro das possibilidades que tem ao seu dispor. E que deviam perceber, de uma vez por todas, que a nossa equipa tem que mostrar empenho, mas que não pode ir além das suas limitações.
A nossa equipa de futebol profissional, mau grado os meios de que dispõe, está na luta pelo 3.º lugar. E precisa de apoio, não de contestação. No futebol existe muita volatilidade, e embora seja missão difícil chegar ao 2.º lugar, neste mundo de pontapé na bola não há impossíveis. Só que não se chega lá com divisionismos.
Portanto, cabe aos sportinguistas enterrarem o machado de guerra interna. A luta não é com os dirigentes, nem com os atletas, é com os nossos adversários. A autofagia, termo usado por Rita Garcia Pereira, só conduz à destruição ou pode parar o Sporting.
O ambiente interno que funciona como "no pasa nada" é totalmente descabido. Passa-se muito coisa, com mais ou menos erros, no que é essencial nesta difícil fase. E está ser feito muito trabalho, nem sempre de forma visível, algumas vezes por razões estratégicas, como se prova pelos resultados do primeiro semestre da presente temporada. Para usar uma expressão "costumeira", deixem trabalhar quem trabalha e pensem numa outra que revela alguma sabedoria : "Devagar que tenho pressa".
P.S.: Ao considerar a situação financeira como grave, refiro-me à falta de pagamento de 40 milhões de euros ao Novo Banco e ao Millenium, relacionados com dívidas dos tempos de Bruno de Carvalho. Estes bancos deram um prazo de pagamento destas dívidas até final de Março. A Direcção tem estado a negociar. O Sporting vai precisar no espaço de um ano de reunir 137 milhões de euros extraordinários para fazer face às despesas correntes.
(Fonte: Mais Futebol)
P.S.2: "O Sporting tem uma necessidade de tesouraria brutal", Francisco Salgado Zenha, em entrevista à Lusa, garante que nunca escondeu o jogo, mas que as medidas tomadas conseguirão resolver a situação. No entanto o trabalho efectuado a curto prazo resultou, "o Sporting registou um resultado positivo de 6,4 milhões de euros no primeiro semestre da presente temporada". Segundo o comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) .
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