Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
O que se passou no Marítimo-Sporting (0-0) é o espelho do futebol português: um árbitro que desde o princípio mostrou ao que vinha, um guarda-redes que passou metade do jogo a recuperar de lesões imaginárias e um treinador que nunca disse à sua equipa para queimar tempo de todas as maneiras e feitios.
O Sporting não jogou bem, mas jogou muito melhor que o Marítimo. Melhor: o Sporting jogou futebol. O Marítimo destruiu o pouco futebol que houve. E destruiu-o de todas as maneiras e feitios, desde o guarda-redes Charles que se “lesionou” sozinho por três vezes, tendo sido atendido durante longos minutos pela equipa médica do clube, até ao capitão dos maritimistas, Edgar Costa, que numa disputa de bola caiu fora do terreno de jogo agarrado à mão e às partes pudendas, mas que apesar das enormes dificuldades, conseguiu dar um acrobático salto tipo salmão a subir o rio e atirar-se para dentro do campo, onde ficou longos minutos a contorcer-se e a ser assistido pela equipa médica, que teve tanto trabalho esta segunda-feira como se estivesse no banco de urgências do Hospital Santa Maria.
Ora perante tantas paragens de jogo, o que fez o árbitro Tiago Martins, um senhor com cara de mau? Pois, começou por dar um cartão amarelo ao Borja, supostamente por simulação, quando o defesa-esquerdo do Sporting corria entre três jogadores do Marítimo e sofreu contacto físico, mesmo que não tenha sido falta (que, no caso, seria penálti); mostra um inacreditável cartão amarelo a Coates e marca uma falta perigosa contra o Sporting numa disputa de bola entre o defesa leonino e o pequeno Pedro Pelágio; e expulsa o mesmo Coates já no período de descontos, quando o guarda-redes Charles mais uma vez demorava a reposição da bola em jogo e o sportinguista foi lá estimulá-lo a despachar-se – e claro que Charles ficou logo a contorcer-se com dores mais uns dois minutos.
Entretanto, poupou Edgar Costa ao segundo cartão amarelo, que seria mais que merecido.
Perante tudo isto, o estimado senhor Tiago Martins deu três minutos de descontos na primeira parte e quatro na segunda. Um exagero! Um mãos largas! Deveria ter acabado o encontro logo aos 90 minutos porque aquilo foi sempre bola cá, bola lá, sem paragens nem tempo para respirar! Parecia um jogo da Premier Leauge. O Sporting vem agora dizer que o jogo só teve 56 minutos úteis. Mas claro que não pode ser. Quem viu o desafio percebeu muito bem porque Tiago Martins deu uns magnânimos sete minutos de descontos no total.
E de cada vez que havia um canto contra o Marítimo? Ui! Era sempre falta dos atacantes do Sporting! São pessoas sem maneiras, sempre a empurrar os adversários. Então o Bas Dost está sempre a agarrar os defesas das outras equipas e isso aconteceu imenso no domingo. Tiago Martins é que o topa!
E além de topar o grande "agarrador" Bas Dost, o ilustre Tiago Martins também é letrado. Entende extremamente bem o inglês. E quando Marcel Keizer, que é um treinador excitadíssimo, disse aquela frase capaz de fazer corar de vergonha qualquer carroceiro - “This shit is a joke” - o erudito Tiago Martins nem hesitou: rua! Não se admite este tipo de linguagem no futebol português! Em contrapartida, o Senhor Petit, treinador do Marítimo, esteve sempre calmo ao longo do jogo como a transmissão televisiva bem mostrou e as palavras que disse foram sempre em tom baixo e educativas, tipo “ó Edgar Costa, por favor tem cuidado e não dês tantos encostos suaves no Bruno Fernandes”.
Por isso, Petit ficou em campo, é um Senhor, e Kaizer foi expulso, porque é um arruaceiro.
Mais ainda: Petit preparou a sua equipa para jogar o jogo pelo jogo, em todo o campo, sempre com a baliza do adversário nos olhos, na cabeça e nos pés e não, como por vezes injustamente o acusam, de colocar um autocarro de dois andares à frente da baliza e de estimular os seus jogadores a derrubar os adversários, a puxarem as camisolas, a rasteirarem, a fazerem do campo um ringue de luta livre, a perderem o máximo tempo possível simulando lesões inexistentes. Ele próprio o disse no final do encontro: “Não dei indicações para os jogadores perderem tempo. Há contactos, é normal que os jogadores possam ficar no chão”. Oh, se é normal! E como eles ficaram no chão!
Tudo visto e revisto, o Marítimo merecia ter ganho este jogo por 3-0 e o sr. Tiago Martins deve ser considerado o árbitro da jornada. Que portento! Que competência! Que olho de lince! Que segurança! Com equipas, treinadores e árbitros assim, o futebol português será cada vez mais prestigiado no mundo e irá muito longe. Olá se irá!
Artigo da autoria de Nicolau Santos, na Tribuna Expresso.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.