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O bota-abaixismo: inteligência ou estupidez?

Naçao Valente, em 22.08.19

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"Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta".

Einstein (cientista)

"Nunca o ser humano foi tão estúpido como agora"

Perez-Reverte (escritor)

Duas frases que se complementam. Uma pronunciada há algum tempo por um cientista, e outra dita por um escritor, muito recentemente. Não passa de uma actualização adequada aos tempos que correm.A estupidez é a qualidade ou condição de ser estúpido, ou a falta de inteligência, ao contrário de ser meramente ignorante ou inculto.Contrariamente, indivíduos inteligentes também podem ter um comportamento estúpido, quando o seu pensamento racional é subsistituido por opiniões fortes ou crenças rígidas.

Estabelecida a definição genérica, outras variantes se podem encontrar nas atitudes e nos comportamentos humanos. Actos definidos como estupidez acontecem todos os dias cada vez com maior frequência. A título de exemplo pode referir-se o aumento da violência doméstica, expressa em crimes passionais. São fruto da emotividade, em contraste com a racionalidade/razoabilidade.

Se há mundo onde a emoção supera largamente a razão é o do futebol. O cidadão na qualidade de adepto transfigura-se, e pensa e age condicionado pela paixão clubística. Este comportamento não é específico de qualquer cor, mas abrange o adepto em geral, salvaguardadas as devidas excepções.

Mas esta reflexão tem como motivo imediato a discussão que se trava no mundo leonino, em blogues e redes sociais sobre a vida do Sporting, que tenho seguido no início desta época desportiva. E vou tentar deixar de fora as opiniões da viuvez brunista, por demais condicionadas por uma cegueira idólatra, uma das formas mais evidentes de estupidez, assentes na ressuscitação de um passado,  como única forma de redenção.

Em geral,o adepto, talvez inconscientemente, apresenta-se como um catedrático da arte da bola, que não é. Sabe tudo, tem solução sempre preparada para todos os problemas, sejam financeiros, sejam da área desportiva. Não conhece como funciona uma estrutura desportiva, nem tem conhecimento, da razão específica de cada decisão. Mas o catedrático fala porque só tem que falar, porque não tem que decidir em concreto.

Pronuncia-se sobre as tácticas, as estratégias, os plantéis, as substituições, como dono da verdade absoluta. Não considera, porque desconhece, a personalidade de cada atleta, o seu estado anímico e físico, em cada um dos momentos da sua actuação. Não avalia a qualidade ou falta dela dos activos. Não considera a razão, porque desconhece, da constituição  da equipa de uma forma, e não de outra, da utilização ou não do jogador A ou B. Mas dá palpites sem conhecimento concreto do motivo da decisão. 

Considera o treinador uma besta desde que tenha um ou outro mau resultado. E porque o catedrático da bola  julga saber tudo, a partir de uma avaliação subjectiva, pautada pela emoção, propõe soluções que não tem que tomar, que passam sempre pela substituição de equipas técnicas, ao mais pequeno desaire.

O catedrático da bola sofre de dois vícios extremados: a euforia e a depressão. Apoia a equipa enquanto esta ganha, reprova quando perde. Expressa-se então, não pelo incentivo, mas pela contestação  expressa, em campo, pelo assobio. Será isto um acto inteligente? Será batendo em alguém caído que ele se levanta?  Será um acto inteligente, assobiar um atleta que deu o que tem e o que pode dar,  porque cometeu erros na sua acção? Será que estes adeptos não os cometem, enquanto cidadãos e profissionais no seu dia a dia?

O adepto, enquanto tal, confunde crítica ponderada e objectiva com bota-abaixismo. Todo o debate é lícito e necessário desde que procure ser positivo e assente em factos e não em conjecturas. A discussão séria, baseada em dados concretos, e em honestidade intelectual,  é precisa e pode ajudar.

Para ser mais concreto, e para me cingir, em conclusão, ao que se passa no Sporting, entristece-me o bota-abaixismo à equipa e aos seus técnicos, ao fim de dois jogos oficiais; entristece-me o aproveitamento de um desaire para pôr tudo em causa, incluindo a direcção eleita, isolando as críticas do contexto dos acontecimentos, que muitas vezes desconhecem.

Vê-se em certos comentários, ausentes em situações de êxito, que há um aproveitamento revanchista propositado. Estamos perante actos que não favorecem a estabilidade imprescindível à recuperação do clube. Entre o bota-abaixismo inconsciente e o bota-abaixismo deliberado, venha o diabo e escolha. Nenhum deles favorece o clube. O Sporting por este caminho não precisa de inimigos externos.

publicado às 03:49

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2 comentários

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De Susana Neves a 22.08.2019 às 11:51

Excelente análise!
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De Naçao Valente a 22.08.2019 às 14:02

Susana Neves,

Obrigado.

Saudações leoninas

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