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O crocodilo velho e o bandalho

Rui Gomes, em 30.04.21

img_192x192$2020_02_13_19_45_22_1663516.pngPinto da Costa faz lembrar, definitiva e vivamente, a parábola do crocodilo velho. O crocodilo velho sabe que o tempo já não é o mesmo. Que é mais curto. Que o futuro já não é seu. Também sabe que o pântano vai continuar o mesmo de sempre, que é imutável. Águas podres, cheiro nauseabundo e a concorrência impiedosa do bando de predadores mais novos. Venham eles das suas hostes ou da outra tropa do sector sul, liderada pelo caimão de grossas escamas avermelhadas, que lhe disputa a influência sobre o território e sobre quem arbitra o respeito pelas poucas regras do pântano.

O crocodilo velho sabe, por isso, que tem de ter a tropa agrupada e manter o pântano em efervescência, sempre a bater forte nos inimigos e a fingir que nada vê dos pecadilhos que apontam aos seus. É a melhor (única) forma de ter um final de reinado sossegado, sem ser estraçalhado pelo cardume de piranhas que anda sempre por ali. Já pouco lhe interessam as guerras de afirmação do bando. Bastam-lhe as suas. Já só tem de chorar, aqui e ali, algumas das suas mais cínicas lágrimas de velho crocodilo e atirar para o lado. Atirar sempre para o lado e manter uma parte da matilha que sobra sempre pronta para atacar. Só assim pode banquetear-se em sossego com as suas vítimas. E nem todas são os seus adversários…

A recém-agressão ao jornalista da TVI por um dos predadores mais novos, nas vestes de bandalho, como muito bem foi qualificado por Rui Rio, mostrou-nos a plenitude dessa parábola pantanosa. O bandalho, primeiro, na agressão servil para brilhar aos olhos do crocodilo velho. Este, depois, a derramar as suas melhores lágrimas para o seu palanque televisivo privado para agregar o seu povo. Como espectáculo, o crocodilo velho continua um mestre na interpretação. É incomparável na arte da vitimização, do cinismo e da manipulação dos sentimentos de pertença a uma espécie de religião que bebe pela mais pura das cartilhas maniqueístas. Os meus bons e os maus lá de baixo, das forças ocultas que nos roubam. Como realidade, é muito triste.

Há um clube e uma cidade deveras extraordinários, que mereciam muito melhor. É a última narrativa sobre a incapacidade atroz do futebol português em mudar, um milímetro que seja. É, também, o resultado das suas insuportáveis dependências, entre clubes que são os legisladores dos regulamentos, desportivos e disciplinares, que montaram uma organização desportiva de fachada, para poderem ser eternamente juízes em causa própria. Tenhamos pena de nós, os que pensávamos gostar de futebol.

Majestoso escrito de Eduardo Dâmaso, Director da Sábado

publicado às 03:49

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63 comentários

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De Fernando Albuquerque a 30.04.2021 às 11:12

Bom dia Luísa de Sousa

Os programas do CMTV são na generalidade horrorosos. Vejo para estar a par da postura dos intervenientes. e para não ser comido de cebolada. Ás quintas-feiras ainda tem algum nível, mas esse jornalista está a mais no mesmo.
Ando para lhe dizer que tenho uma costeleta madeirense, pois o meu Avô era do Arco da Calheta, onde ainda penso ter parentes. Fui lá uma vez e apenas conheci um primo, sobrinho do meu Pai. Beijinhos Fernando Albuquerque (SCP)

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De Luísa de Sousa a 30.04.2021 às 11:24

Que bom saber de um sportinguista com costela madeirense
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De Rui Gomes a 02.05.2021 às 17:36

O nosso amigo Fernando Albuquerque é polivalente;)
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De FF a 30.04.2021 às 11:37

Bom-dia, Fernando Albuquerque,
Apenas uma pergunta: Terá porventura algum parente de apelido Betencourt?
Tenho as minhas raízes na Calheta, o meu bisavô oriundo dos Betencourt da Normandia era natural desta agora cidade.
FF



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De Fernando Albuquerque a 30.04.2021 às 11:58

FF

O meu Avô chamava-se Francisco Roque Albuquerque. Penso que teve 3 filhos, pois só tive contactos com uma irmã do meu Pai e nem sequer a vi pois estava na tropa , quando andou á minha procura . . No Arco da Calheta conheci um neto , sobrinho do meu Pai e havia pessoas da parte da minha Avó que não estavam em casa. Existem outras pessoas (Albuquerque) que julgo sejam da minha família, mas um deles não me respondeu a um e-mail, que enviei.e como vivi 80 anos sem os conhecer a vontade que isso aconteça é nula. Muita saúde é aquilo que lhes desejo. Fernando Albuquerque (SCP)
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De FF a 30.04.2021 às 17:20

Obrigado pela informação.
Saudações Leoninas
FF

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