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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
«Vou acrescentar uma opinião que parte das conclusões expostas pelo Drake Wilson, relativamente às recentes notícias de "falências".
Penso que os chamados "grandes" em Portugal foram tomando consciência dessa realidade à vez. O Porto primeiro, pois por vencer tantas vezes nos últimos 20 anos, foi o clube que melhor pode verificar o real valor do mercado Português em termos de futebol, e daquilo que é possível investir e recuperar em valores mais ou menos equilibrados. O Porto, com a sua massa adepta tipicamente muito investida no clube, a reboque de questões regionais, e presença assídua na liga dos milhões além da fase de grupos. Acredito que muita da estratégia de parceria com a Doyen e afins para poder ter jogadores de topo com custos mais focados nos salários (com péssimas consequências devido a factores extra-financeiros que não foram previstos, como a perda de identidade com o clube) passou por aqui.
Em seguida o Benfica, que nos anos loucos de Vieira e dinheiro Angolano se queria intrometer na luta pela Champions (?!). Os anos de Jesus (e pelo menos 1 antes) foram de um enorme investimento. E o clube gerou muito mais receitas, é verdade - camisolas, patrocínios, aumento substancial na bilheteira, presenças na Champions e idas a 2 finais europeias. E mesmo assim o endividamento aumentou brutalmente, e quando rebentou o caso BES tiveram de inverter o rumo - e muito do despachar de JJ e o "investimento na formação", como se fosse uma mudança de paradigma e não por pressão financeira, passam por aí.
E quanto vale então este mercado, com o desaparecimento da competitividade e cultura desportiva de que fala o Drake? Vale pouco, como é por exemplo patente no peso desproporcional que os dinheiro das competições europeias têm nos orçamentos dos clubes. Vejamos a Premier League como contra-exemplo, que padece de alguns problemas mas que soube contornar bem outros. O ano passado, o Leicester ficou bastante mal classificado, e portanto teve direito a uma fatia muito reduzida dos direitos televisivos, uns meros.... 100 milhões. E atenção, não estou a apresentar um argumento a favor da centralização dos direitos televisivos, apenas a demonstrar a diferença abissal na capacidade de venda dos jogos de uns e de outros (e também não penso que se possa dissociar a tal competitividade e cultura desportiva da capacidade de se implementar a referida centralização). Portanto, até para um Leicester, o ano passado a lutar pela manutenção, uma ida aos quartos de final da Champions que este ano trouxe um rendimento recorde ao Benfica, seria... 'peanuts'.
Penso que tanto o Benfica como o Porto têm actualmente uma muito melhor noção de quanto vale o mercado futebolístico Português, no seu expoente máximo (com conquistas, estádios cheios, idas à Champions), do que o Sporting, por motivos de percurso desportivo recente. A verdade é que não podemos ter massas salariais equivalentes às de um Leicester porque o nosso campeonato e dimensão socio-económica da população não o consegue comportar, e não havendo uma inversão do valor do nosso campeonato (pouco provável), por mais que hajam sócios a aumentar e valores "loucos" de contratos com a NOS, falências técnicas e ainda mais acentuada perda de competitividade serão a ordem do dia».
Excelente texto da estimada leitora SOFIA
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