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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Ontem perdemos com um adversário dos ditos grandes. E perdemos porque em campo fomos inferiores. Mas não foi neste jogo que nos afastámos dos primeiros lugares. Foi noutros que devíamos ter ganho. Mais do que carpir mágoas devemos fazer uma reflexão realista, com a consciência que ainda falta meio campeonato, e todos os clubes perderão pontos. Hoje é já outro dia.
O realismo e a racionalidade não são apanágio da tribo futebol. Mas é nela que se vive e não em mundos imaginários. A realidade recente do Sporting não se pode dissociar dos acontecimentos de maio último. O Clube teve um início de época atribulada, quase sem equipa. Com atraso e muita dificuldade esta foi reconstruida na medida do possível. Apesar disso, teve um inicio de época em que até esteve acima das expectativas. Com um terço do campeonato estava a dois pontos do primeiro lugar, depois de dois jogos de alta dificuldade.
No entanto, uma análise realista do plantel mostrava que este não estava ao mesmo nível do dos nossos adversários directos, com jogadores de segunda linha nalgumas posições, e com aquisições que não acrescentaram muita qualidade. Com este plantel poderíamos jogar para o terceiro lugar ou para o segundo com alguma sorte.
A equipa técnica contratada no período de gestão, conhecedora das limitações, procurou com realismo jogar para os resultados, e o que estes mostram até ser despedida, foi que conseguiu durante um terço do campeonato, cumprir esse objectivo. Mas a ansiedade e a irracionalidade do adepto com o seu poder do lenço branco, criou as condições para que a Direcção com um mês de exercício despedisse o treinador.
Esteve mal Varandas ao presidir ao sabor da voz da "rua", fosse ou não fosse o seu desejo. Uma equipa técnica que tem o Clube a lutar em todas as frentes, não se despede por perder um jogo usando uma equipa de segunda linha. Pelo menos realisticamente sempre fez a rotação de jogadores, talvez em excesso, perante a sobrecarga de jogos, deixando os melhores para os jogos mais importantes.
Um disparate desnecessário que em termos classificativos pode custar caro. Mudar de treinador sem ter uma alternativa credível, pode ter sido auto suicidio. De certo que com a equipa anterior não estaria pior, e talvez até estivesse melhor.
E Varandas estaria mais protegido por não ser o seu técnico. Trazer um treinador de fraco currículo e desconhecedor do futebol português, foi uma aposta de alto risco que pode atingir o próprio presidente, se os resultados não melhorarem.
Os que contribuiram para despedir Peseiro e que transitoriamente exultaram com Keizer, são os mesmos que agoram o criticam e que já começam a recorrer ao folclore dos lenços brancos. Esta forma irreflectida de agir é responsável pela instabilidade permanente, com a qual nunca se conquistará qualquer campeonato.
Keizer até poderá ser um erro de casting, mas agora é o nosso treinador. E deverá cumprir o seu contrato pelo menos até final da época, a não ser que haja uma hecatombe. O bom senso exige que se apoie a equipa para conseguir lutar até ao fim pelo melhor lugar. O bom senso exige que se perceba que ainda temos mais duas provas para disputar. O bom senso exige que se dê cofiança à equipa, que vai disputar já seguir a Taça de Portugal, com o adversário que hoje nos venceu, mas com a convicção que cada jogo é um jogo.
Nas redes sociais, os 29%, sedentos de vingança exultam a cada mau resultado. Calados pela surpresa das goleadas, voltaram agora em força. É certo que o seu mentor não pode voltar tão cedo à Presidência, mas não está descartado um testa de ferro, sempre o disse.
Varandas tem de continuar no seu registo discreto, falando menos e agindo mais. Não me agradou a guerra parcial que nos últimos dias começou. A luta pela transparência exige mais inteligência. E não é com declarações que possam agradar a alguns sócios que se vai ganhar a guerra. Se tem conhecimento de estratégia militar já devia ter percebido. Reflexão serena e ponderada exige-se.
P.S.: Depois de escrever o texto tomei conhecimento do empate do Porto em Guimarães. Como escrevi no texto, há muitos pontos em disputa, para ganhar e perder. O campeonato como os lugares seguintes não estão atribuidos. Serenidade.
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