Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
O director de comunicação do FC Porto revelou, esta terça-feira, uma alegada troca de e-mails que remonta a Abril de 2014, protagonizada pelo então presidente da Liga Portugal, Mário Figueiredo, e pelo presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira.
Nessa conversação, divulgada por Francisco J. Marques no PortoCanal, Mário Figueiredo faz uso de declarações proferidas por António Salvador, presidente do Sporting de Braga, para acalmar o líder encarnado, reforçando estar do "lado" de Vieira.
"Caro Luís, seguem em anexo as declarações do António Salvador após o jogo com o Rio Ave. Ouve bem, por favor. Não fala em roubo nem faz acusações genéricas. Tem calma, que sempre tenho estado e estive do teu lado", escreveu Figueiredo no mail enviado a Vieira.
"Ainda me querem fazer de atrasado mental",respondeu o presidente das águias.
Ainda bem que o Benfica não tem influência obscura nos corredores de poder do futebol português. Não dá para imaginar o que aconteceria, se tivesse.
Ainda...
Uma semana depois da divulgação dos emails de Pedro Guerra, no programa Universo Porto, do Porto Canal, Francisco J. Marques divulgou mais algumas mensagens de correio eletrónico, de novo com Adão Mendes, mas agora com Paulo Gonçalves, assessor jurídico do Benfica, como interlocutor.
O director de comunicação do FC Porto começa por referir um email de outubro de 2014, em que Adão Mendes pede para se interceder em favor do árbitro Manuel Mota. "O nosso amigo, Manuel Mota, recorreu da nota negativa no jogo Marítimo-V. Guimarães. O Manuel Mota tem razão. Temos de lhe dar nota positiva. Eu e ele apelamos ao doutor."
O doutor, segundo Francisco J. Marques, é Paulo Gonçalves, do Benfica, que respondeu ao email agradecendo a informação. O director de comunicação do FC Porto esclarece que Paulo Gonçalves tem um cargo importante no clube na Luz. "Esteve, ainda agora, na Assembleia Geral da Liga. Tem responsabilidades no Benfica, muito grandes e muito fortes. Trabalha na dependência directa do Presidente e da direcção."
O dirigente azul e branco continua, divulgando agora o conteúdo de emails trocados a 23 de setembro de 2014. Adão Mendes toma então posição a favor do filho, o árbitro Renato Mendes, da Associação de Futebol de Braga.O recurso da avaliação do juiz da partida é o assunto com Adão Mendes a solicitar ajuda para que a situação seja resolvida.
"Vítor Pereira pode ser a solução antes do recurso," afirma, mas Paulo Gonçalves destaca que não pode patrocinar o recurso, mas que irá fazer contactos. Adão Mendes insiste que o apoio do Benfica será fundamental. "A questão é ser o Glorioso a apadrinhar a questão. Temos de pôr a carne toda no assador. O chefe está comigo". Francisco J. Marques questiona depois se o "chefe" referido será o "primeiro-ministro" mencionado nos emails trocados com Pedro Guerra.
Por último, o director de comunicação revela um email datado de Junho de 2016, em que Adão Mendes envia uma lista de candidatos a árbitros assistentes da Liga, nomeado os melhores, na sua opinião: "1º Bruno Miguel Alves de Jesus, Lisboa; 2. Renato Manuel Fernandes Mendes, Braga. (É o filho dele); 3. José Pedro Morgado Laranjeiro, de Coimbra; 4. João Jacob, de Setúbal; 5. Carlos Alberto Fernandes Dias, Porto. Por esta ordem, estes são os melhores. Nada pode falhar." Francisco J. Marques remata a questão deixando duas perguntas. "Que vigarice é esta? O Benfica não está implicado nisto? Investigue-se", pede.
José Leirós, ex-árbitro e comentador de arbitragem, confessou-se "estupefacto" com as novas revelações de Francisco J. Marques, director de comunicação do FC Porto, sobre a acima referida troca de e-mails entre Adão Mendes e Paulo Gonçalves, assessor jurídico da SAD do Benfica:
«A ser verídico, se eu fizesse parte da arbitragem, ou dos órgãos que a gerem, já não conseguiria dormir. A Federação, a Liga e o Conselho de Arbitragem têm de pedir uma auditoria/investigação sobre estes mails. Coloco-me na pele dos árbitros e, partindo do princípio de que as revelações são verdadeiras, eles ficam sem saber se foram bem classificados, se a classificação que obtiveram traduz realmente o seu desempenho; os clubes também podem questionar se os árbitros foram avaliados em função da aplicação das leis do jogo. Estou estupefacto, até porque estas últimas revelações são ainda mais específicas, mediante os nomes e as situações relatadas.
Não acho que os árbitros que se sintam lesados venham a tomar uma posição de força, mas acho importante que a APAF se posicione na luta pela credibilidade do sector. Temos praticamente dois meses até ao arranque da nova época; se houver a tal auditoria/investigação, os árbitros podem pelo menos sentir que algo está a ser feito para que haja um esclarecimento cabal. E tem de haver autoridades competentes no país para analisar os mails».
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.