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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Se, no que liga Rui Pinto ao futebol - este não é um mero problema de esquerda ou de direita (politicamente falando) - a temática que lhe está subjacente e fundamenta as soluções para o futuro também não é um problema do Benfica ou do FC Porto. É um problema de todos.
A clubitização desta questão é apenas uma tentativa, menor, de passa-culpas. E, mais uma vez, de exploração da emocionalidade e das múltiplas preferências clubísticas que ‘cegam’ os adeptos.
O futebol em Portugal (como noutros países) estava a viver artificialmente e bastou um mês de paragem para haver recursos abusivos ao lay-off, mesmo antes de se tentarem achar soluções bilaterais, com eventual moderação dos sindicatos, no caso dos jogadores.
Os clubes têm de repensar se este modelo de serem apenas, na área financeira, as sedes que gerem exclusivamente a entrada e saída de dinheiro, sem qualquer preocupação em constituir reservas, é, na verdade, o que faz sentido. Esta crise veio provar que não.
O futebol, no seu modelo actual, estava a rebentar pelas costuras, a entrada em vigor do fair-play financeiro foi o grande sinal de que era preciso conter os excessos e, portanto, esta pandemia (a assinalar mais de 100 000 mortes no Mundo) apenas veio acelerar o imperativo de mudança.
Como escrevia aqui há uma semana, não faz sentido que em Portugal se tenham gasto numa época mais de 80M€ em custos de intermediação de transferências.
Os clubes e os seus dirigentes nunca souberam explicar - a FIFA e a UEFA também não - por que razão os intermediários são tão necessários nas operações de transferência.
Defendo há muito um mecanismo completamente diferente que pressupõe mais verdade e transparência nas relações inter-clubes.
A organização global do futebol vai ter mesmo de mudar e esta desgraça da pandemia vai talvez trazer algo de bom no futuro: a substituição das lógicas de antanho e provavelmente a substituição progressiva de velhas mentalidades por uma visão mais despoluída e menos comprometida com esquemas que o Football Leaks já denunciou.
Rui Santos, em Record
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