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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Podemos não concordar com tudo, mas O Futuro do Sporting começa por nós não deixa de ser uma obra muito interessante, e creio de grande valor, elaborada por um grupo de sportinguistas e que nos foi referida pelo nosso leitor Fernandes, a quem agradecemos a gentileza.
Passamos a transcrever a Introdução:
"O Sporting vive tempos conturbados, é inegável. O nosso Clube tem sido destaque diário nos meios de comunicação social e não pelas razões que gostaríamos. O debate e a discussão centram-se na componente política de curto prazo, faz sentido. No entanto, o futuro do Sporting é incerto e consideramos que a discussão deverá incluir mais conteúdo, a estratégia para o futuro e os pilares nos quais assentará o caminho a seguir.
Parte do que se passa agora e as respectivas soluções estão indissociavelmente ligados aos desafios de longo prazo.
Decidimos, por tudo isto, colocar a nossa vasta experiência de gestão no papel e contribuir para o debate construtivo.
Quem somos nós? Somos um grupo de Sportinguistas unidos pela nossa paixão pelo Sporting. Cruzámo-nos enquanto tirávamos o curso de gestão de empresas e apesar da vida nos ter levado por caminhos diferentes no Mundo empresarial, o Sporting foi sempre um elo comum, o meio preferido para nos juntarmos. A instituição Sporting acompanhou-nos ao longo das nossas vidas e é parte intrínseca do crescimento dos nossos filhos, merece ter o contributo do melhor que lhe podemos dar. O melhor que este grupo de Sportinguistas tem para dar é uma visão estratégica e a identificação das prioridades que consideramos importantes, assente em anos de liderança nos mais variados sectores.
Este documento mais não pretende ser do que a nossa visão para um futuro competitivo; não estão aqui subjacentes quaisquer intenções eleitoralistas. Tendo sido desenvolvido numa perspectiva outside-in, com dados públicos, este documento terá as suas limitações.
Alertamos para o facto de este ser um documento de gestão empresarial, como tal, para cada prioridade fazemos um diagnóstico no qual frequentemente comparamos o Sporting com outros clubes. Poderá parecer algo estranho ou mesmo anti-sportinguista quando identificamos em clubes adversários melhores estratégias e melhores práticas do que as nossas, mas este é, no entanto, um exercício muito comum no mundo empresarial. Este é um trabalho de análise racional extremamente útil para identificar os gaps de performance existentes e dar sentido de urgência à sua resolução.
Os elementos que participaram neste documento são independentes e não pertencem a qualquer lista ou facção dentro do Sporting. Não somos, nem pretendemos ser, candidatos às eleições. Mas dadas as circunstâncias, queremos contribuir com muito mais do que o nosso voto (se e quando este for convocado), porque consideramos poder aportar mais-valias ao Sporting, e porque temos conhecimentos que acreditamos dever partilhar, de forma a elevarmos o debate para níveis superiores aos actuais. Esperamos poder contribuir para um debate construtivo e livre em que todos os Sportinguistas se possam envolver".
A obra consiste de 32 páginas, devidamente estruturada em capítulos. Transcrevemos a introdução de alguns capítulos para dar uma ideia mais concreta ao leitor.
Estratégia “futuro do Sporting”
Na nossa perspectiva, o Sporting enfrenta um conjunto de desafios de curto prazo que requerem atenção imediata, assim como prioridades de longo prazo a que chamamos “Batalhas de Leão”, pois têm de ser ganhas. O resultado do combate resiliente em cada uma delas ditará a performance e posicionamento no futuro que orgulhe os seus sócios e adeptos.
Desafios imediatos
Para além dos desafios de gestão corrente como a preparação da próxima época e a reestruturação financeira (que não serão abordados por este documento pois são de conhecimento da maioria dos Sportinguistas), identificamos 3 desafios prementes a curto prazo que põem em causa não só a próxima temporada, mas também a própria sustentabilidade do clube – o processo de rescisão de jogadores; o processo jurídico de corrupção movido contra o Sporting; o descontrolo das claques do nosso clube.
Descontrolo das claques
No que respeita ao descontrolo das claques, consideramos que tem havido uma tendência preocupante de escalada de comportamentos inaceitáveis que tem de ser abordada. Abaixo enumeramos algumas situações do passado recente que culminaram no episódio mais triste da história do nosso Clube e que compromete seriamente o futuro do Sporting.
Batalhas de Leão
Ultrapassados os desafios de curto prazo, acreditamos existir um conjunto de “batalhas” que, a serem ganhas, permitirão ao Sporting ter sucesso no futuro, ao mesmo tempo que garantem uma organização saudável, que desempenha as suas funções com excelência e concretiza os seus objectivos de forma consistente e sustentável. Para cada batalha escolhemos as principais alavancas que as suportam.
Potenciar a performance da equipa principal de futebol
Tal como foi referido acima, esta é a batalha mais importante a ser ganha, é a que garante as receitas para o futuro do clube, é a responsável pela maior parte dos custos do clube e que define a felicidade / infelicidade da massa associativa (vejamos, por exemplo, este ano, uma época repleta de êxitos nas modalidades que foram totalmente ofuscados por um terceiro lugar sem acesso à Champions da equipa de futebol).
Constituir um grupo de jogadores de excepção, garantindo a sustentabilidade financeira
Existem dois grandes elementos na construção de um plantel, a formação e a compra de jogadores no mercado. Os clubes utilizam vários modelos, que conjugam estes elementos de acordo com a sua capacidade financeira, urgência na vitória ou qualidade da formação (já que esta tem de ser desenvolvida no longo prazo). No nosso Clube, a estratégia tem evoluído de uma base assente na formação para uma de mercado.
Estratégia do passado
No Sporting, nos últimos 20 anos, todos os presidentes tentaram apostar num “modelo de formação complementado com compras cirúrgicas”. No entanto, foi um modelo que nunca funcionou, a nosso ver pelas seguintes razões.
Estratégia actual
Nos últimos anos temos assistido a uma alteração da estratégia na construção do plantel. Ainda que o Presidente Bruno de Carvalho tenha no seu programa que a “a formação será a aposta base da política desportiva”, a verdade é que nos últimos 3 anos contratou 42 jogadores, nos quais gastou 107 milhões de euros.
E a obra termina assim:
Temos muito trabalho pela frente e esperamos ter contribuído para dar o primeiro passo porque o futuro do Sporting começa por todos nós.
Saudações leoninas
Miguel Cal, sócio 25.591
Ricardo Farinha, sócio 7.151
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