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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Em Inglaterra, tanto o treinador espanhol do Manchester City como o treinador alemão do Liverpool meteram-se numa alhada por terem dado a impressão de contestar o Boxing Day, a jornada natalícia que é tradicional na Premier League. Fizeram-no com todos os cuidados ("adoro o Boxing Day"), mas a mera sugestão de que talvez fosse melhor poupar... "a saúde dos jogadores" a essa canseira gerou quase uma ameaça de guerra civil.
Isso aconteceu fundamentalmente porque Inglaterra é o único país do mundo em que o mais importante elemento do futebol profissional põe (muito de vez em quando) a cabeça de fora: o público. Aqui, não sabemos sequer se as pessoas que pagam isto tudo gostam, por exemplo, de futebol na quadra.
A minha impressão é que sim, até gostam muito, mas não deixa de ser altamente provável que, quando o próximo calendário surgir à discussão, opinião de dois ou três treinadores influentes, os Guardiolas e Klopps à escala portuguesa, valha mais do que a vontade de quatro ou cinco milhões de pagantes. Aliás, diga-se, o futebol esforça-se ao máximo por nem sequer a reconhecer. A saúde dos jogadores não importa? Claro que importa, por eles acima de tudo, mas depois também pela qualidade de jogo que atletas desgastados podem oferecer ao público, por quem quase ninguém costuma interessar-se muito, incluindo (ou sobretudo) os árbitros.
Metade dos clássicos entre FC Porto e Benfica desde 2017 terminaram com, pelo menos, uma expulsão e várias vezes até ainda na primeira parte. Em mais nenhum campeonato europeu os jogos cabeça de cartaz são abordados desta maneira pela arbitragem, e até pela maioria dos comentadores. Significa, literalmente, que em território português o árbitro se sente muito superior ao adepto numa escala de importância. As exibições de autoritarismo e cegueira legalista destinam-se ao Conselho de Arbitragem, à UEFA e à FIFA. Mas não é para eles que o árbitro trabalha.
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