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O inimigo público

Rui Gomes, em 26.12.21

image.pngEm Inglaterra, tanto o treinador espanhol do Manchester City como o treinador alemão do Liverpool meteram-se numa alhada por terem dado a impressão de contestar o Boxing Day, a jornada natalícia que é tradicional na Premier League. Fizeram-no com todos os cuidados ("adoro o Boxing Day"), mas a mera sugestão de que talvez fosse melhor poupar... "a saúde dos jogadores" a essa canseira gerou quase uma ameaça de guerra civil.

Isso aconteceu fundamentalmente porque Inglaterra é o único país do mundo em que o mais importante elemento do futebol profissional põe (muito de vez em quando) a cabeça de fora: o público. Aqui, não sabemos sequer se as pessoas que pagam isto tudo gostam, por exemplo, de futebol na quadra.

A minha impressão é que sim, até gostam muito, mas não deixa de ser altamente provável que, quando o próximo calendário surgir à discussão, opinião de dois ou três treinadores influentes, os Guardiolas e Klopps à escala portuguesa, valha mais do que a vontade de quatro ou cinco milhões de pagantes. Aliás, diga-se, o futebol esforça-se ao máximo por nem sequer a reconhecer. A saúde dos jogadores não importa? Claro que importa, por eles acima de tudo, mas depois também pela qualidade de jogo que atletas desgastados podem oferecer ao público, por quem quase ninguém costuma interessar-se muito, incluindo (ou sobretudo) os árbitros.

Metade dos clássicos entre FC Porto e Benfica desde 2017 terminaram com, pelo menos, uma expulsão e várias vezes até ainda na primeira parte. Em mais nenhum campeonato europeu os jogos cabeça de cartaz são abordados desta maneira pela arbitragem, e até pela maioria dos comentadores. Significa, literalmente, que em território português o árbitro se sente muito superior ao adepto numa escala de importância. As exibições de autoritarismo e cegueira legalista destinam-se ao Conselho de Arbitragem, à UEFA e à FIFA. Mas não é para eles que o árbitro trabalha.

publicado às 03:48

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1 comentário

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De Leão do Norte a 26.12.2021 às 17:24

Mais do que o árbitro se sinta muito superior ao adepto ou que procure exibições de autoritarismo e cegueira legalista, o problema está na pressão efectuada por todos os intervenientes. Clubes, jogadores e adeptos.
Mesmo com este suposto exgero de expulsões e cartões é comum os clubes, após o jogo, reivindicarem mais uma ou duas expulsões e mais meia dúzia de cartões amarelos para o adversário.
Na mesma linha, o "teatro" efectuado pelos jogadores após uma falta e a reacção do público, quase que "obriga" o árbitro a mostrar cartão.
A ver este último clássico para a taça, fiquei com a sensação que cada jogador que sofria uma falta estava a beira de uma emergência médica e o público reagia como se um crime tivesse sido cometido. Neste tipo de ambientes não podemos culpar só os árbitros.

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