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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
O Sporting é um clube grande. Mas tal afirmação é efémera, se não-sustentada em factos: temos cerca de 3 milhões de adeptos, dos quais 136 mil são associados. Neste momento, somos mesmo o quinto maior clube do mundo, no que respeita à medição de adeptos pelo pagamento de quotas, de acordo com uma listagem recentemente divulgada, mas que não refere clubes como Manchester United ou Liverpool, dois dos maiores emblemas no que respeita a seguidores pelo mundo. Mesmo assim, um valor bem superior ao apresentado pelo Real Madrid. Um facto de interessante reflexão. Que no mínimo nos afasta qualquer possibilidade de nos considerarmos "pequenos", em qualquer circunstância.
Esta impressionante amostra de associados do clube, procede a comparações de natureza dimensional; ao longo dos últimos anos, temos assistido a um aumento de espectadores a cada jornada, reflexo da identificação dos adeptos com o momento do clube, assim como com a expectativa gerada pelos resultados da equipa de futebol. Mérito do presidente, dos jogadores, e principalmente de Jesus.
As prestações desportivas do Sporting, no que respeita ao futebol, não reflectiram durante décadas a nossa verdadeira dimensão. Foram demasiados anos em que se apresentou como pálida e antagónica imagem, desproporcional mesmo no que diz respeito à nossa história e aos nossos adeptos. Talvez este definhar temporal se tenha revelado como um dos maiores inconvenientes à exploração da imagem do Sporting actual, nomeadamente ao chamado Sponsorship. Ou talvez existam outros motivos por detrás da dificuldade em o nosso clube alcançar bons negócios no que respeita a este tema. Iremos então meditar sobre alguns exemplos ao nível de clubes da Europa, na época de 2015/2016. Irei referir o rival, como mera comparação nacional à nossa escala
Main Sponsorship (Principal Patrocinador Oficial)
O interesse de uma marca em apostar como Main Sponsorship num determinado clube, não está directamente relacionada com a prática desportiva, mas sim com a visibilidade do próprio clube no seu mercado regional, permitindo deste modo acompanhar o investimento e desenvolvimento de branding (marca) do respectivo patrocinador neste país. Vejamos o caso do Benfica, em que o negócio operado entre o clube português e a Fly Emirates, não foi mais do que fortalecer a presença da marca em Portugal, que desde 2012 opera voos com frequência entre Dubai e Lisboa. Não se tratou directamente com a exposição do clube nas provas europeias, embora indirectamente sim.
Na Europa:
Manchester United (Chevrolet): 69 milhões de Euros/Ano
Bayern Munique (Deutsche Telekom): 33 milhões de Euros/Ano
Real Madrid e PSG (Fly Emirates): 26.3 milhões de Euros/Ano
Ac Milan (Fly Emirates): 19.7 milhões de Euros/Ano
Juventus (Jeep): 15.8 milhões de Euros/Ano
Ajax (Ziggo): 6.6 milhões de Euros Ano
PSV (Phillips): 4.6 milhões de Euros/Ano
Benfica (Fly Emirates):10* milhões de Euros/Ano (*5,5M/base + objectivos renegociáveis)
Sports Equipment Sponsorship (Patrocinador Oficial de Equipamento Desportivo)
A aposta das marcas desportivas é interpretada de outro modo. Porque essencialmente se trata do desporto em si, estas procuram um domínio não apenas territorial, como também global. A frequência com que se adquire um veículo ou mesmo uma viagem de avião, não é seguramente a mesma com que compra qualquer tipo de equipamento desportivo, seja com propósitos de utilização, ou mesmo de coleccionismo. O comportamento dos adeptos, a nível social e financeiro, é a principal razão do sucesso das marcas desportivas. São seguidores das marcas que patrocinam os seus clubes; são compradores por excelência do merchandising associado às camisolas e demais equipamentos desportivos.
Real Madrid (Adidas): 140 milhões de Euros/Ano
Manchester United (Adidas): 98 milhões de Euros/Ano
Bayern Munique (Adidas): 82 milhões de Euros/Ano
Liverpool (New Balance): 35 milhões de Euros/Ano
Barcelona (Nike): 32 milhões de Euros/Ano
Juventus (Adidas): 26 milhões de Euros/Ano
AC Milan (Adidas): 23 milhões de Euros/Ano
SL Benfica (Adidas) 7 milhões de Euros/Ano (renegociados)
Sporting (Makron) 1,78 milhões de Euros/Ano
A realidade do nosso clube
Mas existe um campo onde o Sporting se revela posicionalmente débil à escala nacional e internacional: trata-se do modo como explora a sua auto-sustentabilidade. Porque razão o Sporting teve dificuldades em alcançar acordos com novos patrocinadores principais para a época de 2015/2016? E mais importante, porque continua a manifestar, ano após ano, as mesmas dificuldades de financiamento junto de parceiros que não a Banca ou operadores de broadcast ? Os números apresentados acima, temos de assumir, são constrangedores. Principalmente no que respeita ao valor negociado com a Makron.
Porque este tema é do interesse global de todos nós, tal como não se pretende retirar da sua discussão qualquer intuito de campanha contra o clube, gostaríamos de saber quais são as razões, para o leitor, do Sporting não ter alcançado qualquer acordo de Main Sponsorship (camisolas) em 2015/2016? Como se justifica, para o leitor a disparidade de receitas no que concerne ao negócio dos equipamentos desportivos ?
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