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O próximo amador

Rui Gomes, em 14.07.18

 

A escolha do novo presidente do Sporting tem de ser assim, como se gerir um clube de Champions ou um rancho folclórico fosse igual.

 

Os presidentes de clube à portuguesa têm, em geral, um defeito inultrapassável: o dinheiro não é deles. São eleitos pelas hormonas saltitantes dos sócios. Vêm dos gabinetes, dos estaleiros de obras, dos bancos, das fábricas de pneus e quase nunca do futebol, embora só isso garanta pouco.

 

Quando chegam, mudam funcionamentos e pessoas, trocando-as por outras que caem lá de paraquedas. Com alguma competência ou sorte à mistura, ficarão o suficiente para aprenderem qualquer coisa e reunirem uns quantos profissionais, ou semiprofissionais, que o presidente seguinte dispensará, para recomeçar tudo do princípio, às vezes do zero absoluto.

 

Normalmente, nem sequer há a preocupação de buscar o melhor cérebro possível para o futebol, com anos de experiência, contactos, conhecimento do mercado e trabalho feito. Procura-se um ex-jogador que impressione os adeptos - e quando calha de ser um ex-jogador que já fez de director, ninguém pergunta se foi um desastre na tarefa.

 

É mesmo assim que o futebol funciona, em Portugal, para lá do balneário. Os microciclos, a periodização táctica, os índices lesionais, o ácido láctico e as subtilezas do tiki-taka encontram correspondência no improviso e nos palpites dos gabinetes.

 

A administração de clubes, em Portugal, é apenas uma administração de condomínio a uma escala maior, como se o futebol de alta competição não fosse específico e complicado de gerir. O operador de empilhadora do 2.º esquerdo ou o banqueiro do 8.º direito servem perfeitamente.

 

E o terrível é que as eleições têm mesmo de ser como esta do Sporting: a democracia é o pior dos sistemas, tirando todos os outros. Mas do outro lado continuarão Pinto da Costa, Luís Filipe Vieira, António Salvador e até Júlio Mendes, com épocas e épocas e épocas de avanço.

 

José Manuel Ribeiro, jornal O Jogo

 

publicado às 12:00

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7 comentários

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De L a 15.07.2018 às 11:56

Sobre outros textos não me posso pronunciar. Mas neste parece-me que aponta claramente aos problemas e às soluções. Que é fazer precisamente quase tudo ao contrário. Porque os clubes precisam de estabilidade e know how. Como aliás qualquer instituição em qualquer actividade. E o alvo é claramente só o SCP. Quando acaba inclusive a elogiar os nossos rivais mais fortes... Já eu referi os únicos dois campeonatos em mais de 30 anos porque o SCP tinha claramente um projecto e uma estrutura para o futebol. E a prova disso é que Roquette saiu e continuamos a ganhar com Dias da Cunha. Porque os verdadeiros projectos sobrepõem-se sempre a qualquer individualidade. Roquette não colocou só o SCP no sec XXI mas o futebol português. De lá para cá viraram o projecto todo de pernas para o ar e ainda culpam Roquette por todos os males do mundo?! Inclusive com a complacência da banca. Que foi chamada ao futebol exactamente para nunca permitir os défices actuais. Nos balanços dos clubes e nos balanços dos bancos. Diga-se de passagem. Mas aqui era necessário abordar as “novas idoneidades” do nosso sistema financeiro e nem há tempo nem este é o local… Qualquer suprimento caberia sempre aos accionistas da SAD. Como em qualquer actividade aliás. De qualquer forma, mais do que estar só a falar de questões financeiras entramos no sec. XXI a ganhar porque também retiramos o futebol das bancadas. A gestão desportiva não cabe a pavão nenhum. Finalmente e sobre perder a fé nos adeptos eu também já perdi a minha há muito tempo. Basta pensar se no passado alguma vez era possível elegermos duas vezes um traste como este que acabamos agora de destituir.

SL

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