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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
A movimentação do Sporting no mercado de transferências, e a vinda de Alberto Aquilani nas últimas horas, é reveladora da mudança de filosofia desportiva que se verificou no clube com a contratação de Jorge Jesus. Não está em causa a valia futebolística de alguns dos jogadores, mas a constatação de que afinal não havia qualquer Projecto desportivo sério e consolidado inspirado por Bruno de Carvalho.
Ainda há pouco tempo contratavam-se jogadores “jovens, baratos e de elevado potencial” e deles quase nada resta em Alvalade. Foram muitos, mas valeu Paulo Oliveira e pouco mais. Com Jorge Jesus alterou-se o discurso e optou-se por “jogadores com mais experiência que acrescentassem mais-valia ao plantel”. Uma mudança assim parece revelar uma confissão de fracasso estratégico, embora não assumido por Bruno de Carvalho.
Alguns dos dogmas fundamentais que sustentavam a orientação programática e decisória do Sporting foram pela borda fora. Refiro-me, nomeadamente, à dimensão financeira e às suas prioridades, à função da "estrutura" no futebol do Sporting e à área de competência do treinador. A mudança foi de tal ordem que, dir-se-ia, verificou-se um golpe de Estado no clube.
A nova filosofia desportiva construiu-se devagarinho. Começou com a afirmação que bastariam três a cinco contratações de jogadores experientes, visando optimizar a integração dos atletas provenientes da Formação. Os sportinguistas, em geral, até aplaudiram, pois agora é que seriam as “contratações cirúrgicas”.
No entanto, já desembarcaram em Alvalade oito atletas: Azbe Jug, João Pereira, Naldo, Ciani, Aquilani, Bruno Paulista, Bryan Ruiz e Téo Gutiérrez. Quase todos com o selo de experientes. Mas, ao que parece isto não vai ficar por aqui, até porque para além de Cédric ainda não foi “vendido” mais algum jogador da formação… que é onde, por norma, o Sporting costuma fazer algum dinheiro.
Entretanto, escolheu-se um argumento de elevada eficácia: fomos aos focinhos dos lampiões! E, por todo o lado, muitos sportinguistas repetem satisfeitos a mesma narrativa. Esta vontade de irmos aos focinhos deles é antiga, vem pelo menos desde o tempo do Eusébio, e não me recordo de grandes proveitos. Há relativamente poucos anos verificou-se um caso com o Paulo Sousa e o Pacheco e no final ficámos a chuchar no dedo.
O fim abrupto da era de uma presidência que se assumiu como praticante da "hiper-liderança" especializada na "micro gerência” revela que a história está mal contada. Receio que se a bola bater na trave e não entrar que o Sporting viverá tempos ainda mais difíceis do que o pós-Godinho Lopes.
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