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O senhor que se segue…

Leão Zargo, em 07.08.15

 

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A movimentação do Sporting no mercado de transferências, e a vinda de Alberto Aquilani nas últimas horas, é reveladora da mudança de filosofia desportiva que se verificou no clube com a contratação de Jorge Jesus. Não está em causa a valia futebolística de alguns dos jogadores, mas a constatação de que afinal não havia qualquer Projecto desportivo sério e consolidado inspirado por Bruno de Carvalho.

 

Ainda há pouco tempo contratavam-se jogadores “jovens, baratos e de elevado potencial” e deles quase nada resta em Alvalade. Foram muitos, mas valeu Paulo Oliveira e pouco mais. Com Jorge Jesus alterou-se o discurso e optou-se por “jogadores com mais experiência que acrescentassem mais-valia ao plantel”. Uma mudança assim parece revelar uma confissão de fracasso estratégico, embora não assumido por Bruno de Carvalho.

 

Alguns dos dogmas fundamentais que sustentavam a orientação programática e decisória do Sporting foram pela borda fora. Refiro-me, nomeadamente, à dimensão financeira e às suas prioridades, à função da "estrutura" no futebol do Sporting e à área de competência do treinador. A mudança foi de tal ordem que, dir-se-ia, verificou-se um golpe de Estado no clube.

 

A nova filosofia desportiva construiu-se devagarinho. Começou com a afirmação que bastariam três a cinco contratações de jogadores experientes, visando optimizar a integração dos atletas provenientes da Formação. Os sportinguistas, em geral, até aplaudiram, pois agora é que seriam as “contratações cirúrgicas”.

 

No entanto, já desembarcaram em Alvalade oito atletas: Azbe Jug, João Pereira, Naldo, Ciani, Aquilani, Bruno Paulista, Bryan Ruiz e Téo Gutiérrez. Quase todos com o selo de experientes. Mas, ao que parece isto não vai ficar por aqui, até porque para além de Cédric ainda não foi “vendido” mais algum jogador da formação… que é onde, por norma, o Sporting costuma fazer algum dinheiro.

 

Entretanto, escolheu-se um argumento de elevada eficácia: fomos aos focinhos dos lampiões! E, por todo o lado, muitos sportinguistas repetem satisfeitos a mesma narrativa. Esta vontade de irmos aos focinhos deles é antiga, vem pelo menos desde o tempo do Eusébio, e não me recordo de grandes proveitos. Há relativamente poucos anos verificou-se um caso com o Paulo Sousa e o Pacheco e no final ficámos a chuchar no dedo.

 

O fim abrupto da era de uma presidência que se assumiu como praticante da "hiper-liderança" especializada na "micro gerência” revela que a história está mal contada. Receio que se a bola bater na trave e não entrar que o Sporting viverá tempos ainda mais difíceis do que o pós-Godinho Lopes.

 

publicado às 14:52

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42 comentários

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De Jorge Miguel a 07.08.2015 às 16:15

Análise bastante objectiva, e com uma argumentação justificada. Podemos pensar e discutir acerca de tudo isto, da estratégia de contratação, se fez bem, se fez mal, se mudou, se não mudou... eu também o faço, e é óbvio que não concordei com todas as contratações e opções desta direcção. Apesar disso, globalmente é um facto que os plantéis dos últimos 2 anos obtiveram muito melhores resultados. Pode-se discutir se foi pelo caminho A ou B, se foi branco ou preto, e isso é perfeitamente legítimo, mas o que interessa é o resultado final. O desportivo, principalmente, mas sem descurar o financeiro, muito importante, quer pela reestruturação, quer pelo fair play da Uefa. Se me perguntarem se para este ano prefiro ser campeão e ter 50M de prejuízo ou se prefiro um 2º lugar com lucro na SAD, nem penso duas vezes na segunda. Porque a primeira opção teria consequências muito graves neste momento. Só peço que não dêm um passo maior que a perna...

Nesse sentido, não acredito que, mesmo caso a bola bata na barra este ano, que o Sporting ficará numa situação pior que a deixada por Godinho Lopes. Aliás, enquanto Bruno de Carvalho for presidente, tal não irá acontecer. A não ser que mude radicalmente a sua forma de pensar e actuar.
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De Leão Zargo a 07.08.2015 às 16:42

Caro Jorge Miguel
Concordo com a primeira parte da resposta, nomeadamente quando privilegia a estabilidade financeira que não deve ser posta em causa por corridas atrás do sucesso desportivo que corre o risco de ser temporário, seguindo-se quase inevitavelmente crises profundas e prolongadas no tempo. Para muitos adeptos sportinguistas pode não ser uma abordagem fácil, mas é honesta e realista.

Questiono-me sobre o poder real de BdC nesta altura. Creio que o melhor é aguardar, porque no futebol a realidade é mutável a alta velocidade!

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