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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Assisti à última entrevista de Pedro Madeira Rodrigues (PMR) à CMTV. Quer o jornalista moderador, João Ferreira, quer o jornalista comentador, José Manuel Freitas (JMF), não lhe facilitaram a vida. Já Paulo Futre esteve apenas para compor o ramalhete. Com uma ou outra hesitação, PMR, passou no teste sem deslumbrar.
José Manuel Freitas, numa apreciação à prestação do candidato, considerou que este precisava de ter mais “sal”. Se interpreto bem a sua formulação, referia-se a este produto como tempero e não como alimento pernicioso para a saúde. De facto, sou levado a concordar que Madeira Rodrigues precisa de ter um discurso mais empolgante. Mas por outro lado, dá para perceber, que a arte da retórica não é um dos seus melhores atributos. Contudo, tem um discurso calmo, ponderado e coerente. Pensa no que diz antes de dizer o que pensa. A boa retórica quase sempre é gémea da demagogia, e os demagogos sabem que os potenciais alvos, são facilmente convencidos pela arte do engano pelas promessas vãs. Podem ter competência para ganhar eleições, mas isso não significa que sejam bons governantes.
PMR, tanto quanto sei, tem formação na área da gestão, onde tem feito a sua carreira com elevada competência. Não terá no seu ADN, características naturais de bom orador. Pergunto: é esta uma condição "sine qua non", para exercer com proficiência a Presidência de um grande clube como o Sporting? O que é que nós queremos à frente do nosso clube? Um “fala-barato”? O presidente de uma instituição com o prestígio do Sporting, tem de ser uma personalidade que cultive a temperança, o bom senso, a coerência no pensamento e na acção, a capacidade diplomática, a inteligência racional emocional. O que os últimos anos nos mostraram foi o contrário de tudo isto. Os resultados estão à vista.
Na sua apreciação positiva, JMF considerou como pontos fortes do entrevistado a intenção de estabelecer um bom relacionamento com outras instituições, incluindo os empresários do futebol. Depois da destruição feita por esta Direcção, que desprestigiou o Sporting em várias áreas, esta não será uma tarefa fácil. O Sporting não será um clube vencedor, isolado e perdido no seu labirinto. Tem de manter ou estabelecer pontes com todas as instâncias que estão associadas ao desporto, sem prescindir da firmeza, na defesa dos interesses do clube. Como diz PMR o Sporting tem que ter influência nessas instâncias, visando melhorar o seu funcionamento, para a construção de uma actividade desportiva mais transparente.
Contudo, e apesar de ter feito alguns progressos na vertente comunicativa, o candidato PMR tem de construir uma mensagem mais acutilante. Tem de se focar em aspectos muito específicos, e que impliquem uma mudança de processos e atitudes. Tem de completar a sua equipa, valorizá-la e coloca-la no campo de “batalha”. Ninguém vence isolado. As forças que defronta são sagazes e têm o campo todo minado. Já deu para perceber que PMR se move por princípios e não por promessas irrealizáveis. Que actuará com base em atitudes racionais e não emocionais. Que quer servir o Sporting e não se servir dele. Mas não se deve deixar de cair na tentação de afirmar que consigo os títulos vão cair do céu. O futebol é uma actividade muito imprevisível. Deve prometer que vai criar as condições para que isso aconteça. Com rigor, com determinação, sem ziguezagues precipitados. Que aprenda com as boas práticas e não com os erros que estão dentro de casa.
PS: PMR é ainda o único candidato. No entanto, não podemos esquecer que, em teoria, outras candidaturas podem aparecer até ao dia 2 de Fevereiro.
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