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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Silas na sua primeira entrevista desde que saiu do Sporting em Março - que transcrevi da Tribuna Expresso - em que afirma que sentiu que os jogadores já não estavam focados e concentrados.
"Ouvi algumas opiniões, que para mim era importantes, e eram todas diferentes daquilo que eu apanhei. As opiniões eram uma coisa e quando cheguei comecei a ver que era muito diferente. O que me levou a aceitar foi sobretudo o simbolismo que o Sporting tem para mim (...) tinha jogado dois anos no Sporting, em miúdo sempre gostei do Sporting (...) Eu sou de arriscar. Não sou de me atemorizar perante os desafios."
"O Sporting nunca jogou da maneira que eu queria e que sinto que poderíamos jogar. Era um contexto muito diferente do que existe agora (...) O Sporting tinha uma característica que foi um dos nossos problemas enquanto equipa: tinha vários jogadores que jogam muito no limite do risco. Ter um ou dois às vezes é bom, mas ter quatro ou cinco torna as coisas mais complicadas pois torna-se uma equipa com muita pressa. Este Sporting tinha muita pressa.
A urgência de ganhar, e os jogadores a sentirem essa ansiedade de ganhar, fazia com que a nossa equipa fosse muito mais vertical do que aquilo que eu acho que deve ser. Várias equipas em Portugal são assim (...) O Bruno [Fernandes] era o jogador que não sentia tanta ansiedade. Ele tem muita confiança nele próprio. Se sofrêssemos um golo o Bruno não ia abaixo a nível psicológico. Não sentia tanto porque não era de desistir."
"O Sporting jogava quase sempre em 4-2-3-1, um sistema que não uso muito, pois não me identifico e não gosto muito. Tive de me adaptar aos jogadores, pois senti que o facto de terem ganhado muito títulos em 4-2-3-1 os deixou presos ao sistema. Se eu pegar numa equipa de início, dificilmente joga em 4-2-3-1. Gosto muito do 4-3-3 e de uma linha de três. São os sistemas com os quais mais me identifico."
"As derrotas pesam muito, ainda mais no Sporting, e não estávamos mesmo à espera de ser eliminados [da Liga Europa, pelo Basaksehir]. Fizemos quatro golos e sofremos cinco de bola parada. A bola parada tem muito de concentração dos jogadores e de foco. Ali sentimos que os jogadores já não estavam focados. A frustração da derrota levou-me logo nesse dia a falar com o Hugo Viana. Depois ele disse-me e com toda a razão: 'Silas, vamos dormir sobre o assunto, que a seguir à derrotas as decisões que se tomam quase nunca são boas'.
Foi isso que fizemos, mas depois de descansarmos continuei a sentir o mesmo. Não estávamos a ser a solução e achava que o Sporting devia ter a oportunidade de contratar alguém a pensar no futuro. Alguém que pudesse fazer uma equipa à sua imagem.
Há uma coisa muito importante quando falo do Hugo Viana e do presidente [Frederico Varandas]. Temos opiniões diferentes, mas eu tenho a convicção que mesmo tendo opiniões sobre muitos assuntos, eles são muito bem-intencionados. Querem o bem do Sporting. Isso é uma coisa. Outra coisa são ideias que eu tenho que são diferentes das deles. Eu e eles tínhamos ideias diferentes. Eles acreditam mesmo que as ideias deles são o melhor para o Sporting e acho que isso é o mais importante para os sócios reterem."
JOVANE CABRAL
"Estava para ser emprestado. O próprio jogador pensava que o melhor para ele era ser emprestado. O Jovane vinha de uma série de lesões e a verdade é que quando o começo a ver treinar... O Jovane nunca queria perder. Eu não conhecia bem o Jovane e a verdade é que quando o vi a treinar pensei logo que aquele miúdo não podia sair dali. Ele é tão competitivo que nós precisávamos de jogadores assim. Faltava-nos isso e queria que ele ficasse.
Mas ele tinha na cabeça o empréstimo e falou comigo sobre isso. Disse-lhe para treinar connosco e que na última semana do mercado víamos. A cada treino que fazia eu só tinha mais certezas que era impossível deixar o Jovane sair."
E BRUNO FERNANDES
"A equipa era dependente de Bruno Fernandes dentro do campo porque, realmente, um jogador como o Bruno, que tem tantos golos, tantas assistências, deixa uma marca nos primeiros tempos que é difícil de apagar. O Bruno hoje é, para mim, o principal jogador da equipa do Manchester United. Ele mete nele próprio uma grande responsabilidade e um jogador destes deixa sempre uma marca importante. É muito difícil encontrar um jogador como o Bruno Fernandes.
O Sporting neste momento não tem. Em Portugal, nenhum clube tem. Quando se perde um jogador assim, naturalmente que a equipa se vai ressentir. Era difícil segurá-lo e era injusto, pois ele merece estar onde está. Merece estar a jogar na melhor liga do mundo."
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