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O único pára-raios

Rui Gomes, em 30.09.20

img_192x192$2015_10_20_12_03_36_1006065_im_6366770Enquanto o notório Brunismo continua a funcionar como a kryptonita para a liderança do Sporting (não terá sido por acaso que o malfazejo mineral que debilitava o Superman era verde…), Rúben Amorim confirma-se como um treinador capaz de construir, enquanto o diabo esfrega um olho, uma equipa consistente e fiável.

Este Sporting está longe de deslumbrar e é ainda um produto inacabado. Mas, como se viu frente ao Aberdeen e depois em Paços de Ferreira, já é, provavelmente, o melhor abrigo e aconchego de um Frederico Varandas que as claques e afins perseguem como uma alcateia na noite.

O categórico chumbo das contas do clube de 2019/20 e do orçamento desta época provou, há dias, que a contestação alastrou e passou a contagiar muitos sócios e simples adeptos que nunca apoiaram Bruno de Carvalho e muito menos querem o regresso aos tempos em que coravam de vergonha por serem representados por um presidente bizarro e menos subtil que um comboio de mercadorias.

De facto, o aumento à vista da oposição interna vem, cada vez mais, reflectindo também os diversos erros cometidos pela actual gestão, alguns de palmatória. Desacertos que deviam ser assumidos e explicados. Tivesse o Sporting uma comunicação atenta e eficaz e já teria sabido passar algumas mensagens favoráveis à presente administração. Designadamente que não se repetiram neste "defeso" os erros que vinham sendo cometidos na contratação de jogadores que hoje ajudam a engrossar a lista de excedentários.

Com apenas cerca de 20 milhões de euros, o Sporting garantiu sete reforços (Adan, Porro, Antunes, Pedro Gonçalves, Zouhair Feddal, Nuno Santos e Tabata) que, de uma forma geral, devem afirmar-se como mais-valias de um plantel que viu a sua qualidade média significativamente aumentada, mesmo sendo notória a carência de um ponta-de-lança de valor indiscutível.

Não houve também a capacidade de propagandear o relatório e contas da SAD com o lucro de 12,5M, que reflectiu a redução salarial (8,4M) e permitiu a redução do passivo (26,2M). Pior, também ninguém alertou atempadamente para os perigos de o clube ficar a ser gerido por duodécimos em plena crise pandémica, como vai acontecer enquanto as contas e o orçamento não forem aprovados.

O rendimento interessante da equipa neste início de época tem sido o único pára-raios de uma administração que lá acabou por conseguir transferir Acuña, mas foi demasiado tergiversante no aproveitamento de Palhinha. Este último, se acabar mesmo por ficar, ajudará a tornar o meio-campo mais competente. Desde logo por garantir outra liberdade de acção a Wendel, um talento ímpar na equipa (em Paços de Ferreira só falhou dois dos 59 passes, muitos deles progressivos e alguns longos).

Mas também porque Varandas foi demasiado arrebatado quando elogiou Matheus Nunes. Contratado há dois anos por meia dúzia de tostões, o jovem brasileiro (22 anos) tem qualidades interessantes (principalmente a capacidade de variar o centro do jogo), mas ainda é pouco fiável nas acções. No domingo conseguiu ter ainda mais perdas de bola (13) do que Luís Neto (8), cuja exibição hesitante é pouco admissível num internacional tão experiente.

A pandemia adiou o jogo com o Gil Vicente e manteve de quarentema quase meio plantel e o próprio treinador leonino. Apesar dos constrangimentos, o Sporting mostrou-se, nos dois jogos realizados, bem mais competitivo do que se lhe viu nas últimas épocas.

Mas continua longe do que vale o FC Porto e do que promete valer o renovado Benfica. Assumir que (ainda) não é candidato ao título (ou, vá lá, que é menos candidato) seria uma atitude profiláctica e, eventualmente, até libertadora.

O Sporting só tinha a ganhar se anunciasse que a sua primeira prioridade é ficar à frente do SC Braga (que há um ano tinha melhor plantel), até porque o terceiro lugar pode valer a ida à Champions. Se as coisas se forem encaminhando bem naquele sentido, então sim poderá acrescentar a vontade de ficar à frente do FC Porto ou do Benfica e, eventualmente, de se intrometer a sério na discussão do título. Contar a verdade é sempre uma boa saída de emergência…

Artigo de Bruno Prata, em Record

publicado às 05:33

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9 comentários

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De Mike Portugal a 30.09.2020 às 10:30

Geralmente não costumo gostar do que esta pessoa escreve, mas desta vez tenho que concordar com tudo.
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De Spiff a 30.09.2020 às 11:31

O "Brunismo" que ele se refere é uma referência ao próprio Bruno Prata, certo?
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De Rui Gomes a 30.09.2020 às 11:51

É só isso que tem para contribuir?
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De LG a 30.09.2020 às 13:15

Curiosa ambiguidade: por um lado diz-se que Varandas não deve ser julgado só pelos resultados desportivos, por outro lado diz-se que o único para-raios da direção é o treinador da equipa de futebol...
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De Naçao Valente a 30.09.2020 às 13:24

Subscrevo a análise de Bruno Prata.. Saliento um aspecto fundamental, do qual dependem muitos outros, a comunicação.

Saber usar a comunicação é meio caminho andado para mobilizar as hostes. E nesse aspecto esta Direcção, em relação à anterior, é uma nulidade. Atrevo-me a dizer que parece nem existir.

Informar os adeptos de uma forma clara, salientando as medidas positivas, sem deixar de assumir as negativas, com humildade e propósito das corrigir e evitar, faria subir os níveis de confiança nos associados.

Varandas é um péssimo comunicador. Quando comunica não entusiasma. Usa um discurso atabalhoado, e comete, desse ponto de vista, erros de palmatória. Mas se o Presidente é o topo da pirâmide, existem outros elementos na Direcção. Acredito que haja alguém com melhor capacidade comunicativa, o que não é difícil. Porque não nomear um porta-voz para comunicar com os adeptos? O Presidente, além de presidir, devia restringir a sua acção comunicativa a discursos escritos.

Como diz o articulista, esta Direcção não tem sabido usar a seu favor a melhor política de contratações. que estão a ser feitas, com o "dedo" de Rubem Amorim. E para calar a contestação sobre a sua contratação não tem sabido salientar que o dinheiro que nele se investiu poderá começar a dar dividendos. Na mesma linha, não tem sabido aproveitar a revolução no plantel, com constituição de uma equipa jovem e motivada, assente no real aproveitamento da formação.

Por fim, e como se lê no artigo, não soube mobilizar os sócios, para a aprovação de um Relatório e contas com lucro e subsequente redução do passivo. O que não teria feito uma boa comunicação? Aqui está de facto o calcanhar de Aquiles desta Direcção. Urge reflectir e mudar.
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De LG a 30.09.2020 às 13:42

NV, o seu último parágrafo é a brincar, certo?
Mobilizar os sócios para um lucro de 75 mil euros? Redução de passivo em 0,001%? (acho que não me enganei nos zeros)
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De Naçao Valente a 30.09.2020 às 15:43

LG,

Não são esses números que estão no texto que citei. Independentemente disso, fico contente por haver lucro, e até posso brincar. Se houvesse prejuízo não seria mesmo caso de brincadeira, Se calhar consigo é diferente.
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De LG a 30.09.2020 às 17:04

Está a confundir a sad com o clube?
Os sócios votaram o R&C do clube, em que os números foram os que referi, na Sad é que foram bastante superiores.

Se houvesse prejuízo haveria um grande 31, por não haver sessenta e seis vírgula seis sete
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De João Gil a 30.09.2020 às 14:01

O Sporting não tem de fazer aquilo que os jornalistas que não são Sportinguistas acham que o Sporting deve fazer. O Sporting, nesta altura, está a fazer aquilo que pode e deve fazer. E foi preciso alguma clarividência para emendar a mão a meio da época passada para chegarmos a esta fase de arranque em melhor estado do que a maioria vaticinava.
Isso está a deixar os “especialistas” um pouco confundidos. Eles continuam diária e incessantemente a mandar raios para cima do Sporting. Felizmente agora a equipa tem funcionado como um pára-raios. No ano passado a equipa era mais um raios te partam..
E o Florentino era o maior 6 do mundo e Varandas é que é arrebatado...
SL

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