O sistema de vídeo-árbitro foi utilizado esta terça-feira no particular de futebol França-Espanha, servindo para anular um golo ao gaulês Griezmann por fora de jogo e para validar outro ao ibérico Deulofeu, contrariando decisão do árbitro auxiliar.

Na nossa opinião, esta experiência pouco ou nada provou sobre o futuro impacte do vídeo-árbitro no futebol, porque por aquilo que é possível perceber, os parâmetros de análise foram muito limitados. Além disto, para ser franco, não se conhecem todos os critérios que foram pré-acordados para a realização da experiência. No entanto, vejamos primeiro as circunstâncias e os lances em questão.
Aos 48 minutos, o público que lotou o estádio Saint-Denis, em Paris, celebrou o golo de Antoine Griezmann, mas, quando o lance foi revisto, e após alguns segundos de suspense, o árbitro alemão Felix Zwayer recebeu instruções pelo auricular para anular o tento por fora de jogo. O público tardou a reagir e a entender o sucedido, no que daria vantagem à França, que perdeu o encontro por 2-0, com golos de David Silva (68, de penálti) e Deulofeu (77).
Ainda pior para os gauleses foi o segundo golo espanhol, obra de Deulofeu, inicialmente anulado pelo fiscal de linha por fora de jogo do jogador do AC Milan: novamente, as imagens foram repetidas e, enquanto os futebolistas estavam expectantes, chegou a notícia de que seria validado.
A federação francesa de futebol anunciou na segunda-feira que o sistema seria utilizado neste jogo, depois de a FIFA ter acedido ao desejo, tal como a federação espanhola e o árbitro germânico. Dois árbitros estiveram em assistência técnica no vídeo durante o jogo, numa furgoneta em garagem exterior ao estádio, desde a qual visionaram as imagens em tempo real. Esta é a segunda vez que este tipo de mecanismo foi utilizado pela selecção francesa, que já o tinha feito no particular com a Itália.
Neste caso concreto, temos as decisões dependentes de dois árbitros que estavam na referida furgoneta no exterior do estádio. Foram deles as decisões de anular e validar, respectivamente, as duas jogadas milimétricas.
Desconhecemos se outros lances em que não houve golos foram revistos por estes árbitros ou até jogadas em que terão existido faltas mal ou não assinaladas, que potencialmente poderiam ter afectado o resultado.
Se, numa futura implementação desta medida tecnológica, a decisão de revisão do jogo recair sobre dois árbitros numa qualquer viatura, ou até num estúdio dentro dos recintos, é fácil de antecipar, em Portugal, a polémica daí proveniente; ou seja, porque é que aquele lance foi alvo de revisão e aquele outro não foi ?.... Um era a favor da equipa "A" e o outro beneficiaria a equipa "B", etc..
A definição de critérios de utilização será muito importante, para garantir objectividade e imparcialidade. Com o passar do tempo, é de prever um acréscimo de revisões durante os desafios com o inevitável impacte na fluidez do jogo. E, quer se queira quer não, haverá sempre tomadas de decisão por seres humanos que desempenharão papel importante no eventual desfecho dos acontecimentos.