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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Um excerto da mais recente crónica de Alexandre Pais no jornal Record:
"Os devotos da utopia começam a ser cada vez menos, é verdade. Enquanto uns, como Bartomeu, no Barcelona, ou Cerezo, no Atlético de Madrid, se vão entretendo a reduzir os incomportáveis salários dos jogadores, como se só daí viesse a salvação, outros vêem mais longe. É o caso do senhor Andrea Agnelli, presidente da Juventus, que tendo assegurado igualmente uma poupança – de 90 milhões de euros – na folha salarial, proferiu a frase que tudo define: "Os clubes enfrentam uma ameaça à sua existência". É disso que se trata.
Parece hoje consensual o cálculo dos especialistas de que só em Maio a Europa atingirá o "pico" ou o "planalto" da pandemia, o que significa que os casos positivos serão milhões e os mortos centenas de milhares. Acham que é exagero? Peguem amanhã nos dados do final de Março, ponham-lhes em cima 10 ou 15% de aumento em cada um dos 30 dias de Abril e terão, na brutalidade do acumulado, uma visão real do inferno.
Mais: haverá talvez um período de três meses – até Agosto – de curva descendente e com um total de vítimas também relevante. Precisamente por isso, não iremos de férias e as aulas dificilmente recomeçarão em Setembro.
E no mês de Outubro, alerta quem sabe disso, o coronavírus voltará. Querem recomeçar o futebol? Óptimo, é o que queremos todos. Mas trabalhem com os pés na terra e salvem os clubes, antecipem a realidade económica e a hecatombe social pós-vírus, e tomem nestes dias de chumbo as medidas difíceis para cá estarem depois.
O último parágrafo é de novo dedicado ao esgoto das redes sociais, onde se insultam os milionários do desporto por ganharem fortunas e darem apenas "uns trocos" para o combate à peste – e só Cristiano Ronaldo e Jorge Mendes já vão em 4 milhões de euros. É o habitual mundo ao contrário dessa cáfila: insurge-se contra quem é generoso e poupa os sovinas cuja solidariedade é zero".
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