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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Bruno Fernandes tem absoluta razão quando critica as horas absurdas, cada vez mais à noitinha, a que são realizados em Portugal uma importante parte dos jogos de futebol.
Trata-se de um bastante oportuno e legítimo alarme, que deve ser acolhido com a máxima consideração face a uma prática crescentemente abusiva que impede a grande maioria dos apaixonados pelo futebol de presenciar os encontros ao vivo (com excepção, claro, dos residentes na mesma área onde, eventualmente, os jogos têm lugar) – afastando dos estádios o público que prioritariamente interessa, nomeadamente as famílias, as crianças e os idosos.
Perante a realidade de que o futebol deixou de ser um desporto desde que foi confiscado ao povo para ser explorado como espectáculo nocturno televisivo, conclui-se, logicamente, que as televisões exercem um poder arbitrário sobre os horários dos jogos, sempre na expectativa de que a maior massa adepta possível opte por ver os desafios em casa – mesmo que irritantemente assediada pelas intermináveis cargas de publicidade comercial geralmente atracadas ao futebol e das quais, precisamente graças ao futebol, as estações televisivas essencialmente se alimentam. Rejubilando por aumentar as suas audiências à custa do público que, em prejuízo das receitas dos clubes, desvia dos estádios (a maior parte destes deprimentemente quase vazios).
Se, na realidade, não será exactamente assim, qual, então, o porquê da imbecilidade de se marcarem jogos para as 21h00 ou 21h30, precisamente nas vésperas de dias normais de trabalho e de escola (forçando grande parte do público a regressar a casa apenas no dia seguinte)? Porque não se insiste em realizá-los ao fim da tarde? Porque estranho motivo os desafios de futebol em Portugal têm de ser, normalmente, os de horário mais tardio em toda a Europa?
Apesar de o dinheiro ser hoje o que mais ordena, há que que reagir, por todos os meios, contra esta manifesta, insensível e abusiva prepotência de que são evidentes vítimas não só o futebol, os seus clubes e os seus artistas, como, muito em especial, todos os adeptos pagantes que o sustenta.
Texto da autoria de Leão da Guia
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