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Os números não mentem, mas...

Rui Gomes, em 24.02.14
 

 

Os números não mentem, mas podem induzir conclusões erradas, mediante o contexto da análise sustentada por esses números. Isto, a propósito do artigo de José Manuel Ribeiro sobre a produção de Slimani a saltar do banco. O avançado argelino teve ocasião de ser titular pelo Sporting em jogos da I Liga somente frente ao Benfica - será porventura novamente contra o SC Braga, pelo castigo a Fredy Montero -, registando 410 minutos de jogo (4,5 jogos) pela sua utilização quase sempre como suplente, marcando 4 golos, ou seja uma média de 0,88 golos por jogo, um golo a cada 102,5 minutos (acumulados) em campo.

 

Esta estatística disponibiliza-lhe uma eficácia goleadora superior a Fredy Montero, à letra dos números, mas pode ser e é em facto enganador. O avançado colombiano regista 1839 minutos de jogo (20,4 jogos) em 20 jornadas da I Liga - acumulando os minutos de desconto em cada jogo que alinhou do princípio ao fim - com 13 golos marcados, ou seja, uma média de 0,63 golos por jogo, um golo a cada 141,4 minutos (acumulados) em campo. No entanto, o registo de Fredy Montero pode ser analisado em duas partes: a primeira, que indica que marcou os 13 golos nos seus primeiros 12 jogos, que lhe dá uma média de 1,08 golos por jogo; a segunda, a que já referimos acima, dado que não voltou a marcar na Liga desde que apontou dois golos ao Gil Vicente, no dia 8 de Dezembro de 2013.

 

Mas a parte mais enganadora destes números, comparando a eficácia de produção dos dois avançados, centra-se em determinados factores por detrás dos números que sustentam o registo estatístico, e é neste contexto que o artigo de José Manuel Ribeiro se torna relevante.

 

Diz o director do jornal "O Jogo" - palavras para o efeito - e na minha opinião bem, que Slimani não tem entrado em campo refém de um qualquer sistema de jogo - seja o 4x3x3 ou o 4x4x2 - em que o adversário já está preparado para contrariar, mas sim com liberdade de acção que pela sua constituição atlética e técnica exige uma cobertura defensiva adicional e individual, o que é/seria diferente se entrasse logo de início. Aliás, como confirmação deste argumento, basta verificar que Slimani, além do acima referido jogo com o Benfica, foi titular em dois jogos para a Taça da Liga (159 minutos em campo) e em um jogo da II Liga (96 minutos em campo), sem marcar um único golo. Além do mais, como indica José Manuel Ribeiro, o avançado argelino ao saltar do banco dos suplentes nas derradeiras fases dos jogos em que participou e em que marcou, foi beneficiado pelo inevitável desgaste dos defesas adversários que alinharam desde o primeiro minuto e a mudança repentina do jogo do Sporting que, com ele em campo, começa a jogar um futebol mais directo, visando tirar proveito das suas características, físicas e técnicas, e exercer maior pressão no eixo defensivo. Também muito relevante, é a mudança de posição de Fredy Montero que invariavelmente posiciona-se na zona intermediária entre o seu meio-campo e a ponta da lança ofensiva, neste caso Slimani, e faz uso da sua ampla técnica e visão de jogo em sustento das manobras ofensivas. 

 

Por tudo isto e mais, que deixamos para uma outra ocasião, é justo afirmar que os números não mentem mas podem ser enganadores.

 

publicado às 09:48

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4 comentários

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De Jorge a 24.02.2014 às 09:58

Slimani já foi titular no jogo com o Benfica. Mas foi um jogo muito difícil para ele, onde esteve longe de ser bem municiado. Já com o Porto em casa para a Taça da Cerveja fez um bom jogo.

De resto, concordo muito com a análise desse jornalista. Para tirar as dúvidas, só mesmo quando fizer 2/3 jogos a titular contra equipas "normais" na 1a liga. No entanto, acho que Slimani é mais goleador que Montero. Este último tem muito mais técnica, mas Slimani parece ter um certo instinto e um físico que lhe permite ganhar muitas bolas na área e que falta a Montero. São ambos, para mim, dois belíssimos jogadores, que se podem vir a complementar muito bem no futuro.
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De Rui Gomes a 24.02.2014 às 14:48

Tem razão Jorge, quanto ao jogo do Benfica. Já corrigi o post . Acho que rasurei esse jogo da minha memórias, por motivos óbvios.

A minha impressão de Slimani é que ele não é ponta de lança para jogar no 4x3x3 de Leonardo Jardim. Será sempre perigoso no jogo aéreo e em lances de bola parada, mas não possui a técnica para o 4x3x3 , em contraste com Monteiro que, mesmo sem ser servido, ainda contribui . Teremos oportunidade de ver melhor no próximo jogo, se é que ele vai ser titular.
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De Lionheart a 24.02.2014 às 10:10

Daí que a aposta do Leonardo Jardim no André Martins e no Wilson Eduardo não seja tão descabida como nós pensamos, pois estes fazem como que uma "missão de sacrifício" para que depois o Slimani, o Mané e o Carrillo possam dar a volta ao jogo. É um facto que o Carrillo e o Slimani rendem mais quando entram na segunda parte, porque têm mais espaço.
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De Rui Gomes a 24.02.2014 às 13:40

Bem... é tudo muito relativo. Wilson Eduardo tem sido muito irregular e eu até continuo a insistir que ele não é extremo. Quanto a André Martins, com o passar de cada jogo vez menos influência sua na equipa.

A outra parte da contenda, em que eu também venho a insistir há longo, é que LJ sempre quis 4 extremos porque é o próprio a reconhecer que com o seu sistema de jogo os titulares não aguentam muito mais do que 45 minutos a dar rendimento.

Quando Slimani entra e com Montero a jogar nas suas costas, o jogo do Sporting altera-se significativamente. Carlos Mané, na minha opinião, também não é extremo, e além do golo que marcou, gostei sobretudo da sua penetração pelo miolo, algo que André Martins não consegue fazer, por exemplo.

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