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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Os números não mentem, mas podem induzir conclusões erradas, mediante o contexto da análise sustentada por esses números. Isto, a propósito do artigo de José Manuel Ribeiro sobre a produção de Slimani a saltar do banco. O avançado argelino teve ocasião de ser titular pelo Sporting em jogos da I Liga somente frente ao Benfica - será porventura novamente contra o SC Braga, pelo castigo a Fredy Montero -, registando 410 minutos de jogo (4,5 jogos) pela sua utilização quase sempre como suplente, marcando 4 golos, ou seja uma média de 0,88 golos por jogo, um golo a cada 102,5 minutos (acumulados) em campo.
Esta estatística disponibiliza-lhe uma eficácia goleadora superior a Fredy Montero, à letra dos números, mas pode ser e é em facto enganador. O avançado colombiano regista 1839 minutos de jogo (20,4 jogos) em 20 jornadas da I Liga - acumulando os minutos de desconto em cada jogo que alinhou do princípio ao fim - com 13 golos marcados, ou seja, uma média de 0,63 golos por jogo, um golo a cada 141,4 minutos (acumulados) em campo. No entanto, o registo de Fredy Montero pode ser analisado em duas partes: a primeira, que indica que marcou os 13 golos nos seus primeiros 12 jogos, que lhe dá uma média de 1,08 golos por jogo; a segunda, a que já referimos acima, dado que não voltou a marcar na Liga desde que apontou dois golos ao Gil Vicente, no dia 8 de Dezembro de 2013.
Mas a parte mais enganadora destes números, comparando a eficácia de produção dos dois avançados, centra-se em determinados factores por detrás dos números que sustentam o registo estatístico, e é neste contexto que o artigo de José Manuel Ribeiro se torna relevante.
Diz o director do jornal "O Jogo" - palavras para o efeito - e na minha opinião bem, que Slimani não tem entrado em campo refém de um qualquer sistema de jogo - seja o 4x3x3 ou o 4x4x2 - em que o adversário já está preparado para contrariar, mas sim com liberdade de acção que pela sua constituição atlética e técnica exige uma cobertura defensiva adicional e individual, o que é/seria diferente se entrasse logo de início. Aliás, como confirmação deste argumento, basta verificar que Slimani, além do acima referido jogo com o Benfica, foi titular em dois jogos para a Taça da Liga (159 minutos em campo) e em um jogo da II Liga (96 minutos em campo), sem marcar um único golo. Além do mais, como indica José Manuel Ribeiro, o avançado argelino ao saltar do banco dos suplentes nas derradeiras fases dos jogos em que participou e em que marcou, foi beneficiado pelo inevitável desgaste dos defesas adversários que alinharam desde o primeiro minuto e a mudança repentina do jogo do Sporting que, com ele em campo, começa a jogar um futebol mais directo, visando tirar proveito das suas características, físicas e técnicas, e exercer maior pressão no eixo defensivo. Também muito relevante, é a mudança de posição de Fredy Montero que invariavelmente posiciona-se na zona intermediária entre o seu meio-campo e a ponta da lança ofensiva, neste caso Slimani, e faz uso da sua ampla técnica e visão de jogo em sustento das manobras ofensivas.
Por tudo isto e mais, que deixamos para uma outra ocasião, é justo afirmar que os números não mentem mas podem ser enganadores.
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