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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
A Sporting SAD apresentou os resultados relativos ao 3º trimestre de 2015/2016 à Comissão de Mercados e Valores Mobiliários. Segundo o diário A Bola esta apresentação de contas foi feita com atraso. Sabe-se que há sanções previstas no caso deste tipo de incumprimento.
Integrando-se estes resultados no contexto do exercício anual de Julho de 2015 a Junho de 2016, verifica-se que a Sporting SAD obteve até esta data um prejuízo no valor de 17,1 milhões de euros. O prejuízo é justificado com os "gastos associados a situações não recorrentes, no caso em apreço devido ao processo Doyen", que obrigou a constituir uma provisão no valor de 14,1 milhões de euros. No entanto, não havendo valores oficialmente confirmados, consta-se que será paga à Doyen uma quantia superior à que foi provisionada.
Se confrontarmos este prejuízo de 17,1 milhões de euros com o lucro de 22,1 milhões de euros que foi alcançado no período homólogo anterior, constata-se que existe uma preocupante perda de 39,2 milhões de euros.
No período restrito de Janeiro a Março de 2016, a Sporting SAD apresentou um lucro de 1,04 milhões de euros, fazendo com que o resultado do exercício anual até este momento se situe nesses 17,1 milhões de euros de dano.
Houve um crescimento acelerado nos custos com o pessoal. Nos primeiros nove meses, a Sporting SAD gastou 35,7 milhões de euros em salários e seguros, praticamente o dobro em relação ao período precedente. Neste aspecto, suscita alguma apreensão o facto de se prever ainda um maior investimento no futebol nos próximos meses.
Na rubrica dos gastos com pessoal fica-se, ainda, a saber que as remunerações dos órgãos sociais contemplaram um crescimento muito significativo: pagaram-se 320 mil euros, quando no período homólogo anterior foram 130 mil euros (um aumento de 146%).
No primeiro trimestre do actual exercício, a SAD obteve rendimentos de 7,6 milhões de euros com a venda de passes de jogadores, muito inferior aos 21,7 milhões de euros obtidos no mesmo período do desempenho antecedente. Conseguiu-se um saldo positivo de 1,5 milhões de euros na diferença entre a compra e a venda de passes desportivos de jogadores (16,1 no ano anterior). Excluindo eventos extraordinários, os resultados operacionais foram positivos (637 mil euros), muito abaixo do que foi registado no período do exercício transacto (23,8).
Ao contrário do que chegou a constar, a SAD do Clube continua a pagar elevadíssimas comissões a empresários. Houve lugar ao pagamento de mais de 1,8 milhões de euros em comissões pela contratação de cinco jogadores no mercado de transferências em Janeiro. Desta quantia, 1,3 milhões de euros referem-se a Bruno César. No que diz respeito às saídas de jogadores no mercado de inverno gastaram-se 400 mil euros em comissões. Portanto, pagam-se comissões a empresários em situações de venda e de compra de direitos desportivos de jogadores. Ironicamente, este valor é superior ao que consta no último R&C de Godinho Lopes.
Foram alienados passes desportivos de alguns jogadores, sem haver lugar à entrada de qualquer verba financeira. Foi o caso de Marcelo Boeck, Valentin Viola e Diogo Salomão, ficando a Sporting SAD com direito a uma determinada percentagem quando se verificar uma futura transferência de clube.
Há no presente relatório outros resultados que permitirão uma avaliação mais favorável, mas os que são realçados neste texto, pelo seu carácter e grandeza, suscitam uma séria apreensão. Nomeadamente pelas seguintes razões:
- A reestruturação financeira que foi anunciada em 2013 ameaça revelar-se inconsequente;
- O passivo cresceu de forma significativa, estando agora nos 245,5 milhões de euros (228,5 em 30 Junho de 2015);
- A Sporting SAD continua pagar aos empresários elevados valores em comissões;
- Serão vendidos os passes de jogadores nucleares para ser possível cumprir o que está determinado no Fair-Play Financeiro da UEFA;
- Persiste a prática antiga de recorrer à venda de direitos desportivos de jogadores para acorrer a situações de desespero financeiro.
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