Os três "grandes" chumbam fair-play financeiro

Rui Gomes, em 28.04.14

Sporting, Benfica e FC Porto estão longe de satisfazer os requisitos do fair-play financeiro da UEFA, sendo o caso do Sporting o mais grave. Isto, segundo revelou ao jornal "Público" o economista António Samagaio, professor da ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão).

Alega o professor que o Sporting, de regresso à Liga dos Campeões cinco anos depois, tem um prejuízo acumulado de 89 milhões de euros das épocas de 2011/12 e 2012/13, ultrapassando o limite imposto de cinco milhões de euros. Tanto o Benfica com o FC Porto também ultrapassam bastante o limite, mas muito abaixo dos números do Sporting: 22 milhões de euros e 15 milhões de euros, respectivamente.

Afirma António Samagaio: "Analisando as contas apresentadas nos últimos dois exercícios, que são as temporadas relevantes para esta primeira avaliação da UEFA (com implicações práticas no acesso às provas europeias relativas a 2014/15), as SAD dos três "grandes" não cumprem alguns dos critérios exigidos. No entanto, acho difícil que algum clube português venha a ser impedido de participar nas competições europeias, porque, nesse caso, seriam também abrangidos com essa penalização alguns clubes europeus de topo (como o PSG e o Manchester City). Acredito que esta eventualidade poderá servir como uma espécie de tábua de salvação para os principais clubes portugueses.»

O fair-play financeiro, analisado pelo Comité de Controlo Financeiro da UEFA (CCF, pretende impor aos clubes europeus a obrigatoriedade de não apresentarem nas suas contas despesas superiores às receitas no conjunto das temporadas em avaliação (relativs duas temporadas, nesta primeira fase, mas alargadas aos últimos três exercícios a partir da próxima época).

Muito embora a decisão não seja directamente da autoridade de Michel Platini, presidente do Executivo da UEFA, este já afirmou, em relação aos seus surpreendentes comentários sobre o PSG, neste contexto, que, para já, qualquer eventual punição não incluirá afastamento das provas europeias.

Factos são factos e não devem ser ignorados ou contornados numa tentativa de evitar confrontar o real estado das coisas. No caso concreto do Sporting, bem sabemos os resultados das más gestões dos últimos dois anos e decerto que estes também serão do conhecimento da UEFA. Dito isto, a parte que considero intrigante com esta revelação noticiosa é tentar perceber a que propósito vem um professor da ISEG dar uma entrevista ao "Público" neste exacto contexto. Poderá ser mera coincidência, mas considerando "o que a casa gasta", é difícil acreditar nessa eventualidade.

A extensa reportagem do "Público" pode ser lida aqui.

Tags:

publicado às 04:55

Comentar

Para comentar, o leitor necessita de se identificar através do seu nome ou de um pseudónimo.

navegação

10 comentários

De Leão 1906 a 28.04.2014 às 18:14

O artigo está ,para mim,claramente dirigido ao Sporting.Mas parece-me que não vão ter sorte.

Existe um documento no site da UEFA,

http://www.uefa.com/community/news/newsid=2064391.html

dirigido ao público em geral que tem o essencial.

Do texto:

"2) When does financial fair play start?

Financial fair play has already started, in 2011. Since then clubs that have qualified for UEFA competitions have to prove they do not have overdue payables towards other clubs, their players and social/tax authorities throughout the season. "In other words, they have to prove they have paid their bills".

From this current season (2013/14), clubs also have to make sure they comply with break-even requirements, which in principle means not to spend more than they earn...the first sanctions for clubs not fulfilling the break-even requirement will be taken following this first assessment in April/May 2014. The first possible sanctions relating to break-even breaches would be effective for the 2014/15 campaign."

Ou seja a questão dos prejuízos vai contar A PARTIR deste ano.

E que regras?

"3) Are clubs no longer allowed to have losses?

To be exact, clubs can spend up to €5million more than they earn per assessment period (three years). However it can exceed this level to a certain limit, if it is entirely covered by a direct contribution/payment from the club owner(s) or a related party.

The limits are:
• €45m for seasons 2013/14 and 2014/15
• €30m for seasons 2015/16, 2016/17 and 2017/18

In the following years the limit will be lower, with the exact amount still to be decided.

In order to promote investment in stadiums, training facilities and youth development, all such costs are excluded from the break-even calculation."

Portanto até agora tivermos que provar que tínhamos os pagamentos em dia.
A partir deste ano temos que cumprir as restantes regras.Notar que o fair play financeiro é muito mais complexo que isto mas dá para compreender o essencial.
E também a intenção de quem escreve o artigo,referindo sistematicamente prejuízos que ainda não são contabilizados.

Mas este ano já temos de cumprir todos os requisitos estipulados.

De Sérgio Palhas a 28.04.2014 às 19:30

Não há duvidas de que se queremos ser esclarecidos temos de ir à fonte, a nossa CS tem como 1º interesse a sua "clientela" só muito depois é que vem a sua obrigação de informar!

De Rui Gomes a 28.04.2014 às 23:35

Concordo com o Leão 1906, aliás foi sempre essa a minha suspeita, que o Sporting é o alvo do artigo. Porquê ?... Talvez, não sei, pelas razões que o leitor M citou.

De Rui Gomes a 28.04.2014 às 23:28

Parece-me óbvio que o objectivo da UEFA é de gradualmente conduzir os clubes para um curso de responsabilidade financeira. O que não é claro são as sanções por incumprimento. Platini disse há dias, palavras para o efeito, que aqueles que estão à espera de "sangue e lágrimas" vão ficar desapontados, porque a UEFA pretende ajudar os clubes e não castigá-los. Ou seja, sublinha o não afastamento das provas europeias.