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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Quando ainda na infância tomei contacto com a língua francesa havia um texto no livro oficial que me atraía quer pela sonoridade, quer pelo conteúdo. Tinha o título "Paroles, paroles, paroles".
Este texto veio-me à lembrança a propósito de certo "lupemproletariado do futebol". Isto é toda essa gente que come das muitas migalhas que caem da sua farta mesa, ora como comentadores profissionais de clubes, ora como jornalistas pretensamente isentos. Eles vivem de palavras, respiram palavras, com as quais rendilham opiniões, fazem juízos, destilam sabedoria, arriscam previsões, especulam. No fundo arrotam "postas de pescada" numa expressão mais brejeira.
Os comentários que se ouviu após o Sporting-FC Porto, para além das peripécias do jogo, bem espremidos, trazem pouco sumo, ou seja conteúdo irrelevante. Palavras, palavras, palavras. Eis alguns exemplos: quererão os melhores activos do Sporting, dizem, continuar no Clube quando já não há nenhuma motivação para jogar, por já estar afastado de títulos? E a resposta é indubitavelmente, não. E na mesma linha de raciocínio decretam que foi-se o campeonato, foi-se o segundo lugar, foi-se a Taça de Portugal, a Taça da Liga enfim, e a Liga Europa há-de ir.
Para não cair no mesmo erro e porque não gosto de discutir questões de "lana caprina" apenas me interrogo a quem interessa este destilar de verborreia futurista. Ao desporto, ao futebol, aos clubes ? Se neste país ou noutro há dois ou três títulos para ganhar, por três ou menos clubes, porque e para que jogam todos os outros? Os jogadores de grande qualidade que jogam nos clubes que não ganham títulos, andam todos desmotivados?
Outro aspecto que me parece irrelevante e até ridículo tem a ver com previsões baseadas numa determinada lógica. Ora se há actividade onde a lógica é deveras falível é no futebol. Lembro-me destes encartados da "ciência futebolística" terem posto "de caras" fora da final da Taça da Liga o Sporting, exactamente pela mesma lógica discursiva.Enganaram-se redondamente, engoliram o sapo, mas continuaram no mesmo registo.
Crucificam-se jogadores porque erram, treinadores porque perdem, dirigentes porque se enganam, mas estes "entertainers" são intocáveis. Inventam, erram como ninguém, mas nunca caem do pedestal comunicativo. Talvez porque nada produzem. São, por exemplo, como os notórios críticos literários que nunca escreveram um livro, nem o sabem escrever, mas arrasam quem o faz.
E as discussões sobre as arbitragens, senhores? Dão vontade de rir para não chorar. São sempre moldadas pelas bitolas do clubismo. E a apreciação dos penáltis? Os expert, os ex-árbitros, são grandes contorcionistas, na justificação do que querem provar. Dou como exemplo a última jornada. Nos lances "duvidosos" nos jogos do Benfica e Porto, tanto podiam ser como não ser, concluíram. É questão de critério pessoal. Pois, à conveniência...
E a continuação da selvajaria levada para os estádios pelas claques organizadas ou "não organizadas"? Repúdio e mais repúdio. Mais conversa fiada. Acção zero. Uma vergonha sem limites, com a inércia dos clubes, com a apatia dos órgãos oficiais e do Governo.
Diz um ditado: "quem não tem mais nada para fazer, faz colheres". Entendo o sentido, mas as colheres ainda servem para alguma coisa. Agora este "lupem" que gravita à volta do futebol que ocupa horas e horas de debates "inúteis" para que serve? Circo, sem pão?
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