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Pedroto e Vítor Damas

Leão Zargo, em 02.08.15

 

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O treinador José Maria Pedroto tinha uma profunda admiração por Vítor Damas que, aliás, nunca escondeu. Em 1976 quando o guarda-redes leonino estava de malas aviadas para o Racing Santander constou que o FC Porto de Pedroto tinha tudo preparado para o conduzir à Cidade Invicta a troco do salário principesco de cem contos por mês. No entanto, por artes e engenho de João Rocha o destino foi mesmo Santander.

 

Damas regressou a Portugal, em 1980, com destino ao Vitória de Guimarães treinado pelo mister Pedroto. Finalmente, o carismático treinador e o extraordinário guardião cruzavam-se no mesmo clube.

 

A propósito de ambos, Alcino Pedrosa, professor de História, investigador na área do Desporto e blogger do Leitura de Jogo, contou que, ainda jovem estudante universitário, conseguiu em 1978 uma entrevista com Vítor Santos, director de A Bola, para um trabalho académico. Quando chegou à Travessa da Queimada o jornalista estava a conversar com José Maria Pedroto.

 

Um dos temas da conversa era o futebol inglês e o Inglaterra-Portugal, disputado no Estádio de Wembley em Novembro de 1975, a contar para a fase de apuramento do Europeu de 1976. O jogo terminara empatado a zero golos graças a uma série de defesas espantosas de Damas. Antes do jogo, os ingleses estavam de tal forma convencidos da goleada que o diário Daily Mail distribuiu um cupão em papel para que os adeptos pudessem registar os golos marcados pelos Three Lions.

 

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Pedroto conversou longamente sobre o jogo e as suas peripécias. Em determinado momento, considerou que o futebol inglês era bastante previsível, pouco avesso a alterações tácticas, perdendo consistência se na primeira meia hora não se impusesse ao adversário. Segundo o técnico, a solução passava pelo controlo do jogo a meio do campo. Contou, ainda, como tinha analisado os jogos da selecção inglesa em Wembley nos últimos vinte anos.

 

Atento, o jovem Alcino Pedrosa aguardava pela oportunidade para se dirigir ao Mestre Pedroto. Quando surgiu, perguntou-lhe de rompante: “Senhor Pedroto, e se, em algum momento, falhasse a sua estratégia?” A resposta saiu pronta ao antigo seleccionador: “Tinha o Vítor [Damas] na baliza capaz de fazer defesas impossíveis”.

 

publicado às 13:38

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70 comentários

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De Paulo Teixeira a 02.08.2015 às 16:20

Caro Leão Zargo.

Se me permite, e a bem da justiça, o Mestre Cândido de Oliveira foi fundamental no Sporting, foi ele o "Pai" dos 5 violinos. Posteriormente, em meados da década de 50, Candido de Oliveira, foi o 1º ideologo do crescimento estratégico do FC Porto, lançou sementes, e o FC Porto nessa década de 50, foi duas vezes Campeão Nacional, e justamente fruto desse trabalho fundamental do Mestre Candido!

Em 81 Campeonatos, encontramos 4 Treinadores com um Tri-Campeonato (3 Campeonatos sucessivos conquistados) foram eles: Randolph Galloway (Sporting), Hagan (Benfica) e Jesualdo no FC Porto (o unico Português a consegui-lo), já falo no 4º, pela curiosidade!

Pois bem, o 4º Treinador a conquistar um Tri Campeonato em Portugal foi Bella Guttmann, mas com uma particularidade, ganhou o 1º no FC Porto em 1959 Campeonato Calabote (quando entra pela primeira vez em Portugal), e em 1960, e 1961 no Benfica. Curiosamente, Guttmann, que entrou em Portugal pela porta FC Porto, e despediu-se de Portugal pela mesma porta, FC Porto, e justamente na Revolução de Abril de 1974, aliás, era Bella Guttmann que estava no banco do FC Porto, quando Pavão ao minuto 13, na jornada 13 naquela tarde chuvosa e cinzenta de dezembro de 1973, Pavão faleceu no Estadio das Antas num FC Porto V Setubal (estes treinados por Pedroto, tinha sido Pedroto a lançar Pavão na 1ª equipa do FC Porto).

Outra curiosidade interessante, se Guttmann é o unico Treinador Tri Campeão por dois Clubes distintos, isto em Campeonatos disputados em Portugal, Jorge Jesus poderá repetir o que fez o Austro Hungaro, e nesta temporada em Alvalade poderá ser também o 2º Treinador Tri Campeão com 2 emblemas distintos, ainda não li, nem ouvi a Imprensa escrita/falada abordar esta curiosidade!

1 abraço,

PT
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De Leão Zargo a 02.08.2015 às 16:35

Paulo Teixeira
Há esquecimentos que são terríveis. Refiro-me ao Cândido de Oliveira, por quem tenho grande admiração como cidadão e desportista. Tem toda a razão.

O Alcino Pedrosa refere a seguinte afirmação de Artur de Sousa “Pinga”, adjunto do Mestre no Futebol Clube do Porto entre 1952 e 1954: “Cândido de Oliveira é a própria perfeição. Todos sonham em ser perfeitos, mas apenas alguns têm argumentos para o ser. O senhor Cândido nasceu e cresceu com essa aura. Para ele o futebol é um misto de geometria e genialidade.” (Pedrosa, Júlio (1954). "Pinga, o herói improvável, Recolha de testemunhos e notícias sobre o cidadão Artur de Sousa"; Porto, ed. de autor)
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De Alexandre Burmester a 02.08.2015 às 16:46

Caro Paulo Teixeira,

Não quero que fique com a ideia de que sou recta pronúncia, mas aqui vai:

1) O primeiro treinador português a sagrar-se campeão nacional três vezes, embora não consecutivas, foi Artur Jorge (1984/85, 1985/86 e 1989/90);

2) Quem lançou Pavão foi o brasileiro Flávio Costa, na sua segunda passagem pelo F.C. Porto, em 1965/66. Pedroto treinava o Varzim e chegaria ao Porto pela primeira vez como treinador na época seguinte.

Um abraço
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De Paulo Teixeira a 02.08.2015 às 17:57

Caro Alexandre Burmester,

Quando refiro Tri Campeão (3 X Campeão de forma consecutiva), não foi o caso de Artur Jorge, como também Jesus, ou Erickson, ou Glória, ou Szabo, entre outros!

Treinadores em Portugal Tri Campeões, há 4 como em cima referi, Jesualdo o unico Português a consegui-lo, e bem recentemente!

Sim, sobre Pavão, tem razão, Pavão fez estreia com Flavio Costa, mas com Pedroto passou a ser uma certeza!

1 abraço,

PT

P.S. Estou a ver um FC Porto quase vintage e com segundas linhas!

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