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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Em 2017, depois de uma longa ligação de 16 anos ao Sporting CP, Adrien Silva deixou o clube para rumar ao futebol inglês, numa aventura que acabaria por não se traduzir nos resultados que todos esperavam, especialmente o próprio médio, agora com 31 anos. Em entrevista ao 'The Athletic', o internacional português lembrou todo o processo, admitiu que poderia perfeitamente ter ficado nos leões para sempre, mas assumiu que sentia nessa altura necessidade de se testar. E mesmo não tendo dado certo, Adrien garante que não se arrepende.
"Não, nunca!... O mais importante era o desejo que tinha de experimentar a Premier League. Não queria acabar a minha carreira sem jogar noutro país, noutra cultura e noutro grande campeonato. Por isso quis ir para o Leicester, para sair da minha zona de conforto. Sim, podia ter ficado para sempre no Sporting, pois foi lá que me fiz jogador e homem, cheguei lá com 12 anos. Foi uma longa caminhada... Dá um sentimento diferente à minha carreira. Mas todos os passos que dei foram para me tornar melhor jogador", começou por explicar o médio.
"Quando decidi ir para o Leicester foi apenas porque pensei que precisava de testar os meus limites. Joguei contra jogadores e equipas de topo. Poderia ter corrido melhor, mas agora que olho para trás estou muito feliz por ter vivido essa experiência, por ter tido a chance de jogar nesses tipos de estádios - que nessa altura estavam cheios. Um jogo sem adeptos não é bem a mesma coisa", referiu, em alusão ao facto de agora os encontros de praticamente todos os campeonatos europeus serem disputados sem público.
Adrien Silva lembrou ainda que a transferência para o Leicester poderia ter sido fechada no ano anterior. "As conversas começaram então com o Sr. Ranieri. Por uma ou outra razão, acabou por não acontecer. O Sporting CP não aceitou a oferta, por isso fiquei. No ano a seguir surgiu nova tentativa, já sem o Ranieri e aconteceu", lembrou o médio, antes de recordar também o processo do famoso atraso de 14 segundos na sua inscrição, que o fez ficar sem jogar até Janeiro.
"É um momento difícil quando um jogador não pode jogar, especialmente por não ser devido a uma lesão, mas sim por algo que está fora do seu controlo. Foi muito frustrante, mas tive de seguir em frente. Ainda assim tive a chance de jogar em Inglaterra e na Premier League. Tentei adaptar-me o mais rápido possível, manter o meu nível e esperar por Janeiro.
Também não foi nada fácil para a minha família, pois era uma cultura e um modo de vida totalmente diferentes. Havia duas coisas principais às quais tinha de me adaptar: o novo futebol e o estilo de vida, mas a minha mulher esteve sempre lá a apoiar-me. Isso foi importante para mim", referiu o jogador, que agora actua nos italianos da Sampdoria, isto depois de ter jogado uma temporada e meia por empréstimo no Mónaco.
Em Itália acabou precisamente por encontrar o técnico que o quis levar pela primeira vez para o Leicester, o veterano Claudio Ranieri. "A primeira coisa que procuro saber é o treinador e percebe se ele me conhece bem. Se me quer e se o clube me quer. Quando vi que era o Ranieri, sabia que ele já me tinha tentado contratar, por isso tinha a garantia de que ele gostava das minhas qualidades e do que podia fazer pela equipa. Foi muito importante para mim e por isso decidi vir", admitiu.
Adrien revelou ainda que houve dois jogadores portugueses decisivos na sua opção. "Não perguntei a nenhum jogador do Leicester sobre o Ranieri, mas sim ao Bruno Alves e ao Bruno Fernandes. Um porque jogou lá [na Sampdoria] e outro porque joga em Itália. Quis saber a opinião deles sobre o campeonato e tudo isso. Disseram coisas boas sobre o clube e sobre a sua mentalidade, mas também sobre o campeonato. Tudo estava no ponto certo para tomar a melhor decisão", concluiu.
Na Sampdoria, refira-se, Adrien Silva regista quatro partidas disputadas até ao momento, ainda que nenhuma tenha sido na Serie A.
Reportagem de Fábio Lima, em Record
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