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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
*** Entendi que vale a pena rever este excelente texto do nosso leitor London Lion, a quem agradecemos desde já, sobre o Relatório e Contas da Sporting SAD.
"Eu leio este blogue há muito, mas por norma não escrevo muito. Peço desculpa pelo meu português escrito, consequência de estar há duas décadas em Londres.
Sou director financeiro aqui na Inglaterra. Serei melhor que o Zenha, mas visto que ganho razoavelmente bem neste momento, não teria condições para reduzir o meu vencimento consideravelmente por amor ao Clube. Dito isto, não critico nem o aumento dele nem o do Varandas, dado que ambos auferem bem menos que eu.
Tendo em conta o que pagamos, acho que até temos uma Direcção bastante competente (tenho a certeza que mesmo o Zenha teve um bom corte de vencimento para se juntar a esta Direcção). Criticar é sempre fácil. Em relação ao Relatório acho bem sportinguistas interessarem-se pelo Clube e lerem-no na integralidade e ignorarem as “headlines” de Records e afins.
A começar nas páginas 9 e 10 é normal referir uma série de factos que aconteceram depois do fecho das contas, pela movimentação do mercado em Agosto. Neste ano em particular, a maioria das vendas foi nesse período. Tendo presente a data do fecho do mercado, seria melhor apresentar os resultados anuais de 1 Outubro a 30 de Setembro do ano seguinte e alguns clubes estão a mover-se nesse sentido.
Na página 11 estão listadas as contratações desta Direcção. Dado um custo médio de 3.3m por contratação o mesmo que o Benfica ou Porto gastam em 1,5 a 2 contratações o sucesso é notável. Em 10, 4 são mais valias claras ou fazem parte da equipa principal (LP, Renan, Neto e Vietto) 1 e uma promessa, 4 ainda são uma incógnita e so Ilori falhou.
No fundo desta página, o número que salta à vista é 109.1m de gastos operacionais. Isto é incomportável para o Sporting e vai longe para explicar a grande necessidade da Direcção em reduzir salários.
Na página 14 podemos ver que a reestruturação das VMOCs ainda está em curso. Visto que isto é uma operação que pode reduzir (em muito) o passivo do Sporting (e viu-se a quase histeria do Benfica e Porto quando foi anunciada) é reconfortante ver que apesar de ter sido inevitavelmente atrasada com o caos que se instalou no clube a actual Direcção compromete-se a concluí-la pelo fim do ano.
Na página 16 verifica-se uma grande 'limpeza' da casa em termos de excedentários.
Páginas 17 a 26 são mesmo as mais interessantes para mim. Os resultados operacionais sem quaisquer transacções de jogadores são - 19m em 2017/18 e - 29m em 2018/19. Isto é a actual realidade dos 'grandes' portugueses que têm de vender para equilibrar as contas. A deterioração em 10m deve-se principalmente à não participação na Champions, mas há a necessidade de reduzir a folha salarial e fazer o Clube mais sustentável.
Não há muito a dizer dos ganhos, da pequena queda de receitas de bilheteira e de direitos televisivos que são igualmente causados pela não participação na Champions que ao todo gerou uma quebra de 14m.
Dado a redução salarial substancial mesmo depois do aumento do Bruno Fernandes e as receitas de jogadores em Agosto, acho que a SAD está no bom caminho e nos anos com Champions deveremos conseguir equilibrar o suficiente, que só venderemos para comprar.
Em relação aos resultados eu ignoro “Amortização e perdas imparidade passes”, é uma categoria que gera muita confusão, particularmente em jornaleiros. Para os propósitos de análise de resultados operacionais, eu prefiro substituí-la pelos montantes gastos em aquisições de jogadores.
Por exemplo, se compramos um jogador por 20 milhões, com um contracto de 4 anos, o tratamento contabilístico é não reconhecer o gasto imediatamente, mas simplesmente que se comprou um activo de 20m. Cada ano amortiza-se 5m nesta categoria e o activo reduz por 5m. Quando se vende o jogador o que falta amortizar é deduzido do preço da compra e o resto é considerado lucro. Já vi jornalistas do MaisFutebol confundir amortizações com comissões! Para calcular lucro ambos são deduzidos do preço da venda mas o que falta amortizar não e pago a ninguém e simplesmente referente ao que se pagou pelo atleta no passado.
Em termos contabilísticos, a 'prata da casa' vale zero e não entra nas contas de activos, por conseguinte, qualquer clube formador tem sempre mais activos que os contabilísticos".
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