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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
O Sporting está acima de tudo como?
Como disse Bruno de Carvalho ao jornal Expresso, os jogadores de futebol podem e devem ser criticados. Talvez até seja verdade também que, em Portugal, somos demasiado mornos nessas críticas. Mas para um presidente de clube, fazer as repreensões à equipa em público só tem uma vantagem, entre vários prejuízos evidentes: sacudir as culpas próprias.
E dar uma entrevista, repetindo os ataques aos jogadores e fazendo mira ao treinador, na véspera de um jogo tão importante como o Marítimo-Sporting é a mesma coisa. Não traria qualquer benefício a ninguém do clube, exceptuando ao presidente caso o resultado fosse mau. Por outras palavras, Bruno de Carvalho pôs o objectivo de sacudir culpas (ou pior, a vingançazinha adolescente) acima dos 30 milhões de euros que a Liga dos Campeões poderia valer e do estado de espírito que se deseja a uma semana da final da Taça de Portugal.
É possível contestar esta conclusão e fazer uma dúzia de outras interpretações dos actos do presidente; o que não se conseguirá nunca, nem com a ajuda de um argumentista de Hollywood, será explicar como é que isto defende o Sporting. De que maneira está o Clube acima de tudo com aquela entrevista? Bruno de Carvalho é mesmo um presidente-adepto ou será antes um adepto do presidente?
Ao fim de três anos e cerca de 20 milhões pagos a Jorge Jesus (por Bruno de Carvalho, sem pistolas apontadas à cabeça), mais o orçamento recorde desta época, impõe-se, claro, reavaliar o percurso. O primeiro problema, pelo menos aos olhos de um observador externo mas, com certeza, também para os sportinguistas serenos, está em perceber o peso, nos fracos resultados, destas perturbações constantes criadas pelo presidente. E, se calhar, reavaliar cada um desses episódios fazendo a pergunta básica: o que ganhou, ou teria a ganhar, o Sporting com qualquer deles?
José Manuel Ribeiro, jornal O Jogo
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