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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Algumas considerações do Dr. Frederico Varandas, em síntese, na entrevista de ontem à noite na CNN Portugal, entre as quais a confirmação que vai recandidatar-se à presidência do Sporting nas eleições de 5 de Março.
Sobre Rúben Amorim
"Nunca liguei muito ao que se diz sobre Amorim, caso contrário nunca o teria contratado. Todos achavam que não era bom para o Sporting. Foi uma jogada de antecipação, foi um momento decisivo, se não estaria num rival no final do ano, não tenho dúvidas algumas. Quando fechámos Amorim já havia pressão para ele não assinar pelo Sporting. Amorim dificilmente vai encontrar na carreira uma estrutura como esta.
A função de um presidente é reunir e fazer acreditar num projecto. Sporting chegou a um momento, em 2020, quando pode ir buscar este treinador, tem ao seu lado uma estrutura espectacular. Rúben Amorim é ainda jovem, está no primeiro ano da Champions e vai aos 'oitavos', campeão e está a discutir os outros títulos. É um treinador brilhante, um homem normal, como o presidente ou outros administradores. É um excelente líder. Amorim tem um contrato que quis assinar, até 2024, se me preocupar com Amorim tenho de me preocupar se vai haver sismo em Lisboa.
Saída? Não é hipótese. Amorim é inteligente, sabe que está a crescer, tem as condições ideias para crescer. Se calhar não vai estar 10 anos no Sporting, 8, 6, 4... Sei que assinou um contrato e está feliz. É um não assunto para nós. Ele é muito transparente. Claro que não tenho plano B. O Rúben Amorim é muito feliz no Sporting, para mim é um não-assunto. Sofríamos por não ter o Amorim, agora estamos a sofrer por o ter? Eu não, que não sofro nada. Preparado para o perder? É um não-assunto para nós, para mim e para o treinador".
O dia em que a bola não entrar
"Com opiniões positivas fico sempre lisonjeado, tal como vi agora esta carta aberta de 200 notáveis, que é uma palavra que não gosto de utilizar, não acho que haja… É um adjectivo que não considero justo. Há sócios conhecidos e outros que não o são. Claro que fico sensibilizado quando ando na rua e os sportinguistas vêm agradecer-me.
Em relação às sondagens, obviamente fico muito sensibilizado, mas não é por dizerem que fizemos um grande mandato ou mau trabalho que vamos alterar o nosso clube. É uma das qualidades da minha equipa, sermos imunes ao que se diz. O futebol é muito volátil. Sei que hoje tudo é maravilhoso, que ganhámos muitos jogos no último minuto, que muitos títulos e jogos vão ser decididos em pequenos detalhes, e que vai haver vezes que não vamos ganhar.
O sucesso não é eterno, e esse é o maior desafio de uma liderança. Sei que chegará a um momento em que a bola não vai entrar e que o fulano A, B, C ou D, que foi fundamental para a conquista do titulo, dizem que já não presta. Já perdi toda a ingenuidade de querer mudar o mundo, mas o mundo também se vai moldar a mim. Acredito no processo e na forma como trabalhamos. Quanto mais vezes trabalharmos bem, mais perto vamos estar de vencer".
Sobre a arbitragem
"O Sporting tem uma maneira clara e transparente e ter colaborado por lutar por um melhor futebol, íntegro, transparente e positivo. Considero, sem dúvidas, que a arbitragem está muito melhor. A herança dele (Fontelas Gomes) foi terrível. Até achei curioso há uns tempos o Vítor Pereira dizer que é sportinguista. Não tem ajudado muito recentemente. Foi um retrocesso, uma desgraça. Basta ver o caso dos emails... Ninguém sentia, nem a Federação, foi feito um trabalho muito positivo. Está a evoluir. Está perfeito? Não! Os clubes estão perfeitos? Não.
O VAR tem passado por dores de crescimento. O Sporting agora é mais respeitado, porque também se dá ao respeito. Não é fazer barulho, protestar para inglês. Nós falamos pouco, mas quando temos de falar, falamos. Em três anos e meio falei com Fontelas Gomes várias vezes e nunca critiquei um árbitro ou pedi um árbitro. Ele pode comprovar isso. Dou o meu feedback de como as coisas podem evoluir".
Sobre Marcus Edwards e reforços
"O objectivo era manter o plantel que temos, seria o objectivo. Temos um departamento de scouting, que nos dá alternativas se fizerem falta. Tabata? Por troca não! Completamente fora. Nunca existiu. Não vou mentir. [Edwards] É um jogador que interessa ao Sporting, ao nosso treinador, é interessante, mas interessava já há algum tempo e não chegámos a acordo. Posso gostar de uma coisa, mas se colocar em risco a sustentabilidade do clube, não. À data de hoje dificilmente vamos ter mexidas. Ficava contente com o plantel que temos. Se pudesse ter 70 milhões, claro que reforçaria. É óbvio que se pudesse ter mais um central direito e ponta de lança, teríamos. Mas não vale a pena estarmos a chorar com o que não é possível".
Nuno Santos sabe que fez mal
"Hoje de manhã na Academia, falei com ele e disse-lhe tudo o que achava. Gerou muito falatório por culpa do Nuno Santos. É um grande jogador, decisivo para sermos campeões nacionais. É um profissional de futebol. Sabe que vai ser insultado, tem de saber. Não vai ser sancionado internamente, vai ser advertido. Ele próprio sabe que fez mal".
Futebol e Justiça
"Estando a justiça como está, se alguma coisa está mal nestes 30 anos é porque a justiça não funcionou. Se o problema está naquele juíz... falamos de fiscalização, não estou a pôr nenhum juíz como administrador. Em vez de se tratar o mal pela raiz, isola-se o futebol... Se há bandidos no futebol, que sejam presos".
Trocas de jovens com o FC Porto
"O Sporting fez trocas apostando no valor desportivo do jogador. Fizemo-lo com o Gonçalo Esteves, um jovem de 17 anos, com o Marco Cruz, outro internacional português, ainda mais jovem, em quem acreditamos. Fizemos do ponto de vista puramente desportivo. Porque é que o FC Porto as fez, terá de lhes perguntar. O Sporting não pôs essas trocas nos resultados, no relatório e contas".
Aliança entre Benfica e FC Porto
"Não tenho nenhum sinal que haja essa aliança. Não me preocupa. O Sporting tem feito o caminho sozinho, sem nenhuma aliança. Estamos habituados a trilhar o nosso caminho sozinhos, muitas vezes orgulhosamente sós. Não me preocupa se existe uma aliança entre FC Porto e Benfica".
Recandidatura
"Serei novamente candidato. Isto exigia que a minha equipa também o quisesse. Tive de falar primeiro com a minha família, é um cargo extremamente egoísta, afecta muito todas as pessoas à volta. Nunca pensei em não terminar o mandato, isso nunca. Quando decidi candidatar-me, acreditava que venceria e acreditava que este rumo levaria ao sucesso. Sei que essa foi uma das armas do sucesso foi nunca nos agarrarmos à reeleição. Tivemos de tomar medidas muito impopulares; tivemos de tomar medidas que muitos sócios, adeptos e até grupos de adeptos não iriam entender, saberíamos que teríamos de meter o dedo na ferida. Os 40 anos de insucesso de uma forma generalizada não se explicam apenas com factores externos, mas sim internos. Isso teria de ser mudado, teria de ser duro, e foi".
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