Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Fernando Pessoa, que não sei se ligava ao futebol, para além da poesia, escreveu o slogan para promover um refrigerante novo em Portugal, e que é, "Primeiro estranha-se, depois entranha-se". E, com convicção ou não, acabou por estar certo.
Quando se contrata um treinador de futebol, e um pouco conhecido, enquanto tal, não se sabe se vai entranhar-se ou não. Para já, para muitos sportinguistas, apenas se estranha. Fazendo um esforço para ser isento, focando-me apenas no acto e no seu contexto, e não em pressupostos em relação a quem o toma, prefiro assumir a expressão na sua totalidade.
A decisão de contratar Rúben Amorim, por mais especulações que avancemos, só obedece às motivações de quem a tomou. Podemos dizer que foi desespero, podemos afirmar que é de grande risco, podemos dizer que é deveras ousada, e o mais que nos vier à cabeça. Mas a verdade é que certamente foi ponderada, discutida, avaliada, por quem tem legitimidade para a tomar, até porque implica a disponibilidade de uma verba muito significativa. Neste sentido, parece-me de bom senso dar, no mínimo, o benefício da dúvida.
A vantagem ou desvantagem da bondade desta contratação, ou de outra, nunca se deve avaliar à priori. As avaliações feitas deste modo, valem o mesmo que os prognósticos dos resultados de jogos, com uma agravante, ou é por revanchismo ou por má fé. Tanto mais que a história recente do Clube está cheia de más decisões, já comprovadas. Se este acto de gestão desportiva foi bom ou mau saber-se-á a seu tempo, e só então poderemos apurar consequências.
Pode-se dar um bom número de exemplos de decisões que correram mal - que são por de mais conhecidas - que geralmente passaram incólumes e sem o mínimo de contestação. O problema é que a memória é muito curta, e a avaliação sempre subjectiva e à conveniência.
Outra questão discutível é a ética desta aquisição, retirando o técnico ao clube para quem trabalhava, embora com base nos regulamentos, mas sem o seu acordo. O presidente desse clube pelos vistos rejeitou qualquer negociação e mostrou não querer perder o treinador neste momento... se estava a ser sincero. Nesse aspecto, tenho que referir, que não me parece muito correcto e que esta norma devia ser revista.
Mas concretizada a contratação, de acordo com as regras em vigor, Rúben Amorim, que aceitou o desafio (não foi obrigado a tal) como um passo em frente na sua carreira, é o treinador do Sporting, e precisa de ser bastante apoiado por todos os que põem o Sporting acima de direcções, e que não reagem previamente em função de simpatias, ou das suas avaliações subjectivas. O seu êxito é antes de mais o êxito do Sporting.
P.S.: Admito que a cláusula de rescisão é muito elevada, e pouco comum, mas era a única possibilidade para trazer o técnico de imediato. Fomos informados pelo presidente que será acomodado no orçamento já aprovado para o futebol. E se não há equipas sem bons jogadores, muito menos as há sem bons treinadores. Só o tempo o dirá.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.