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Em entrevista ao Jornal Económico, Miguel Poiares Maduro - professor universitário e antigo presidente do Comité de Governação da FIFA - olha para a actual crise com muitas reservas e elenca vários riscos caso os clubes sejam deixados à sua sorte: um deles é a integridade das competições.

"A FIFA deverá usar boa parte das suas reservas para ajudar os clubes, num bolo de mil milhões de euros; já a UEFA também tem condições financeiras para o fazer e com receitas de quatro mil milhões de euros, é de esperar uma fatia considerável para ajudar os emblemas em dificuldades".

Como podem a FIFA e a UEFA ajudar os clubes?

A FIFA, por exemplo, já disse que estava disponível para usar boa parte das reservas que tem e fala-se muito de um plano superior a mil milhões de euros para apoio ao futebol, resta saber como é que esse plano pode ser organizado.

A UEFA tem igualmente seguramente condições financeiras para ajudar, recordo que as receitas anuais deste organismo chegam aos quatro mil milhões de euros e grande parte desse dinheiro é distribuído aos clubes através dos direitos que os clubes recebem com base na Liga dos Campeões e na Liga Europa.

Creio que nesse exclusivo sentido e usando essas verbas podia ser equacionada uma taxa de solidariedade de 50% ao longo do próximo ano que faria com que a UEFA pudesse desenvolver um fundo com uma quantia substancial destinada ao apoio aos clubes.

O que está em causa com esta crise?

É preciso perceber o que está em causa. Na minha perspectiva, estamos perante uma crise económica global mas que afecta de forma muito particular a indústria do futebol dada a circunstância desta modalidade por definição envolver uma agregação tão massiva de adeptos que fez com que a pandemia tivesse causado a paralisação total da actividade económica.

Isto significa perda total das receitas de bilheteira e das receitas obtidas nos dias de jogo; provável suspensão dos direitos televisivos e em Portugal percebemos que os operadores, para já estão a pagar mas noutros países, esses pagamentos foram cessados; perda de receitas de publicidade já que este é um sector que é um dos primeiros a sofrer cortes e por último, menciono as perdas ao nível dos activos principais dos clubes, que são as vendas de jogadores, como é o caso de Portugal.

O resultado é que as quatro principais receitas das SADs são praticamente reduzidas a zero ou sofrem cortes substanciais. Vai implicar uma grande fragilidade económica e financeira nos clubes, vai colocar em causa a sustentabilidade financeira de muitos clubes que pode culminar em muitas falências, atrasos nos pagamentos aos jogadores e até a possibilidade de desemprego de futebolistas e  anda vai expor os clubes à possibilidade de estarem mais susceptíveis a aquisições e investimento de capital externo que muitas vezes pode ser de origem duvidosa.

E aí entramos no problema do matchfixing?

Sabemos que o matchfixing é um problema enorme e que em muitos casos, estas situações já não implicam a corrupção de árbitros ou de jogadores mas sim a compra de clubes de futebol, não apenas para lavagem de dinheiro mas também para ganhar dinheiro com o matchfixing.

Desta forma, a actual crise pode colocar em causa a integridade das competições e a forma como a FIFA e a UEFA lidarem com a situação vai ser fundamental no sentido de saber se pretendem a integridade das competições desportivas e a sustentabilidade do modelo de futebol ou se este modelo vai deixar de ter como base as competições nacionais e evoluir-se para um sistema americano.

publicado às 11:00

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3 comentários

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De Mike Portugal a 20.04.2020 às 11:39

A única forma de minimizar o problema do matchfixing (que existe há decadas), é diminuir a quantidade de dinheiro que se movimenta nessa área. Ou seja, colocando tetos salariais obrigatórios, tetos nas % de empresários, nas compras, nas vendas, etc...
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De Geraldes CB a 20.04.2020 às 11:58

E acha que os futebolistas (e os seus empresários) iriam aceitar tetos salariais?

A questão é mais funda do que isto. O Benfica, que tem os 100 milhões ou lá o que é do Félix, está a viver dessa bolha, mas já saíram notícias de que o número de lugares cativos e de quotas está a descer bastante, comparativamente a anos anteriores. Isto, além da quebra de todas as demais receitas de que se fala no artigo.

Quando digo que a questão é mais funda, refiro-me aos efeitos do vírus em si. Suponhamos que as competições regressam (tanto faz em maio, como em dezembro). O que sucederá quando um atleta der positivo? A sua equipa continua a jogar? Entretanto, como se trata de atividades de intenso contacto físico, é muito provável que, quando for detetado, já tenha contaminado colegas e/ou adversários. Por mais testes que se façam, haverá sempre alguém assintomático, por exemplo.

E se 5, 6, 7 jogadores de uma mesma equipa acabam infetados em simultâneo? Circo ou não, recordemos a história do Steúbal de há uns meses. O que se faz também nesse caso? A equipa fica em quarentena? Continua a jogar com os que forem sobrando? Que virtualidade tem uma competição neste estado de coisas?

Eu não tenho resposta para nada disto, nem tenho de ter, mas parece-.me óbvio que é uma situação extremamente complexa e que há quem não esteja a pensar razoavelmente sobre ela.
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De Mike Portugal a 20.04.2020 às 13:36

Geraldes CB,

Se querias escrever sobre o virus, então fazias uma resposta tua com isso. Ao responder ao meu comentário, que não tem NADA a ver com virus e sim com matchfixing, fico sem perceber qual é a relevância deste comentário ao meu.

Os jogadores e treinadores têm que aceitar o que as entidades superiores os obrigarem a aceitar. Veja-se outros desportos como a NBA.

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