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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Este artigo já estava pensado antes da detenção do líder da Juve Leo e as consequentes reflexões não são afectadas por essa circunstância.
Assisti ao aparecimento, ainda no Estádio antigo, da Juve Leo; foi uma lufada de ar fresco, uma alegria contagiante no apoio à equipa, uma plástica inovadora, abrilhantada com a música dos Vapores do Rego. Nesta, como em muitas outras frentes, o Sporting inovou, foi o primeiro.
Outros comentadores mais abalizados explicarão as razões desportivas, e outras, que conduziram à subversão deste espírito inicial e empurraram a Juve Leo para aquilo que hoje é. Não quero adjectivar, mas quero dizer que nesta história não há inocentes, de agora ou de antes.
Em minha opinião, há coisas que mais vale atalhar do que remediar; o que a Juve Leo fez assume tamanha gravidade que é inaceitável à luz dos valores que devem reger o clube e este não pode deixar-se ficar.
Com todo o respeito, não creio que o assunto se resolva com a proibição de ir no charter da equipa ou no encurtamento do prazo de reembolso dos bilhetes; compreendo a boa intenção, mas viu-se a reacção e esta diz tudo.
O Sporting CP tem, de uma vez por todas, de demarcar-se da Juve Leo; e, se não a pode juridicamente extinguir, pode exercer os seus direitos enquanto entidade promotora do espectáculo desportivo, nomeadamente denunciar com justa causa o protocolo existente, proibir o acesso ao estádio, acabar com as tolerâncias e o apoio financeiro.
Costumo dizer que a Justiça distributiva em Portugal só poderá existir quando houver um governo que não ceda à chantagem dos sindicatos dos professores (os funcionários mais bem pagos de Portugal, na opinião da OCDE); só existirá paz no Sporting no dia em que o clube se livrar da nefasta dependência da Juve Leo.
A argumentação de que tudo é permitido porque esses adeptos é que se sacrificam pelo clube e o apoiam em todo o lado tem limites. Haja alguém que assuma que gente da laia de Fernando Mendes ou de Mustafá não é digna de chefiar uma claque do Sporting, que comportamentos como Alcochete, as tochas em cima de Rui Patrício, as intimidações e agressões, a ordinarice das palavras de ordem não são toleráveis e que, conclusão lógica, a Juve Leo, tal como é hoje, não tem lugar, não encaixa nos valores e práticas do clube.
Se houve, no passado, o rasgo de criar a Juve Leo, haverá que ter agora a clarividência de acabar com ela. Até porque há mais claques e outras podem ser criadas. E haverá sempre, mas sempre, adeptos que apoiem o clube.
Carlos Barbosa da Cruz, jornal Record
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