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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
A recente decisão do Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) sobre o litígio entre o Sporting e a Doyen revela que algo de profundamente insensato domina a vida do Clube. O temperamento primário e a pulsão instintiva de Bruno de Carvalho, aliados à presunção que ele sempre revelou de que acredita que passou a ser o que de facto nunca foi, provocam grande apreensão nos sportinguistas. Receia-se o pior quando alguém confunde a percepção da realidade e as decisões que toma são em geral reactivas, raramente prospectivas.
A direcção do Sporting recorreu da decisão do TAD, apresentando no Tribunal Federal Suíço um “requerimento para efeito suspensivo” do pagamento por conta do caso Doyen. Segundo os jornais, o Clube terá argumentado com a necessidade de “salvaguardar interesses de compromisso, quando se trata de evitar que o pagamento exponha o devedor a dificuldades financeiras”, alegando mesmo não ter o dinheiro suficiente, no caso da execução do acórdão, para manter o treinador e determinados jogadores do plantel.
Ainda segundo os jornais, o Sporting solicitou a um revisor oficial de contas uma análise da situação financeira do Clube e um parecer sobre o “dano que causaria a execução imediata da sentença” que determina o pagamento de cerca de 14 milhões de euros à Doyen. As conclusões do relatório são extremamente preocupantes, no que refere ao passivo corrente, défice de tesouraria e crédito disponível.
Rogério Alves afirmou de forma sibilina que o Sporting “é um clube devedor”. Mas, a situação pode ainda ficar agravada pelas afirmações de Bruno de Carvalho na última Assembleia Geral do Sporting quando sugeriu que o TAD terá “inventado” um valor para o salário de Nani. O pior ainda está por vir.
É inaceitável que o presidente do Sporting não tome decisões sustentadas juridicamente. É inimaginável que o presidente do Sporting não cumpra com o estabelecido em contratos assinados livremente, não obstante determinados juízos sobre os mesmos. É impensável que o presidente do Sporting considere que pode governar uma instituição relevante arrastando mais e mais processos nos tribunais.
O Sporting recorreu para o Tribunal Federal da Suíça, o que significará mais despesas sobre custas judiciais e aumento dos juros, para além de se adiar um pagamento inevitável, continuando a reputação do Clube a ser enlameada. Não se conseguiu a renegociação ou um acordo adequado na devida altura, não é por uma pendência desesperada que vamos ganhar o que quer que seja. A contestação de um contrato faz-se em tribunais criados para o efeito, agora já é tarde. E pode interferir com o Fair-Play Financeiro imposto pela UEFA.
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