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A ciclópica e temerária cruzada a que, corajosamente, se devotou Rui Pinto – desmascarar de vez a gigantesca teia mafiosa internacional do futebol (com acentuado envolvimento português) – é, reconhecidamente, digna do apreço e do incentivo de toda a gente que exige, pugna e paga por um jogo limpo, honesto, livre de batota e de corrupção. Ele tem prestado, por isso, um indubitavelmente relevante serviço de multinacional interesse público.

Desconcertante e enigmaticamente, porém, o jovem alegado hacker encontra-se, como se sabe, preso em Portugal desde Março, porque a medieval e sempre intrigante Justiça portuguesa assentou a sua total prioridade na caça ao “malandro” do denunciante – em vez de se concentrar primordialmente no mais óbvio, no que verdadeiramente importa: a investigação dos inúmeros actos e suspeitos nacionais da prática dos gravíssimos crimes denunciados (algo a que, obviamente, os envolvidos procuram impedir…).

Ora, como é fácil de perceber, esta surreal posição da nossa desacreditada justiça não aponta para o combate à criminalidade organizada, apenas a incentiva e conforta os seus actores. A sua mensagem parece, pois, ser: “cometam à vontade as vossas vigarices, que, se elas forem denunciadas, os delatores é que serão condenados”. E isto é o que se poderá chamar de “Justiça do avesso”…

Evidentemente que o grau de valor do delito imputado a Rui Pinto pelo Ministério Público português, e usado como pretexto para a sua detenção – recurso a meios ilícitos nas suas pesquisas das fraudes cometidas pelas redes mafiosas do futebol – não é, de modo algum, minimamente comparável com a importância extrema da dimensão e gravidade dos crimes por ele detectados, documentados e revelados no Football Leaks – corrupção, suborno, fuga aos impostos, lavagem de dinheiro sujo, tráfico humano e de influências, pressões, trocas de favores, jogos viciados, resultados adulterados, apostas manipuladas, etc. – envolvendo tanto a FIFA como a UEFA, federações, clubes, dirigentes, empresários, agentes, investidores, advogados, banqueiros e, até, futebolistas.

Tudo ilegalidades que causaram, e continuam a causar, incalculáveis danos aos países e instituições lesadas. Mas, sobretudo, à própria indústria do futebol mundial e aos amantes do excitante jogo – cuja existência futura se julga cada vez mais imprevisível.

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Entretanto, como tem sido noticiado, para além das críticas públicas da eurodeputada Ana Gomes à actuação das autoridades portuguesas – que acusa de agirem a pedido do notório fundo de investimento Doyen Sports, suspeitamente ligado à máfia do Azerbaijão, sediado em Malta, e que nem sequer paga quaisquer impostos em Portugal – tem vindo a crescer de visibilidade e de tom a condenação internacional contra a absurda e paradoxal situação a que Rui Pinto está forçadamente submetido no seu próprio país.

Isto, com destaque para a recém-publicada carta aberta em defesa do jovem português, subscrita por cerca de cinquenta diretores de jornais (como “The Sunday Times”, “Der Spiegel”, “Le Soir” e “Politiken”), jornalistas, eurodeputados, directores e fundadores de várias organizações não-governamentais, incluindo Repórteres sem Fronteiras, Freedom of the Press Foundation e o Centro Europeu para a Liberdade de Imprensa e dos Media.

Há, ainda, que salientar o importante facto das autoridades policiais, judiciais e fiscais de França, Bélgica, Holanda e Suíça, confiadas na total legitimidade de todas as provas até agora recolhidas, já terem manifestado o seu empenhado interesse na colaboração de Rui Pinto, com vista à investigação das eventuais fraudes e respectivos suspeitos. E as autoridades de Portugal, o que farão?...

Não existe, portanto, dúvida alguma de que sem a prestimosa e grandemente arriscada iniciativa do jovem português e seus companheiros, a actividade criminosa das sinistras máfias do futebol mundial prosseguiria – silenciosa, ignorada, opaca, rentável, confortável e impune – no segredo dos deuses…

Mas, meditando, finalmente, em toda esta execrável e tenebrosa realidade de momento, a grande interrogação dominante que ressaltará nas mentes comuns não poderá deixar de ser: “Quem tem medo de Rui Pinto?”…

Texto da autoria do leitor/colaborador Leão da Guia

publicado às 04:04

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3 comentários

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De Rampante a 17.06.2019 às 11:07

O tema "Rui Pinto" é sempre um tema polémico no sentido que remete para o velho proverbio "ladrão que rouba ladrão...", e aqui há e haverá sempre visões distintas acerca da pena a aplicar.

As minhas considerações são:

1º Rui Pinto esteve envolvido num esquema com um banco das ilhas Caimão. Fez acordo e não houve qualquer acusação. Ponto. Utilizar este assunto nesta discussão é só para lhe "queimar" a imagem e dar a ideia de marginal. E as pessoas fazem-no seguindo a cartilha que ouvem nas TV's sem sequer estarem inteiradas acerca do que verdadeiramente aconteceu.

2º Aparentemente Rui Pinto estará por trás do site Football Leaks. Este site à semelhança de outros "informadores", começou por expor e-mails e contratos que revelam práticas ilegais. O SCP foi um dos principais visados e naturalmente apresentou queixa (tal como a Doyen).

3º O fim dos TPO's. investigações à Doyen, castigo por 3 anos ao Twente, conhecimento de contratos laterais para fuga ao fisco de vários países, exposição de crimes graves no seio da UEFA e FIFA e o para já "congelamento" na ideia de criar uma super liga europeia.
Tudo isto foram consequências das denuncias do Football Leaks.

4º Apesar de não existir relação oficial, nem provas conhecidas, existe uma tentativa óbvia de colar Rui Pinto aos "e-mails do SLB". Rui Pinto admitiu ser um dos que está por trás do Football Leaks, no entanto afirma não ter nada a ver com os mails do SLB.
Rui Pinto que afirmou não ter nada ver com os e-mails do SLB, admitiu no entanto ter tido acesso a e-mails de cariz politico e jurídico.


O que me impressiona neste assunto:

1º Em Portugal existe 2 facções: a favor e contra Rui Pinto.
Curiosamente contra Rui Pinto está essencialmente a massa adepta do SLB, muito motivada pelos comentadores desportivos. Factualmente, Rui Pinto já admitiu ter informações muito mais sensíveis do que os mails expostos do SLB, mas nunca admitiu ser quem está por trás desses mesmos mails.
Adeptos do SCP e FCP que foram prejudicados com o Football Leaks, curiosamente colam-se a favor de Rui Pinto.

2º "Hackers" e "informadores" são duas categorias distintas.
Um Hacker domina um sistema informático e ultrapassa desafios de segurança. Muitos têm motivações criminais, outros apenas actuam pelo "desafio".
Um "informador" é aquele que obteve por uma qualquer via, informações sensíveis e ou as vende/dá a jornalistas ou as expõe publicamente.
Historicamente, os Hackers quando apanhados ficam com penas suspensas sendo-lhes exigido em troca que cooperem com o governo e/ou empresas de segurança.
Já os "informadores", depende.
Quando a informação que transmitem é de pessoas ou empresas, tornam-se colaboradores da Justiça sendo-lhes inclusivamente oferecida protecção. Se a informação é "Governativa ou de Estado" então são presos.

4º Rui Pinto curiosamente é aparentemente "hacker" e "informador" em simultâneo.

5º Rui Pinto nunca expôs informações que colocassem em questão o "Estado". Todas as informações tiveram como alvo organizações privadas e ou individualidades.
Apesar disso a Justiça Portuguesa nunca lhe deu amnistia a troco de colaboração (ao contrário de outros países), e isto apesar de Rui Pinto "acumular" características únicas ao ser "hacker" e "informador".
Apesar de me considerar bem informado, não conheço outro caso no mundo em que perante um individuo com as características de Rui Pinto, a Justiça não o "aproveite".


Tudo isto me leva a concluir que não havendo qualquer acto de Rui Pinto contra o Estado Português, a Justiça Portuguesa está neste caso a defender interesses privados, o que em Portugal não é surpresa nenhuma.
Pessoalmente acredito que estes interesses privados até se cruzem com o futebol (eventualmente com o SLB, dado o ataque protagonizado pelo mesmo contra Rui Pinto), no entanto é minha convicção que vá MUITO para além do futebol.

Só isso justifica a forma única como Rui Pinto tem sido tratado.

Não o desejo e espero estar enganado, mas acho que um dia não muito longínquo, a Justiça e Governos de Portugal, irão ser mundialmente chacoteados pela forma como estão a conduzir este caso.

Saudações
Rampante
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De Hugo Gomes a 17.06.2019 às 13:48

Caro excelente descrição mas para mim a dificuldade é em saber se é informador ou hacker ou os dois, pois ele roubou informação e tentou vende la e depois expos quem nao pagou ( o que pode ser visto com intimidação paraos proximos se não pagares eu exponho) e tambem que com a informacao importante tambem expos informação de pessoas inocentes e aí entramos numa outra questão,
Pois em parte da informação que ele forneceu às autoridades francesas tem lá informação privada inutil para o caso.
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De Rampante a 17.06.2019 às 16:43

Caro Hugo Gomes,

O caso de Rui Pinto é único... não duvido que estejam já a existir "maquinações" para produção de filmes e/ou documentários...

É que o Rui Pinto pisou todos os riscos "éticos" e terá até tentado tornar-se um "criminoso", no entanto "faltaram-lhe unhas" para saber dançar ao som das "máfias" do futebol (e não só) e terá feito marcha-atrás resolvendo antes expor tudo e dar a imagem de bom samaritano.
Normalmente, os hackers tentam resistir até à última antes de serem apanhados, mas Rui Pinto "cedeu" numa fase ainda muito precoce.

Smith, Morris, Lamo, Pulson, etc... tudo grandes hackers que causaram inclusivamente prejuízos de milhões de dólares ao longo dos anos a entidades publicas e privadas... Todos eles "sofreram" caças ao homem gigantescas que envolveram entidades como o FBI, CIA, NSA, etc... Apesar de condenados, praticamente não passaram nenhum tempo na prisão pelos seus crimes... todos trabalham actualmente para as entidades que os perseguiram no passado... Morris é inclusivamente professor no MIT.

É óbvio que o crime não deve ser premiado, mas há muitas formas de fazer justiça... o talento/conhecimentos não deverão ser ignorados, desde que, isso venha a trazer vantagens para um interesse superior.

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