O caos em que vive o Sporting pode ajudar o futebol português a ganhar outra imagem de seriedade no que às claques diz respeito. Independentemente das variadas razões dos associados leoninos para estarem de acordo ou em desacordo com o seu presidente, torna-se claro que as claques, recorrendo à violência, não podem determinar se Frederico Varandas pode manter-se na liderança do clube. Aproveitando a boleia, as autoridades, sejam as ligadas ao futebol, sejam as governamentais, não podem perder esta oportunidade de colocarem na ordem os desordeiros que espalham o terror pelos estádios.
Como é possível, depois dos ataques à Academia de Alcochete, tudo ter ficado na mesma? Como é possível o Benfica continuar a dizer que não tem claques organizadas? Como é possível o FC Porto permitir que a sua claque imponha o medo aos jogadores e a todos aqueles que não concordam com as suas fatwas? Olhando para os jogos que se realizam em Inglaterra, vemos bancadas cheias de famílias inteiras: avôs, filhos e netos a saudarem ou a apuparem as suas equipas, e os hooligans, aqueles que foram condenados, estão à hora do jogo nas esquadras da sua zona de residência. E é por isso que esses adeptos que nada mais querem que a destruição, aproveitam as visitas ao estrangeiro dos seus clubes para espalharem o caos nesses países.
Mas voltando a Portugal, o que será preciso para haver coragem de tornar os estádios de futebol um local aprazível onde os adversários se respeitam e convivem tranquilamente? Não conheço nenhum grupo de amigos onde só haja adeptos de um clube. Logo, é esse espírito que tem de ser transportado para os estádios.
Já se sabe que tanto a FPF como a Liga de Clubes não têm coragem para enfrentar a força dos três grandes, mas cabe ao Governo mostrar que vivemos num Estado de Direito e que não são grupos de desordeiros que impõem a lei do mais forte. Essa, que a demonstrem nos estádios a aplaudir ou a assobiar as suas equipas.
Vítor Rainho, jornal i