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* Negócio de João Mário estará prestes a ruir, o que não será necessariamente mau, se o jogador não permanecer contrariado em Alvalade, ou se esta sua permanência se revelar fundamental à conquista de títulos.

 

Março de 2015, Estados Unidos

 

A General Electric encontrava-se novamente perante o abismo, após a grande crise de 2008. O outrora poderoso grupo (que chegou a ter uma cotação de 280 Biliões de Dólares em Bolsa) avaliava-se neste momento pouco mais de 30 Biliões de USD, fruto de uma desastrosa política financeira de sobrevalorização de activos sobre os quais não detinha suporte (cash flow) suficiente para os manter. Na ocasião, uma das maiores Holdings gestoras de participações norte-americana – a JP Morgan – procurava desbloquear um cativo patrimonial de 33 Biliões de USD à GE (que detinha património imobiliário um pouco por todo o mundo avaliado em cerca de 10 de Biliões de USD). Sem sucesso.

 

Para ultrapassar o impasse, eis que surge então um novo grupo de Private Equity, que com uma “pequena” equipa de 98 gestores, 4 semanas de trabalho e um Leverage Buyout (quando se adquire a participação pela compra de dívida), delibera a cisão total dos “activos tóxicos” da GE, possibilitando o grupo industrial concentrar-se exclusivamente na sua recuperação financeira. O resultado? Aumento de 11% em Bolsa com o fecho de ano a alcançar 17,3 Biliões em lucro (contra 27 Biliões negativos do ano anterior).

 

"This type of business provides us with deep insight into the market, letting it put more capital to work.”

Uma fonte da GE, ao Wall Street Journal

 

Agosto de 2015, Lisboa

 

Proveniente de Inglaterra, chega a Alvalade uma proposta de aquisição do passe de Carrillo por valores a rondar os 50% do montante descrito pela cláusula compensatória desportiva entre o atleta e o clube. O Sporting rejeita a proposta, considerando a aposta no jogador fundamental às suas aspirações imediatas – eliminatória de acesso à Liga dos Campeões. A equipa inglesa e o atleta são porém informados que a partir o 26 de Agosto – após o jogo da segunda mão com a equipa de Moscovo, haverá abertura a diálogo. O Sporting tinha eliminado recentemente SL Benfica no jogo a contar para a Supertaça, e todas as expectativas estavam elevadas para uma época de sucesso desportivo e financeiro.

 

O primeiro jogo com o CSKA corre de feição. Carrillo tem uma das melhores exibições, estando presente nos dois golos do Sporting. A astúcia de Bruno de Carvalho no adiar do negócio estava “alinhada com as estrelas”. Dias mais tarde, perante a nossa eliminação, chega-nos uma segunda proposta por valores bem mais baixos dos que apresentados anteriormente. O Sporting rejeita a proposta, oferece um novo contrato ao jogador (elevando para o dobro a cláusula de rescisão) oferecendo metade do vencimento líquido descrito na proposta do clube inglês. O resultado? A história que todos conhecemos.

 

“If it's good only appears the proposal of Leicester, that colossus of world football? When I was young I also believed in Santa Claus, but then I stopped believing."

Bruno de Carvalho, 2015

 

Uma reflexão

 

Deverá imperar alguma ponderação nesta política de sobrevalorização de activos e posição negocial de “off-business” a que a que se está a sujeitar o Sporting, afim de evitar graves riscos a médio/longo prazo pelo inflacionamento do impacto salarial. Entre o Sporting não querer vender ou os clubes não quererem comprar ao Sporting, poderá existir uma falta de razoabilidade que iniba o aparecimento de mais propostas por um jogador nosso, partindo do princípio que as maiores verbas a circular nesta industria são efectivamente as transacções entre clubes. Esta posição do Clube poderia ter feito bastante sentido há alguns anos atrás, quando emergiam os Fundos ou se contratavam “Hulk’s” por 60 Milhões. Hoje, devemos considerar a criação de relações entre clubes e Cash-Flow imediato como uma solução para os próximos 10 anos, afim de se garantir estabilidade desportiva no clube (e financeira obviamente), que a falta de soluções de receitas próprias não nos permite manter. Não se trata do Sporting ter de aceitar qualquer proposta que nos ofereçam por um activo, mas do facto de estarmos a negociar com apenas um clube que na realidade não tem capacidades financeiras para alcançar o que o Sporting pretende.

 

Outra face deste modelo de gestão é a observável dificuldade em valorizar jogadores de segunda linha para o mercado primário – à excepção dos campeões europeus – algo em que o nosso treinador terá sido bem sucedido no passado. Poderão Gelson, Matheus e Semedo valorizar tanto quanto João Mário ou William, por exemplo? Dois caminhos nos podem assistir: a opção entre esta política de marchand de obras de arte, ou o aproveitamento reconhecido das aptidões de Jorge Jesus em formar, valorizar, ganhar e vender.

 

publicado às 13:00

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50 comentários

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De HY a 23.08.2016 às 22:16

Caro DW, nota-se nos seus escritos a sua preparação numa certa área ligada à gestão e à economia empresarial, até pela gala que faz em apresentar conceitos nesses domínios (frequentemente em inglês, língua de estudo ou actividade profissional, suponho) e no rigor com que supostamente os utiliza (supostamente, porque sou ignorante na matéria para poder julgar desse rigor). Já noutros domínios me parece menos preciso. Poderia explicar o que entende pelo "objecto do totalitarismo a que assistimos no clube"?
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De Drake Wilson a 23.08.2016 às 23:23

Se substituirmos os termos que utilizou por outras palavras – "gala" por "vaidade" ou "supostamente" por "suspeitosamente" – depreendo que a minha escrita ou posicionamento lhe despertem alguma desconfiança. Estará no seu direito julgar o anonimato do meu nome, tal como o treinador Manuel José fez em relação a José Mourinho quando o qualificou de "Tarzan".

Existe um sentimento a descoberto em todos nós que nos leva por vezes a desconsiderar (por vezes mais do que questionar) quando algo/alguém diferente surge, com novos conceitos ou novas expressões. Confesso-lhe que me esforço por colocar em prática uma linguagem acessível, tal como apenas releio o que escrevo para corrigir erros ortográficos; o meu exclusivo interesse será gerar junto dos Leitores um espaço à opinião sobre os temas que escrevo, estando ao dispor dos mesmos para clarificar termos que sejam mais ou menos familiares. Acredito que tal levará à elevação do conhecimento, aptidão e introspecção de análise, nunca a algum género de presunção da minha parte – o meu contributo é demasiado pequeno perante a dimensão da devoção dos meus colegas no Camarote.

"Objecto de totalitarismo" é exactamente o inverso daquilo que represento no Camarote: sou apenas mais um para contribuir ao serviço da causa Sporting, na medida daquilo que os meus conhecimentos me permitem.
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De HY a 24.08.2016 às 11:01

Caro DW, qualquer "desconfiança" da minha apenas resultaria da minha ignorância na matéria. Confesso, isso sim, que considero não ser a via da redenção tão simples como os seus escritos por vezes parecem indicar e ter dúvidas sobre até onde nos levaria seguir as suas teses. O mundo do futebol é certamente muito distante do das empresas normais...mas creio que contributos como o seu são altamente positivos.

Já quando entra noutros domínios, movido pela sua evidente animosidade ao nosso actual presidente, creio que a paixão se sobrepõe à racionalidade, o que também é normal. Pessoalmente, reconheço muitos defeitos ao actual presidente, mas tendo a preocupar-me mais com os factos do que com as personalidades. Por isso o questionei sobre em que sentido usa o termo"totalitarismo" aplicado à vida do nosso clube. Nessa matéria, tenho a presunção de ter alguns conhecimentos...e não considero que o povo leonino esteja sob um jugo semelhante ao povo norte-coreano, como por vezes aqui se escreve. Já li muito aqui sobre manobras inqualificáveis do BdC para se eternizar no poder, mas a verdade é que, aplicando os critérios da melhor análise na matéria, quanto a factos, pouco aponta nesse sentido.

Já agora, recordando uma velha discussão: o passado empresarial do homem, que refere várias vezes para justificar o seu cepticismo sobre a sua (dele, BdC) capacidade para gerir bem o clube, é assim tão diferente do de outros dirigentes de clubes cujos resultados (provavelmente, não os métodos) são tão elogiados?

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