De João Gil a 16.05.2019 às 23:15
O que diz Rui Santos não é especialmente genial. Mas ele tem razão em um ou dois pressupostos básicos nos seus habituais comentários. E não tem de todo a ver com a fantochada da liga da verdade, ou liga Real, ou lá o que é mesmo o exercício inútil a que Rui Santos se dedica para justificar uma hipotética tabela classificativa.
Qualquer espectador de futebol que aplique o senso comum (mesmo que não perceba das leis de jogo) sabe destrinçar um jogo bem jogado de um mal jogado, um vencedor justo de um injusto, uma arbitragem manhosa de uma arbitragem escorreita e respeitadora dos que pagam bilhete ou assistem aos jogos por outra via.
A liga da pseudo verdade é uma manipulação sem sentido, como são todas as manipulações do subjectivo destinadas a condicionar a opinião pública. Rui Santos protagoniza um show televisivo, destinado a captar audiências e publicidade para a estação que lhe paga. Como os outros shows nas restantes estações. É tudo a mesma coisa, revestido de mais ou menos agressividade, consoante as estratégias de marketing de cada operador de TV. Quem não percebe isto, que é básico, não percebe que aquilo não procura moralidade de espécie alguma em torno do futebol. É apenas circo para entreter o povo.
Há uma evidência que, independentemente da estação ser mais enfeudada a este ou aquele interesse, do comentador ser mais desta ou daquela cor clubista, do jornalista ser mais ou menos rigoroso, se pode afirmar com certeza absoluta:
- a incompetência e a corrupção beneficiam sempre e sempre mais quem ganha. Nunca quem perde. Pela ordem contrária se pode afirmar a mesmíssima coisa da competência, do rigor e da isenção. Esses atributos beneficiam sempre quem ganha, porque pode nesse caso sempre inferir-se que um sistema justo, rigoroso e competente nos seus actores promove sempre os melhores. E estes, por serem melhores, ganham. A contrário, quem ganha pode ganhar por ser coincidentemente a melhor equipa, ou não.
O SLB é o mais que provável campeão, pelo que não restam dúvidas que o SLB acabará a época como a equipa mais beneficiada do campeonato. Tal como o ano passado foi o FCP.
É simples, é uma decorrência lógica.
A única questão verdadeiramente em aberto é se o sistema que temos e que regula e julga a competição e os competidores é justo, transparente, rigoroso, competente, ou o contrário. E é isso que importa, não é quem é o campeão.
Na verdade tudo se resume aos tais conceitos básicos que volta e meia Rui Santos aflora e que a competição devia proporcionar a todos os níveis: transparência e aquilo que em inglês se designa por “accountability” de todos os intervenientes e de todos os processos críticos que envolvem a competição. Sem isso, a seriedade da prova é a que cada um julga que a prova tem, vista sob o ponto de vista do clube da sua preferência.
A tabela classificativa é, portanto, a evidência que resulta da irrefutabilidade da lógica. A equipa que ganha é sempre a mais beneficiada do campeonato.