De Zargo a 08.04.2014 às 17:05
O primeiro ano de mandato de Bruno de Carvalho está aí, perante todos os sportinguistas, constituindo um direito inalienável a livre assunção da crítica sobre o grau de consecução das linhas programáticas e dos deveres e funções inerentes ao exercício da Presidência do Sporting Clube de Portugal.
Aliás, numa sociedade democrática, tal como num clube democrático, a possibilidade de opinar de forma livre e sem restrições constitui uma salvaguarda relativamente ao presente, mas também para o futuro. Unanimismos e caudilhismos não favorecem que, permanentemente, se descortinem as melhores soluções para o Sporting. O que outros aplicaram com sucesso verificou-se num contexto temporal e numa organização específicos sendo irrepetíveis em espaços com outra cultura e noutro momento histórico.
Participo de um conjunto de sportinguistas que não se revê no modelo presidencial de BdC e na forma como ele definiu os atributos que regulam e exprimem a concretização do cargo de Presidente. A forma como apareceu e iniciou o mandato de Presidente teve o condão de afastar muitos sportinguistas. Aquela história pateta dos croquetes e dos lambuças, dos falsos e verdadeiros sportinguistas, dos ressabiados e dos barões marginalizou mais gente do que alguns suporiam. Agora é tarde e não mudarão de opinião, limitando-se a exigir que BdC corresponda como Presidente ao que a sua garganta apregoa aos quatro ventos. Daí não vem mal ao mundo, em todas as circunstâncias há quem não descortine méritos em alguém mesmo quando a maioria fica extasiada perante a obra.
Penso que não é este grupo de sportinguistas que preocupa BdC. Os que não se aproximaram no início não o farão noutro momento. O que realmente o incomoda é a possibilidade de encurtar a sua base de apoio, o que ele receia que aconteça quando tremerem os resultados desportivos. Por essa razão tem em actividade uma legião de seguidores nas redes sociais, controla ferozmente o jornal Sporting e contratou um elevado número de “colaboradores” que actuam em diversos níveis e plataformas, mantendo uma constante e programada intervenção “política” de acordo com as circunstâncias.
Não sei se são poucos ou muitos os sportinguistas que observam a evolução do Clube com algum cepticismo recusando-se a grandes celebrações divinatórias do “Bruno”. E, em boa verdade, ninguém sabe porque não há dados objectivos e irrefutáveis. Para cada número que se avance sobre o público nos jogos, de associados, etc., existe sempre um valor contraditório. Todos frequentamos Alvalade e “vemos, ouvimos e lemos” sobre o que se passa. O percurso de vida de cada um estabelece diversos conceitos e valores. É próprio da natureza humana. Também por aí não vem mal ao mundo.
Agora chegados aqui, BdC é prisioneiro da sua garganta e da sua sede de protagonismo quando complexos e terríveis desafios se avizinham, no campo financeiro e desportivo e, mais importante, no modelo de Clube que pretende implantar. Como sempre, uns aplaudirão entusiasticamente, enquanto outros dirão que poderia ser melhor. Outros, ainda, permanecerão em silêncio.
Na devida altura as urnas dirão o que, de facto, “pensam” os sportinguistas!