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Este post é de Rampante

O Sporting CP apresentou esta semana (desnecessariamente fora de prazo) as contas de 2020/21 da SAD, onde consta um Resultado Líquido (RL) negativo de 33 milhões de euros.

Não há como fugir ao mau resultado económico e apesar de haver justificações válidas, há também várias questões e preocupações que este relatório levanta e que merecem alguma reflexão.

A discussão do R&C apresentado levaria a um texto sem fim, nesse sentido, irei apenas deixar alguns pontos à discussão de todos, conjuntamente com alguns detalhes.

1 – RESULTADO LÍQUIDO

Um RL negativo de 33 milhões, por si só não significa nada… Há que analisar devidamente todo um contexto e aí sim verificar o real significado.

Li algures que este valor colocaria em causa a continuidade da SAD, no entanto não há que “inventar” alarmismos. Relembro que ainda há pouco tempo (época 2015/16) o Sporting apresentou um prejuízo idêntico (31,9M), num ano em que não existiu pandemia, em que os estádios não estiveram vedados ao público, em que o mercado de jogadores funcionou normalmente e não houve eventos extraordinários… Assim, tal como após esse ano foi possível ultrapassar um mau resultado financeiro, estou em crer que este ano também o será, até porque o ponto de partida não é tão mau quanto poderia ser (eu esperava um valor negativo mais alto que colocasse inclusivamente em risco o Fair-Play financeiro da UEFA).

2 – VENDAS DE JOGADORES

Há muitos anos que o Sporting não vendia tão pouco (52,7M) e não foi por ter jogadores sem mercado, muito pelo contrário. No entanto, é notório que o mercado mundial de transferências sofreu um enorme “crash” e o Sporting optou por manter os jogadores campeões, em vez de arriscar vender em saldo. Esta foi uma decisão de gestão com a qual concordo, mas que temos de ter consciência que possui um efeito negativo nas contas anuais.

3 – RENDIMENTOS E GANHOS OPERACIONAIS

Apesar do terramoto pela perda de receitas de bilheteira (-11,5M) à qual ainda se juntou a perda pelos maus resultados nas competições europeias (-8,8M), o Sporting conseguiu compensar com vários outros rendimentos, nomeadamente os direitos de TV (+8,96M), a publicidade (+3M), isto, graças a um bom trabalho junto dos nossos parceiros, e em outros rendimentos (+4M) que a meu ver até mereciam mais detalhe, nomeadamente no que respeita à cedência da exploração do parque de estacionamento do Estádio sobre a qual não existe qualquer informação adicional.

4 – CAPITAIS PRÓPRIOS

Os Capitais Próprios que já eram negativos voltaram a aumentar, de 9,9M para os €41,4M negativos, sendo que o passivo subiu de 298,6M para os €310,6M, enquanto o activo está agora nos 269,2M, ou seja, menos €19M do que em 2019/20.

O Código das Sociedades Comerciais empola de forma significativa o quão mau é uma qualquer sociedade ter Capitais Próprios negativos, exigindo mesmo, sob determinadas circunstâncias a insolvência da sociedade, no entanto, nas SAD’s em geral e no Sporting em particular, há que ter em consideração que o valor contabilístico do plantel (activo) não reflecte o verdadeiro valor de mercado.

No nosso caso, o plantel está contabilizado com um valor total de 70M e acho que ninguém acredita que esse valor seja sequer próximo do real. O Transfermarkt por exemplo dá um valor de mercado na ordem dos 200M… mas nem era preciso tanto, bastaria que o valor do plantel fosse contabilizado na ordem dos 115M e já o Sporting teria Capitais Próprios positivos.

Num próximo texto abordarei do ponto de vista do R&C temas normalmente mais quentes, tal como os empréstimos e as comissões a agentes de jogadores. Caso o leitor tenha curiosidade em que algum outro tema seja abordado, deixe a sugestão nos comentários.

publicado às 13:15

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21 comentários

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De Rampante a 17.09.2021 às 17:52

Greenlight,

do que refere, há algo que destaco: o facto de haver quem considere que o investimento de uma época se reflete apenas no custo das contratações.
Efetivamente esta é uma "confusão" generalizada, mas bastante errada.

Falando exclusivamente do custo do plantel, temos de ter sempre em conta pelo menos 2 custos; vencimento incluindo prémios e amortização do passe.

Isto porque, em termos financeiros, quando se compra um jogador, o seu custo é diluído pelo numero de anos do contrato e é isso que conta para o R&C.

Por exemplo, na perspetiva dos custos, um jogador que custe 5M com 5 anos de contrato e que receba 1M por ano, tem tanto impacto num R&C anual quanto um jogador da formação a receber 2M por ano...
Isto obviamente de forma muito simplista.

Mas está a lançar um bom tema que pode abrir futuras discussões... nomeadamente para se perceber o quão diferente e impactante é vender um jogador da formação vs vender um jogador comprado, por exemplo...
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De Greenlight a 17.09.2021 às 20:33

Agradeço a resposta ao meu comentário, nomeadamente no que respeita à amortização dos passes dos jogadores.
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De Fúlvio Amaral a 17.09.2021 às 21:52

Boa noite colegas
Uma situação que para mim poderia ser resolvida se os passes ou direitos económicos fossem contabilizados como propriedades de investimento e mensurados ao justo valor.
Da forma que está os balanços dos clubes nunca registarão o valor real dos seus ativos.
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De Rampante a 21.09.2021 às 12:07

Caro Fúlvio Amaral,

a sugestão que levanta é "uma guerra antiga", impossível de praticar dadas as normas contabilísticas existentes... e de certa forma ainda bem que assim é, pois se fosse contabilizado o justo valor, haveria grandes variações anuais, já para não falar que seria ainda mais fácil, "maquilhar" as contas.
Penso que poderia ser criado um "hibrido contabilístico" especifico para sociedades desportivas face as suas particularidades... no entanto confesso que nunca pensei muito bem como compor esse "hibrido".

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