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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Esta publicação é a continuação do post Relatório e Contas 2020/21 - Sporting SAD (1).
Neste segundo texto abordo alguns temas que normalmente mais discussões provocam no universo leonino, sendo que muito do debate é consequência do desconhecimento e/ou da paixão com que cada pessoa os encara.
1 - DÍVIDA FINANCEIRA
A Dívida Financeira não é mais que os empréstimos que a SAD possui, sendo que estes dividem-se em Não Corrente, e Corrente. A dívida corrente (curto prazo) é aquela que a SAD necessita pagar até 30 Junho 2022, sendo que a Não Corrente (longo prazo) é aquela divida cujo pagamento ocorre em qualquer momento após essa data.
Ao olhar para o R&C verificamos que a dívida total passou de 126,6M em 2020, para os actuais 129,4M, ou seja, um aumento de pouco mais de 2,8M, o que surpreende pela positiva dado o contexto económico. Significa isto que a SAD, num ano extremamente difícil, conseguiu arranjar outros meios de financiamento. No entanto, num olhar mais atento, percebe-se alguma fragilidade nesta rubrica, face à divisão entre a dívida corrente a curto prazo e a longo prazo.
Na divida corrente verifica-se que o valor está em 90,2M, ou seja, este é o montante em empréstimos que o Sporting tem de devolver no máximo até 30 Junho. Um montante elevadíssimo que representa cerca de 70% da divida financeira total da SAD.
No entanto, deste valor apenas 42,6M necessitam solução, pois os restantes correspondem a situações que apesar de serem classificadas correntes, na realidade fazer o seu revolving (renovar) é algo muito simples e já previsto. Estes 42,6M não são mais que os 25,9M do empréstimo obrigacionista e 16,7M de um empréstimo bancário.
2 - EMPRÉSTIMO OBRIGACIONISTA (É SOLUÇÃO?)
Em 2011 o Sporting tinha um EO de 19M, sendo que o mesmo foi aumentado para 30M em 2015 e após o "falhanço" no pagamento no inicio de 2018 (antes ainda do evento Alcochete), no final do mesmo ano, foi finalmente emitido um EO de 25,9M que se vence agora.
É comum as sociedades fazerem EOs com o objectivo de liquidarem/substituírem os anteriores e o Sporting não é excepção, dai que exista a necessidade da SAD lançar um novo EO até ao final do ano. Como para lançar um EO é necessário autorização da Assembleia Geral da SAD, o anuncio (via convocatória para a A.G.) que o Sporting pretendia fazer um EO de 50M encheu páginas de jornais e inflamou opiniões como se isso fosse um dado certo.
O que parece que ninguém se lembrou, é que isto é normal, solicitar autorização para montantes superiores àqueles que figurarão no lançamento. O Sporting por exemplo, no ultimo EO, tinha solicitado autorização para 60M, sendo que fez um lançamento de 30M dos quais apenas 25,9M foram subscritos. Ou seja, pedir autorização de 50M, não significa que o Sporting, efectivamente queira e/ou consiga concretizar, dai que estranho ver nas noticias e nos comentários esse dado como sendo certo.
Pessoalmente, acredito que o SCP irá anunciar um EO de 30M com possibilidade de o aumentar até 50M durante a emissão, já que a prioridade será liquidar o EO de 25,9M que termina agora em Novembro.
Caso a procura seja muito elevada, a SAD deverá aumentar o EO para os 50M, não com o objectivo de aumentar a dívida como alguns vaticinam, mas sim com o objectivo de substituir divida, ou seja, pagar outros créditos, nomeadamente o empréstimo bancário de 16,7M que termina entretanto, muito embora ainda possa vir a ser alvo de moratoria e/ou renegociação bancária.
Resumindo, o Sporting lançará um EO para liquidar o anterior (fazer revolving). Caso o novo EO seja um sucesso, a SAD tem a possibilidade de aproveitar que existe dinheiro no mercado e fazer aumentar o EO, não para aumentar a sua divida, mas sim para pagar outras dividas já existentes.
Espero honestamente que os responsáveis do Sporting, desta vez se antecipem e se preparem bem por forma a que os 30M sejam subscritos logo nos primeiros dias, pois assim fica nas mãos da SAD aumentar o valor consoante a sua estratégia financeira.
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